De primeira, ouvi: pi... pi... pi... Então tentei abrir os olhos, mas não consegui. Ou talvez não quis.
Na segunda, ouvi: pi... pi... pi... E o barulho da minha respiração abafada e pesada. Aquilo me incomodava, mas não a ponto de tentar acordar de fato.
Na terceira, pi... pi... pi..., respiração, vozes abafadas: "Talvez ele nunca acorde", alguém disse, "Temos que encontrar outro governante. O país não pode continuar do jeito que tá!", e depois outro alguém: Ele vai acordar". Eu quis acordar, mas não foi dessa vez.
Na quarta, senti uma mão gelada na minha, que esquentou aos poucos com a quentura que a minha estava. Eu senti a textura das cobertas em mim, do sol raiando em minhas pernas, do clima aberto. Eu ouvi Jimin dizer que sentia a minha falta.
— Tá tudo um desastre sem você. — ele confessou, parecendo cansado e frustrado. — Hoseok acha que devemos buscar um novo líder com a ajuda do povo, mas não faz muito tempo que você tá desacordado, nós podemos conseguir segurar as pontas até você acordar. Eu acho. Mas pra isso... Você precisa acordar, ok?
Eu queria responder, mas parecia que não tinha controle algum sob meu corpo. Nada me obedecia. Os olhos não abriam, as mãos não se mexiam, a boca não falava.
Na quinta vez, ouvi uma reportagem da televisão. Descobri que fazia um pouco mais de duas semanas desde a guerra no palácio e a declaração da república e que todos estavam muito apreensivos com o que viria a seguir. Dessa vez, eu consegui abrir os olhos e pisquei várias e várias vezes. A televisão tinha sido esquecida ligada por alguém, já que ninguém estava no quarto, e demorou um bom tempo até que eu conseguisse tirar a máscara de oxigênio presa em meu rosto e me ajeitasse para ficar sentado na cama.
Consciente, olhei o cômodo em que eu estava. Era um quarto de hospital, é claro. As paredes de cor bege bem claro, uma televisão presa à parede, máquinas apitando ao meu lado e o soro passando pelo meu corpo através da agulha espetada em minha mão. E minha mente parecia estar processando tudo aquilo com uma lentidão gigantesca.
Desviei o olhar para a porta. Estava fechada e eu podia ouvir vozes abafadas atrás dela. Ainda estava meio grogue por ter recém acordado, então não reconheci as vozes, somente quando a porta se abriu e o cabeçudinho do meu irmão apareceu.
— Já disse que é rápido, eu ein... — Junghee ralhou com alguém do lado de fora e fechou a porta. — Onde já se viu...
— Tá reclamando de quê, pirralho?
Junghee deu um pulo de susto e arregalou seus olhos enormes quando notou que eu estava acordado. Ele ainda permaneceu bons segundos parado, meio em choque, até que abriu um sorriso e correu até estar do lado da minha cama, dizendo:
— JUUUUUUN!
— Ai, ai! — soltei um risinho, reclamando quando ele me abraçou sem cuidado algum, mas acariciei seu cabelo. — Garoto...
— Faz tempo que você acordou? — ele me encarou com os olhinhos brilhando. — Eles não tavam me deixando te ver...
— Acabei de acordar. Quanto tempo se passou? E a guerra?
— Hum... Faz umas duas semanas. Não sei te dizer muito bem, porque parece que anda uma bagunça por aqui... — Junghee fez um bico. — Mas Jimin me disse que tava tudo bem e que a guerra tinha acabado.
— E a mãe? Ela tá bem, né?
— Sim, ela também queria vir te ver, mas esse pessoal daqui não quer que a gente fique saindo muito do lugar, porque acho que é perigoso, sei lá.
Assenti e acariciei seu cabelo novamente, sentindo alívio por minha família estar bem.
— Como... — pigarreei. — Como a gente sobreviveu, Hee? Você sabe?
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A whole kingdom & the knight ໒ jjk + pjm
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] Jungkook gostaria de estrangular quem espalhou boatos sobre si. Sendo o herdeiro do trono, era óbvio que teria que tomar cuidado com as companhias e com o que fazia, mas, vez ou outra, ele se descuidava e, em uma dessas vezes, o boato do...