24 de outubro de 1981. Casa da Rose, Sunset Boulevard. 13:45.
Eu nunca me imaginei ligando pra elas até começar a discar o número.
97865-3471.
Eu estava desesperada. Assim que saí do banheiro ontem recebi a notícia que meus serviços não seriam mais necessários no Rainbow. Fiquei muito mal sabendo que não tinha mais para onde ir. Tentei vários outros bares na Sunset e bairros vizinhos, mas ninguém me quis. Estou me sentindo um lixo enorme.Eu estou sentada no chão do meu banheiro em aflição, eu não queria, mas era isso ou nada.
- Alô? - Eu escuto do outro lado da linha. Demoro para responder. Não sei o que falar.
- Oi, é a Rose Jones. - agora é a vez dela de fazer silêncio.
- Sabia que ia ligar. - essa frase me deixou chateada. Não sabia que eu era tão previsível. - Estamos no Shopping agora. Vem para cá encontrar com a gente! - eu não queria nem sair da cama, muito menos da minha casa.
- Okay, te vejo daqui a pouco. - Desligamos os telefones.
26 de outubro de 1981, casa da Rose, Sunset Boulevard. 12:26.
Esse "daqui a pouco" não aconteceu. Estava chateada demais te ter ligado, de ter perdido o emprego e todo o resto. Só queria sumir por um pouco de tempo. Pensei que se eu bebesse um pouco eu iria acordar e ficar animada. Enfim, não aconteceu. Eu fiquei bebendo mais e mais e no fundo só estava ficando mais vazia. Só percebi que exagerei quando acordei de um sono profundo. Não sei quando tempo eu dormi. Só sei que acordei com batidas na porta.
Estava péssima, não sei como andei até lá. Só sei quando abri a porta tive uma surpresa enorme.
- Charlotte? - eu disse, com uma voz irreconhecível de sono e ressaca.
- Aí meu Deus, Rose. O que ouve com você? - ela não estava sozinha, tinha uma menina com ela. Não iria me lembrar do nome nem se eu quisesse, mas faz parte do BH.
Charlotte saiu entrando no meu apartamento sem minha permissão. Tinha muitas perguntas. A primeira é se ela tinha educação, e a outra e mais importante era como ela sabia onde eu morava.
- Isso é um chiqueiro, não pode nem ser chamado de casa. - Minha casa era arrumada. Tudo tinha seu lugar. Mas na visão das pessoas do meu colégio, ricas e lindas, uma casa pequena era um chiqueiro. - o que houve com você?
- O que vocês querem aqui? Não tem nada para vocês, vão embora por favor.
- Tem sim, você! Esqueceu? - sim, esqueci. - você está no Boulevard Hills agora. É a nossa guitarrista oficial.
- Olha, Charlotte, ontem eu não estava bem, aceitei sem pensar e... - ela pois o dedo na frente da minha boca para eu não falar mais. Me senti insultada na minha própria casa. Mas não posso fazer nada, ela é assim.
- Eu e a Alina viemos te buscar. Entra no Mustang branco do outro lado da rua enquanto eu faço suas malas. Ali, leva ela até lá.
Eu comecei a avaliar minhas opções. Ficar e morrer de fome ou overdose. Ou ir e ter onde ficar, com companhia e uma banda fracassada. Eu seria burra se eu escolhesse a primeira opção, muito orgulhosa.
O resto da história foi o que me contaram. Eu fui até a cozinha peguei um garrafa e fui até o carro. Esperei a Charlotte lá dentro enquanto a Alina falava comigo coisas que eu não lembro. A Charlotte chegou com uma bolsa de mercado com algumas roupas minhas e minha guitarra, só. Nunca mais fui naquele barraco depois desse dia. Não sei o que aconteceu com o resto das minhas coisas. Eu simplesmente larguei tudo para trás e fui.
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Senhoras e Senhores... Rose Jones.
Fanfiction12 de março de 1984. Rose Jones virou sua primeira garrafa de Jack Daniel's com 13 anos e foi a melhor sensação da vida dela. Toda a adrenalina e euforia no seu segredinho a deixou com vontade de fazer mais, a cada vez piorando um pouco. Sua única...