MARIA LUIZA BITTENCOURT.
- 22 anos depois- (V-I-P) até que eu quero amor Mas meus olhos tão no game, game, game (V-I-P) eu gasto em dólar, Money E isso é caro, bae Luiza Sonza – V.I.P -
— Nós estamos fodidas! — Ágata, minha prima e melhor amiga, disse ao meu lado, tirando seus enormes óculos escuros.
Ela estava bem-vestida, como sempre. Usava um blazer cor-de-rosa que devia valer bem mais do que o guarda-roupas inteiro da maioria dos treinees e contrastava de maneira elegante com sua pele negra.
A roupa definitivamente estava ótima. O problema estava na cara de ressaca que nem mesmo uma boa maquiagem conseguiu disfarçar.
— Sua cara está péssima. Falei para você não beber tequila ontem.
Tudo bem que eu bebi cinco caipirinhas, mas não estávamos falando de mim, e sim dessa sem juízo que conseguiu chegar de ressaca no primeiro dia de trabalho.
— Se fosse a tequila, eu até tinha defesa. O problema foi o pau do Jonas, né? Que pau gostoso do caralho...
Jonas era o rolo que Ágata tinha há anos.
O motivo desses dois nunca namorarem era o mais idiota possível: minha melhor amiga não queria abandonar a vida de solteira, então vivia pegando o Jonas e se magoando no processo.
Era uma rotina meio cansativa. Eles ficavam, se viciavam um no outro, então tínhamos o momento em que ela percebia que os dois não estavam com mais ninguém e, provavelmente, viviam uma rotina de namorados. Isso a assustava mais do que qualquer coisa. Aí, passávamos para a fase das brigas, do ciúme besta, das bocas aleatórias só para provar que não era apaixonada por ele... Até que ele se cansava e seguia em frente, chegando, finalmente, à fase das lágrimas.
Toda vez, ela dizia que seria a última vez. Nunca era. Nunca seria.
Por mais que Ágata não admitisse, ela amava Jonas. E ele a amava também. Com um pouco de maturidade, eles poderiam ser muito felizes juntos.
Enquanto um raio não caía na cabeça dela e fazia essa besta quadrada de vinte e dois anos se tornar uma adulta, eu seguia a apoiando em qualquer merda que quisesse fazer. Afinal, era disso que se tratava uma amizade. Ela fazia uma merda e, mesmo eu me irritando com isso, sempre estava de braços abertos para consolá-la. Sem julgamentos ou condições. Óbvio que eu expressava minha opinião, mas não tinha como controlar os sentimentos dela, então lá estava eu, apenas esperando para oferecer meu ombro amigo quando ela precisasse.
Ficava me perguntando se Jonas também corria para uma noite com os amigos regada de lágrimas, sorvetes e filmes com homens gostosos quando os dois terminavam. A imagem quase me fez sorrir. Não conseguia imaginar Jonas e seu grupo de amigos em uma espécie de clube de corações partidos.
Pensar nisso me levou diretamente para Fernando, o primo maravilhoso de Jonas que, para o meu completo desespero, estava namorando há cinco anos com a mesma garota. Para minha sorte, porém, ela havia terminado com ele duas semanas atrás. Não me oporia de nenhuma forma de ser seu ombro amigo e, de quebra, ganhar uns beijinhos no final da noite.
Eu precisava aproveitar o momento. Até porque, dali umas duas ou três semanas, Ágata e Jonas já eram, assim como minhas oportunidades de dar em cima de Fernando.
Falando assim, até parece que eu iria conseguir dar em cima dele, mas, enfim... A vida, às vezes, também pode ser feita de ilusões.
— Chegamos ao Brasil há menos de três semanas e você já sentou no Jonas, Ágatha?! O seu autocontrole é realmente impressionante — disse, empurrando a porta giratória que nos levaria para dentro da MB Incorporadora. Empresa que, inclusive, era onde iríamos trabalhar pelo resto de nossas vidas porque, afinal de contas, éramos duas das herdeiras do império Mancini-Bittencourt. Ágata foi adotada pelo meu tio Pablo e seu marido Caíque quando tinha oito anos. Ambos eram diretores da nossa empresa, assim como meus pais.
Ainda me lembrava da primeira vez que coloquei meus olhos na garotinha assustada e perdida na sala da casa do meu avô. Ela era pequena e desconfiada, mas, assim que meu pai disse que era minha prima, minha família... Me apaixonei.
No início, Ágata não queria ser minha amiga, precisava confessar. A garota odiava gente, mas, aos poucos, eu fui conquistando-a. Aos poucos e com biscoitos. Não conhecia ninguém que gostava tanto de comer como essa garota. Queria dizer, eu até conhecia, mas, naquela manhã, havia acordado querendo me iludir.
— O que eu posso dizer? Se você parasse de ser uma idiota e arrancasse esse cabaço logo, entenderia o porquê eu rodo, rodo, rodo e acabo quicando no pau do Jonas — justificou, dando de ombros, e apertou o botão para chamar o elevador.
Ela simplesmente achava um absurdo que uma mulher de vinte e dois anos ainda fosse virgem. Mas o que eu poderia dizer? Quando seus pais te tiveram com quinze anos, você acabava crescendo com um certo terrorismo acerca do assunto. Além do mais, minha prima sabia muito bem o porquê eu ainda não tinha perdido o cabaço.
Ágata falava de mim porque era fácil demais ser ela. Não que eu fosse feia, sabia que não era. O problema era que eu era tímida.
Tímida e meio desengonçada.
Uma combinação desastrosa quando o assunto era homens.
Era uma puta mentira que eles achavam fofas garotas como eu. A
verdade era que eu era mesmo desastrosa. Chorava em momentos inoportunos, ria de uma maneira feia e tinha o péssimo hábito de fazer comentários desconfortáveis e deixar qualquer diálogo absolutamente enfadonho.
Resumindo: era um terror no quesito social e nem mesmo minha beleza compensava esse fato.
— Seu pai vai te matar. Você não dormiu em casa e não sei se ele comprou a nossa mentira desta vez.
Era sempre assim. Ela dormia no Jonas, mas, para os pais dela, estava no aconchego da minha casa. Mais precisamente, da minha cama. Tinha até
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Nossas primeiras últimas vezes....
Fiksi PenggemarSINOPSE. Ela era tudo o que eu jamais poderia querer. Quinze anos mais nova. Minha estagiária. Filha do meu melhor amigo. Maria Luiza Bittencourt era apenas uma menina quando entrou no avião rumo a Crownford para fazer faculdade de arquitetura. Doi...