Prologo

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AUGUSTO MANCINI -15 anos.

-Se um dia eu pudesse ver Meu passado inteiro E fizesse parar de chover Nos primeiros erros Capital Inicial – Primeiros Erros-

Traguei o baseado enquanto observava a gostosa da Isadora entrando no mar junto com a irmã mais nova, Melinda. Ambas eram lindas, cabelos dourados, bundas pequenas, redondas e durinhas, que eu amaria estapear enquanto socava meu cacete nas bocetas meladas e apertadas.
Isadora, ao contrário da irmãzinha, não tinha compromisso com ninguém e era apaixonada por mim. Seria tão fácil ter essa garota. Tão fácil que beirava o entediante.
Eu gostava do entediante. Do fácil. Do rápido.
Mas, ao contrário do meu melhor amigo, gostava porque sabia que tudo o que era mais fácil era proporcionalmente mais controlado. Mais suave.
Diferentemente de mim, Dante não parecia nada controlado ao pensar em Melinda. Para o meu completo desespero, ele era viciado na garota.
E precisava confessar que isso estava começando a me irritar.
Dante e eu crescemos juntos. Éramos filhos de dois melhores amigos que, por sinal, eram sócios de uma empresa milionária no ramo da construção civil. Sempre fomos unidos de uma forma que seria difícil colocar em palavras. Eu tinha uma consideração por ele que chegava a ser maior do que pela minha própria família.
Dante Bittencourt era meu irmão.
Porém, com Melinda na jogada, nossa irmandade parecia bem diferente. O idiota tinha virado um rendido de merda. Não fodia mais com nenhuma empregada, não saía, não bebia... Fumar, então, era proibido. Melinda odiava. E o pior era que ele obedecia.
Nós éramos novos. Quinze anos não era idade para cair na lábia de uma mulher. Para ser sincero, achava que idade nenhuma era desculpa para cair na teia de alguma boceta qualquer.
Dante, assim como eu, sabia que não deveríamos dar poder para as pessoas daquele jeito. No nosso mundo, quem precisava dar as cartas éramos nós.
Traguei mais uma vez, sentindo o alívio gostoso que o beck me dava. Olhei novamente para bunda de Isadora, tão redonda, tão linda... Eu foderia aquela bunda sem pensar muito, só não tinha feito isso porque o idiota me pediu para não fazer. Melinda tinha medo de que eu a fizesse sofrer. Ela não estava errada, afinal.
Mas, porra, aquela bunda valeria a dor de cabeça.
— Você prometeu. — Dante disse, sentando-se ao meu lado na areia.
Devia estar uns trinta e sete graus no Guarujá, e o sol da praia fazia o calor ficar ainda mais intenso. A areia grudava nas minhas costas suadas, mas não tinha lugar no mundo que eu me sentia tão em paz quanto ali.
São Paulo era o nosso berço, mas era ali que eu sentia que realmente tinha um lar.
— Não estou fazendo nada. — Desviei meus olhos da bunda que estava tirando meu sono, dando de cara com meu melhor amigo.
Assim como Melinda, ele era loiro dos olhos azuis. O vagabundo tinha uma beleza que parecia fazer as meninas gozarem só de olhar para ele. Dante era o partido perfeito. Bonito, rico, inteligente... e bonzinho.
Tirando a parte da bondade, eu era como ele.
Bom, tirando a bondade e os cabelos loiros.
Achava que eu era a metade maldosa de Dante. Éramos como sol e lua.
Ele exalava coisas boas e calmas, já eu exalava coisas perversas e caóticas. Ele era um príncipe. Eu era um vagabundo.
— Caralho... Essa aqui é da boa — comentei, soltando a fumaça densa pelos lábios lentamente.
— Você sempre está chapado, Augusto. — O certinho me reprovou. — O que caralho está rolando com você?
— Estou vivendo, Dante. Coisa que você deveria estar fazendo também.
Já tínhamos tudo o que poderíamos querer. Dinheiro. Mulheres. Poder.
A porra do mundo já era nosso e nem tínhamos atingido a maioridade ainda.
— Eu estou vivendo, só não sou louco como você. — Deu de ombros, voltando seu olhar para a namorada. Ele sempre parecia em paz quando olhava para ela.
O idiota estava fodido e nem se dava conta. Ou, pior, se dava conta e não queria fazer nada a respeito disso.
— Você é um idiota, isso sim. Quando vai terminar esse lance com a Melinda? Já parou para pensar na quantidade de boceta que você está desperdiçando querendo comer só a dela? — Traguei novamente meu cigarro de maconha.
— Ela não é só uma boceta, Augusto — rebateu, irritado.
— Você sempre se dói quando falo dela. O que foi? Se apaixonou mesmo por essa garota? Você tem quinze anos, idiota. Quinze! Ainda nem fizemos metade das coisas que falávamos que iríamos fazer.
— Há pessoas que têm sentimentos. — Dante revirou os olhos. — Não sou frio como você. Nunca fui.
— Você é iludido. Essa menina vai te foder. Quando vir, vai estar divorciado com trinta anos e se perguntando o que porra fez da sua juventude.
Ele sabia que eu estava certo.
Contudo, pareceu ser a coisa errada a se dizer, porque senti Dante ficar rígido do meu lado. Tenso.
— Eu realmente gosto dela, Augusto. Você vai ter que aceitar essa merda. — Seu tom de voz me chamou atenção. Dante nunca ficava bravo, esse era um papel que ele sempre deixou para que eu cumprisse.
Um silêncio se estabeleceu e a única coisa que escutávamos eram as ondas que quebravam na areia e as risadinhas das meninas na beira da água. A praia onde estávamos nunca era lotada, poucos tinham acesso a ela e, para ser sincero, nossos vizinhos deviam ter mais de setenta anos e quase nunca apareciam. Nem mesmo para passar as férias.
Isso era o que eu mais gostava dali. A sensação de estar um pouco longe dos olhares de todas as pessoas e a calmaria de não ser o centro das atenções.
— Eu preciso te contar uma coisa, mas você não pode surtar. — Só pelo jeito que ele falou, eu sabia que iria ficar puto. Dante tinha esse jeito de garoto certinho, mas, às vezes, se metia em confusões. Mesmo sendo bonzinho e educado, ainda assim, carregava uma porção de testosterona no seu sistema e, vira e mexe, se fodia ao entrar em problemas. Problemas que eu sempre tinha que ralar minha bunda para consertar e, na maioria das vezes, levar a culpa.
— Que merda você fez agora? — Soltei a fumaça densa.
— Meu pai vai me matar.
Raul Bittencourt o mataria só pelo fato de vê-lo andando comigo
enquanto eu segurava a porra de um baseado. Isso nunca o assustou antes. Mas eu conhecia bem o meu melhor amigo. Ele estava assustado e,
consequentemente, me assustando também.
Que porra você fez, filhote de príncipe encantado?!
— É só jogar a culpa em mim, Dante. Você vai ficar bem.
Eles já esperavam o pior de mim mesmo. Eu nem ficava de castigo mais.
— Não dá para jogar culpa disso em você, Augusto. Eu não quero. Certo, isso era novo.
Dante nunca conseguia lidar com suas próprias merdas.
— Que porra você fez? — Por que eu sinto que você acabou de foder
com toda nossa juventude, seu imbecil do caralho?, pensei.
— Não precisa ficar puto, porra! Eu vou lidar com isso. — Suas mãos tremiam. Eu poderia oferecer meu beck, mas o certinho não aceitaria
mesmo.
Esperei que ele falasse, encarando seus olhos azuis, que já começavam
a ficar avermelhados.
— Lembra da festa na casa do Ferreira?
Como eu poderia esquecer? Fiz minha primeira suruba. Ainda me
lembrava das garotas se chupando e do meu pau sendo engolido por tanta boceta que cheguei a ficar assado.
Realmente, foi uma boa festa.
— Naquele dia, eu transei com a Melinda...
Nem deixei que ele terminasse de falar.
— Você fode com a Melinda há seis meses. O que rolou? Broxou? Se
você estiver me fazendo pirar só por causa de uma broxada, eu vou te matar!
— Cala a boca, idiota! — disse, me dando um soquinho no braço. Dante hesitou por um momento e, após suspirar, falou de uma vez: —Fodemos sem camisinha.
— Mas quantas vezes eu te falei para não fazer uma merda dessa,
Dante?!
Como um idiota desse tinha um QI acima da média?
A boceta da Melinda devia realmente ser uma delícia porque
conseguia tirar até mesmo o juízo do ser humano mais ajuizado que havia pisado nessa Terra.
— Ela tomou pílula do dia seguinte. — Seus olhos foram para as próprias mãos. — Achamos que estava tudo certo, mas, ontem, ela fez um teste.
— Porra...
— Ela está grávida. — Não consegui responder nada. Ele continuou: — Agora, entende o porquê você não pode levar a culpa por mim desta vez?
Caralho...
Tive que respirar fundo para não voar no pescoço dele.
— Você engravidou a porra da filha do juiz mais famoso de São Paulo,
Dante?! — rugi, incrédulo. — Você engravidou uma menina de quinze anos, seu idiota do caralho?!
— Não precisa gritar, porra! — contrariou, bravo.
— Você tem ideia do que acabou de fazer?!
Você fodeu com tudo! Tudo!
— Eu tenho, mas vou precisar de você. Vai ser um inferno na minha
casa.
— O pai dela vai querer acabar com você. E eu preciso dizer que vou
ter que concordar com ele. — Apaguei meu beck, guardando o resto no bolso da bermuda. — Vocês têm certeza dessa merda? Não é um falso positivo ou qualquer merda assim? E por que ela parece tão tranquila?
— Eu disse a ela que cuidaria de tudo.
Lógico que disse.
— O que vai fazer agora? Precisa falar com seus pais.
— Vamos voltar para São Paulo amanhã de manhã. E você vai comigo.
— E eu, como um bom otário, iria mesmo. — Vou ter que lidar com isso. Casar, talvez.
— Casar?! Não estamos mais no século dezenove. Assume a criança, mas espera. Você nem sabe se é com ela mesmo que quer passar o resto da sua vida.
— Você precisa parar de achar que todo casamento vai dar errado como o dos seus pais, cara. — Suspirou.
— Eu não acho que todo casamento vai dar errado, só acho que você ainda não tem certeza. Você gosta dela, vai ter um filho com ela. — Essa parte, eu ainda estava digerindo. — Mas isso não quer dizer que vai ter que ficar amarrado nela para sempre.
— Augusto, você não entendeu. — Seu olhar se fixou no meu. — Eu vou ficar amarrado nela. E eu quero ficar amarrado nela. Eu amo a Melinda.
Engoli em seco.
Suas palavras me chocaram um pouco, mas não deixei transparecer. Mantive a calma em todos os momentos possíveis. Fiquei ao lado dele
quando toda a merda explodiu. Observei de perto meu amigo foder com a vida dele.
O que eu não sabia ainda era que ele não tinha fodido apenas com a dele, mas com a minha também.

Nossas primeiras últimas vezes....Where stories live. Discover now