Parte II

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A respiração do outro lado da linha era pesada e ressentida assim como a voz que falava.

— Você não está ligando pra dizer que vai voltar, não é? — Antonela perguntou, ela estava calma apesar da tristeza eminente que não lhe permitia relaxar.

Messi suspirou e sentiu o coração doer, ele sabia que seria difícil, mas não havia nada que pudesse fazer para melhorar a situação, aquela era a única solução. Ele não sabia o que iria acontecer entre Neymar e ele dali para frente, estava se arriscando e tinha consciência de que seria como dar um tiro no escuro, no entanto, Messi mantinha os pés firmes no chão e sabia que assim como haviam chances de estar certo sobre o sentimento mútuo, haviam chances de estar completamente equivocado, ele só não tinha planejado ainda que rumo tomaria se a segunda opção se concretizasse, embora tivesse em mente que precisaria mudar para longe de Neymar se quisesse pensar com calma sobre um futuro sem ele.

— Não posso voltar. — Messi respondeu. Se estivesse errado sobre o que Neymar e ele sentiam um pelo o outro, ou mesmo que Neymar e Messi não acontecessem, ainda assim não poderia voltar, não poderia voltar para uma família enquanto pensava em construir outra com uma pessoa diferente, não poderia se forçar a amar apaixonadamente uma pessoa quando já havia entregado seu coração para outra.

Eles conversaram por um bom tempo, discutiram sobre tudo o que precisava ser discutido, ela tentou convencê-lo a mudar de ideia enquanto ele tentava fazê-la entender que nunca foi uma ideia, haviam sentimentos envolvidos, e não era como se pudesse mudá-los de uma hora para a outra. Um sentimento se apagou quando outro se instalou dentro dele discretamente como uma pequena semente, foi se alimentando aos poucos, encontrando forças para sobreviver dentro dele quando só haviam migalhas para sustentá-lo, o sentimento se provou forte e resistente tornando-se em raízes que lhe amarraram o coração, e agora gritava vividamente em seu peito.

Depois de um tempo, Antonela parou de insistir, a ficha foi caindo aos poucos quando a razão se mostrou óbvia.

— Você e Neymar...? — Ela perguntou, era possível perceber o ciúmes e a mágoa tentando se camuflar no tom baixo de sua voz.

— Não! Não é o que está pensando. — Messi apressou-se em responder. Ele estava em um dos quartos de hóspedes, distraído, acabou entrando no primeiro quarto que viu e agora caminhava de um lado para o outro na sacada do mesmo. — Antonela, em todos esses anos que estivemos juntos, eu nunca traí você. Você acredita em mim?

Antonela riu fraquinho ao telefone, não existiam motivos para não acreditar, ela nunca teve dúvidas do seu amor, ainda assim nunca acreditou inteiramente que ele era de fato apaixonado por ela. Ela o conhecia melhor do que ele mesmo, antes de tudo eles foram amigos e confidentes, mas talvez isso fosse tudo, talvez esse amor tivesse sido apenas isso, uma amizade mal interpretada, um sentimento confundido.

— Acredito — ela respondeu. Messi suspirou com certo alívio, então ela perguntou: — Você se apaixonou por ele? — Ela não aguentava mais a dúvida, sempre houveram suspeitas em sua cabeça, mas nunca uma certeza. Ela precisava ouvir da boca dele para que pudesse seguir em frente, caso contrário, sempre haveria aquela chama de esperança dentro dela que a faria insistir e se ferir.

— Eu não... sei o que eu sinto. Quero dizer, eu, eu- — no segundo em que Messi parou de andar, ele se apoiou na sacada e sua atenção caiu para a piscina onde enxergou Neymar parado na borda, ele estava sem camisa e suava bastante, distraído ao olhar para cima enquanto sentia o sol bater em seu rosto sem medo de se queimar. O coração de Messi quis subir pela garganta, acelerado e eufórico. — Eu não entendo... eu não sei como...

— Leo, está tudo bem — disse Antonela, ela conhecia Messi o suficiente para saber quando ele estava começando a ficar ansioso, e quando Messi ficava ansioso, ele ficava irritado, e quando se irritava, ele não pensava. Decidiu acalmá-lo. — Não vamos mais discutir, você claramente ainda está descobrindo. Mas... não é como se eu não tivesse dito que isso iria acontecer. — Antonela riu baixinho, lembrando-se das vezes em que disse que Messi preferia ficar mais com Neymar do que com ela, que Neymar o roubava para si pouco a pouco. Messi levava na esportiva, ria com ela dizendo que não precisava ter ciúmes do melhor amigo, mas agora ele suspeitava que Antonela questionava seus sentimentos bem antes do que ele mesmo.

Diez días | NeyMessiOnde histórias criam vida. Descubra agora