Capítulo 36

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Pov. Faruk

Respiro fundo algumas vezes tentando manter a calma, o local já está cercado por todos os lados, mas nem isso me deixa seguro, ainda preciso saber onde está Ruby.

Depois da chegada de mais dois carros com meus homens, caminhamos alguns quilômetros pelo deserto até chegar em um grande armazém totalmente inóspito, a areia chegava até a metade das paredes de madeira que já estavam comidas pelo tempo e se não fosse por algumas pegadas que ainda estavam marcadas na areia eu poderia jurar que estávamos no lugar errado.

Com o lenço de Ruby enrolado em minha mão, caminho devagar até uma entrada lateral e aguardo, apesar de achar que estamos em maior número não posso arriscar que algum desgraçado consiga fugir.

Assim que Chris dá o sinal eles começam a invadir o local e o som de coisas se quebrando começa a ficar alto, assim como o de tiros ecoam por todo o lado, espero de forma impaciente do lado de fora até que a porta a minha frente se abra e já estava pronto para atirar até que vejo Arat saindo devagar com as mãos para cima.

- Sayidi , hadha 'ana , la tutliq alnaari. 'akhbarni Kris 'anah sayakun huna (Sayidi, sou eu, não atire. Chris me contou que estaria aqui).

- 'Ayn hy? (Onde ela está?). 

 - Vamos, ela está por aqui.

Ele entra de novo no armazém e o sigo, a situação do lado de dentro parece ainda pior do que de fora, várias portas e paredes podres, um odor forte de mofo com alguma coisa podre toma conta do ambiente e minha vontade de matar Hakim por prender minha mulher em um lugar como esse só aumenta.

O barulho a nossa volta diminui o que indica que Chris já deve ter o controle da situação, mas não abaixo a minha guarda, com a arma ainda em punho e os ouvidos atento a qualquer barulho vou seguindo Arat pelo extenso corredor que possui apenas uma única porta no final, um grito que conheço muito bem ecoa pelo corredor e meu sangue todo gela.

Menos de um segundo depois passo correndo por Arat e vou em direção à ela, tento abrir a porta, mas está trancada, pegando um pouco de impulso dou um chute na maçaneta e ela simplesmente cede com um estrondo, olho para todos os cantos e não a encontro, vejo apenas um homem jogado no chão, a sensação de que cheguei tarde demais queima em meu peito.

Arat entra logo atrás de mim e assim que vê a cena corre em direção a uma porta que não havia visto anteriormente, checo o homem e vejo que ele tem um corte grande no pescoço, mas ainda respira, só está inconsciente.

- O que você fez? - a voz nervosa de Arat me deixa de novo em alerta.

- Ele queria se aproveitar de mim, você disse que eu devia me defender. Eu o matei?

Minha respiração acelera assim que escuto a sua voz, mal tenho tempo de raciocinar e a vejo aparecer com passos hesitantes no meu campo de visão, seu rosto demonstra o choque e o medo enquanto encara o pedaço de lixo no chão, a minha vontade é de dar um tiro na cara dele por ousar tocá-la, mas temo que isso só irá assustá-la ainda mais.

- Habibi? (Meu amor?)

Ela trava no mesmo segundo que escuta a minha voz e exita por algum tempo até ter coragem de levantar seu rosto e me ver ali ao lado do homem jogado no chão, como sempre sua expressão é transparente para mim e vejo a incerteza estampada em seus olhos, ela caminha devagar até onde estou e me analisa por um tempo, como se para ter certeza de que estou mesmo ali.

Sou surpreendido por um tapa estralado no braço machucado e sinto todo o meu corpo arder.

- Ficou doida mulher?

- Sabe por quanto tempo você me fez esperar? Sabia que você era mesmo um Milksheik de meia tigela. - por Allah, nada agrada essa mulher.

Ela me abraça forte e só tenho alguns segundos de reação até sentir o seu corpo pesar sobre os meus braços, ela simplesmente desabou, talvez pelo cansaço ou pelas emoções dos últimos dias, não sei ao certo, mas no momento minha única preocupação é tirá-la daqui.

Nas Amarras Do SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora