Extra - IV

986 49 185
                                    


Sete horas. Eles ficaram dentro daquele escritório por exatamente sete horas.

Quando chegaram em casa, a cabeça dos dois latejava com uma dor forte de estresse e um grande desgaste emocional. Para a sorte do casal, eles estavam em carros separados, pois havia uma grande possibilidade de uma discussão séria pelo caminho até em casa, o que, possivelmente, colocaria suas vidas em risco. Aqueles minutos sem ouvirem a voz um do outro foram realmente necessários para as suas respectivas seguranças, mas não fez muita diferença posteriormente, pois a fúria ainda lhes rodeava, e Messi foi o primeiro a dirigir-se para a cozinha em busca de vários tipos de remédios que fossem acabar com aquela agonia dentro dele.

Neymar queria ter ido para o próprio quarto, mas sabia que não poderiam deixar aquilo para depois, porque o que lhes aguardava no depois, seria duplamente mais complicado. Ele seguiu em silêncio seu namorado até à cozinha, analisava cada movimento de Messi, e era muito visível a explosão de emoções no seu rosto vermelho. Quando o argentino foi levar o corpo de água até a boca, sua mão tremia tanto, que em segundos ele deixou o vidro cair e se despedaçar no chão.

Com um leve tremor de susto, e pela ansiedade do clima terrivelmente pesado, Neymar fechou os olhos contando até cinco, então voltou a abri-los e se aproximou alguns centímetros, mas não muito.

— Leo-

— Quieto. — Messi ficou alguns segundos encarando a bagunça no chão, ele não sabia o que fazer primeiro, seu cérebro parecia estar em pane, não conseguia decidir entre pegar um pano para secar a água ou a vassoura para juntar os pedaços de vidro.

— Eu vou pegar o aspirador. Não toca nisso, do jeito que está, pode acabar se cortando.

O argentino não lhe olhava no rosto, e Neymar não sabia o que deveria entender daquilo, mas ao mesmo tempo em que seu coração estava doendo, ele também estava tão cansado e sem a menor paciência para lidar com o homem. No entanto, ele manteve sua calma, ele caminhou até o depósito e pegou o aspirador, e Messi ainda estava em silêncio parado em um certo canto. Depois de conseguir se livrar dos pedaços de vidro, Neymar deu mais umas voltas para pegar um pano de chão e colocar sobre a água derramada, mas ele somente deixou o pano ali, ele não conseguiu secar o chão, sua cabeça também não parecia raciocinar direito, e seu corpo não queria obedecê-lo.

Ele conhecia essas sensações, sua ansiedade estava gritando, por isso ergueu-se do chão e inspirou bem fundo ao passar as mãos pelo rosto.

— Messi, nós precisamos conversar, se não quiser falar, beleza, mas você precisa, pelo menos, me deixar explicar. — Neymar assumiu um tom de voz um pouco mais severo, não foi intencional, ele também estava oscilando por muitas emoções.

— Não acha que é um pouco tarde?

— Eu não tive escolha.

Messi riu meio irônico, cruzando os braços ao encará-lo.

— Você tinha uma escolha. Se tivesse falado comigo, eu teria te ajudado a resolver isso.

— Você é meu namorado, Messi, você não trabalha pra mim. E caso você não tenha percebido ainda, eu não mando em nada nessa merda! — Neymar soou um pouco mais alto do que pretendia, logo engoliu em seco, ele odiava perder o controle assim. — Ele é meu empresário, estava fazendo o trabalho dele. Toda a equipe estava.

— Você ao menos tentou falar com eles?

— Sim! Você acha que eles me ouviram? Era só eu contra eles, ninguém deu a mínima, meu pai comanda tudo, eu já te disse.

— E quando você vai se impor? Você não é mais uma criança, Neymar, é a sua imagem! — Messi estava bufando, ele suava frio pela própria irritação. — Seu pai faz isso com você porque você deixa. Ele não vê você como um homem porque você continua agindo como um adolescente birrento perto dele.

Diez días | NeyMessiOnde histórias criam vida. Descubra agora