Diez días | NeyMessi

Parte II

Messi sentiu-se ansioso o tempo todo desde que entrou para o escritório do presidente Nasser. Realmente não era nada preocupante a sua solicitação na reunião, ele precisou assinar mais alguns papéis e foi devidamente apresentado ao técnico Mauricio, e este, por ser argentino, facilitou um pouco as coisas, conseguindo ajudar Messi a se acalmar, pois parte do seu nervosismo era por saber apenas o básico do inglês e absolutamente nada do francês. Messi sentiu-se meio cabisbaixo por uma razão boba, mas Mauricio conseguiu lhe passar uma boa confiança.

Depois de muita conversa, Messi foi levado para o vestiário onde encontrou alguns dos jogadores que seriam seus novos colegas, ele cumprimentou um por um. Apesar de ser bem recebido pela equipe, houve um clima esquisito quando ficou frente a frente com Mbappé, o craque o cumprimentou educadamente, mas seu rosto não se mostrou tão amigável de início. O clima piorou com a chegada do novo zagueiro do time no vestiário, zagueiro esse que assinou contrato no mesmo mês que ele, era ninguém menos que Sérgio Ramos, seu maior rival do passado. Era absurdo como esse homem sempre parecia um viking recém-saído do cinema e pronto para iniciar uma guerra com qualquer pessoa que o olhasse meio torto. Messi sentiu um incômodo ao lembrar das suas brigas ferozes durante os confrontos passados entre Barcelona e Real Madrid.

O semblante de Messi logo se fechou, ele buscou Neymar ao passar os olhos por toda a extensão do vestiário, mas não o encontrou, e seu coração quis acelerar dolorosamente no peito. Messi ficou nervoso, ouvia muitas palavras de um idioma que não entendia, ele sentia-se perdido, sabia que tinha chegado agora, mas era como se já não pertencesse àquele lugar. Em seguida ouviu uma voz conhecida chamar o seu nome.

— Messi! Seja bem-vindo! — O argentino virou em direção à voz e encontrou Marquinhos. Neymar falava muito sobre ele, o capitão do time, fluente em cinco idiomas. Messi e ele não eram próximos, obviamente, mas era bom ver um rosto conhecido e nada intimidador. Ao seu lado estava um jogador baixinho e loiro, seu sorriso era enorme e simpático. Messi quase o achou engraçado. — Sou Marcos, e esse é o Marco — eles riram um pouco da apresentação, então o brasileiro corrigiu: — Pode me chamar de Marquinhos, e ele de Verratti.

— Gracias — disse Messi, seu coração estava começando a se acalmar, Marquinhos era amigável e falava um espanhol perfeito. — Prazer.

Marquinhos aproximou-se um pouco mais de Messi e passou a usar um tom mais baixo para falar com ele, quase sussurrando.

— Ney me disse para vir ver como você está. Ouvi falar de seus problemas com Ramos, está tudo bem?

Messi riu meio sem graça e disfarçou, ele trocou um olhar suspeito com Ramos, que não estava muito longe, então voltou a encarar Marquinhos.

— Nossa rivalidade ficou na Espanha, desde que ele entenda isso, ficará tudo bem. Onde está Ney?

— Ele precisou atender uma chamada importante — Marquinhos respondeu. — Escuta, geralmente vamos para a academia antes de iniciar os treinos em campo, mas como é seu primeiro dia, Verratti vai te mostrar um pouco do lugar e explicar a rotina, você vai começar sozinho em outra academia por enquanto, tudo bem? Somente até pegar bem o ritmo.

Messi sabia como manter seu semblante neutro, mas sentiu uma pontinha de tristeza ao saber que precisaria fazer um treinamento isolado de início. De repente, ele começou a sentir um calor desagradável, haviam muitos jogadores no vestiário, muito barulho de conversas altas, Sérgio Ramos lhe dava encaradas que não conseguia distinguir o significado, e Mbappé não disfarçava nem um pouco sua cara de incômodo. Seria um belo primeiro dia. Messi queria sair correndo, ele só queria se esconder nos braços de Neymar.

Verratti percebeu a linguagem corporal do argentino, e como conhecia seu histórico tímido, imaginou que sua mente deveria estar em colapso no meio de tanta gente desconhecida.