MARIA LUIZA BITTENCOURT.
Ô, linda! O que é que você faz pra ser assim tão linda? Quando se olhar no espelho, diz assim Tô linda! Não sei o que dizer pra te ganhar ainda Mas o começo pode ser assim Projota ft. AnaVitória – Linda-
Se fôssemos parar para pensar bem, toda aquela minha história não passava de uma grande humilhação com pitadas de vergonha alheia. Nada de novo quando se tratava de Maria Luiza Bittencourt, afinal. Como podia alguém nascer com tanta tendência a fazer merda como eu, ainda não sabia. Naquela etapa da minha vida, eu só estava tentando lidar com as consequências.
Meu pai decidiu de última hora fazer uma festa de aniversário para minha mãe e, de quebra, comemorarem mais um ano de casados. Já estavam indo para o décimo primeiro, e contando.
Minha casa estava abarrotada de gente, todos em volta da grande piscina — e dentro também —, vestindo suas roupas de banho e despojadas. Rindo e bebendo.
Já eu estava trancada no meu quarto, tentando parar de surtar porque aquela merda de biquíni estava pequeno demais e a única saída de banho bonita que eu tinha era meio transparente. Minha mãe dizia que eu estava linda, mas não me sentia nada bem. Era estranho.
Primeiro, não gostava de mostrar meu corpo. Minhas roupas eram sempre bem casuais e cobriam partes importantes minhas. Segundo, eu tinha pavor só de pensar sobre o que as pessoas falariam de mim.
Sim, eu sabia que minha mãe era o que diziam ser gostosa e que até minha irmãzinha de dez anos já tinha mais peitos do que eu — para ela, um terror, para mim, uma grande humilhação —, e isso mexia mais com a minha cabeça do que eu gostaria de admitir em voz alta.
E aí, tinha ele. O terceiro motivo. O homem para o qual eu olhava através da minha janela e notava que estava confortavelmente bebendo uma cerveja enquanto fumava mais um dos seus cigarros fedidos e observava tudo atentamente, ao passo que meu pai e mais uns caras da empresa conversavam.
Eu estava o observando como a grande idiota que eu era, tentando não surtar com a iminente perda de interesse dele.
Augusto observava as mulheres do local como um falcão e, pela minha experiência, ele gostava de mulheres gostosas, com muita bunda, muito peito... Muitas coisas que eu não tinha nesse corpinho viciado em Coca- cola e Tic-tac.
Ok, eu estava sendo uma idiota mesmo. Porque não deveria me importar tanto com o que um cara achava da minha aparência, mas me importava.
Esse era meu calcanhar de Aquiles. Minha mãe já tinha infernizado minha vida para que eu fizesse terapia ou algo assim, mas eu nunca quis, mesmo sabendo que era o melhor para mim. Assim como eu sabia que o melhor para mim não era beijar a boca gostosa do melhor amigo do meu pai, mas beijei mesmo assim.
Talvez, eu tivesse uma tendência à autodestruição.
Talvez, eu gostasse de coisas que não deveria.
Tipo a Coca-cola, que eu não bebia fazia trinta e quatro dias, para ser
mais exata, mas sabia que, quando colocasse meus pés lá embaixo, beberia como se não fosse nada demais.
Observei a festa mais atentamente, notando as grandes mesas em madeira que tinham vasos com flores copos de leite que minha mãe tanto gostava, e sorri. Achava fofo o modo como meu pai pensava em cada detalhe por ela.
Isso sempre me fazia questionar se eu teria alguém que pensasse em tudo por mim também. Que cuidasse de mim de verdade. Não da forma que minha família cuidava.
Nossa, eu acordei exatamente como meu pai hoje. Iludida e romântica.Tomei um susto quando alguém bateu na minha porta e logo desejei fingir que estava dormindo. Eu tinha vinte e dois anos, ainda era meio-dia e meia e ninguém iria achar estranho tal coisa, afinal.
Não era Ágata porque a sem educação jamais bateria na minha porta antes de entrar. Além disso, ela não tinha chegado à festa ainda. Na noite anterior, minha melhor amiga foi a um show com os amigos e já tinha mandado mensagem avisando que chegou às oito da manhã em casa. Achava difícil que ela fosse para a minha casa tão cedo.
Andei até a porta do meu quarto, rezando para que não fossem meus pais porque, se fossem, eu escutaria um grande discurso sobre como preciso trabalhar minha autoestima e tudo mais. E também não queria ser motivo de preocupação para eles. Especialmente em um dia tão importante como aquele.
Abri a porta, não ligando muito para o biquíni que eu estava usando, e ofeguei com susto que tomei quando vi o crápula em pessoa parado na minha frente.
Ele não estava lá embaixo há poucos minutos? Agora, além de tudo, vai ser o próprio Flash?
— O que está fazendo aqui, Augusto?!
Minhas bochechas se enrubesceram instantaneamente. Sabia que parecia bobeira minha. Eu pedi para que ele transasse comigo, então não deveria ter tanta vergonha assim do meu corpo. Mas, em minha defesa, sempre achei que transaria de luz apagada e seria apenas uma única vez.
Não teria tanta vergonha alheia assim no processo.
— Por que está escondida no seu quarto há mais de cinquenta minutos? — perguntou, arqueando as sobrancelhas grossas e escuras, que os deixava com cara de bravo.
— Hm... Eu só estou me arrumando. — Olhei para baixo. O biquíni azul cavado com um estilo mais retrô parecia bonito, mesmo com toda a vergonha que eu sentia.
— Você parece pronta, para mim. Só coloque algo por cima — Sua voz deu uma leve falhada —, e desça.
— Veio aqui só para me chamar? Papai quem pediu? — Olhei novamente para ele, engolindo sua imagem.
Ele estava diferente naquele dia. As calças sociais haviam sido substituídas por uma bermuda azul-marinho e as camisas de botão por uma
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Nossas primeiras últimas vezes....
Fiksi PenggemarSINOPSE. Ela era tudo o que eu jamais poderia querer. Quinze anos mais nova. Minha estagiária. Filha do meu melhor amigo. Maria Luiza Bittencourt era apenas uma menina quando entrou no avião rumo a Crownford para fazer faculdade de arquitetura. Doi...