Capítulo 2

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Pov. Ruby

Levanto do sofá ainda contrariada e com um bico enorme no rosto, sigo pelo mesmo caminho que Gisele fez há alguns minutos. A encontro mexendo no meu guarda-roupas, minhas duas malas estavam abertas em cima da minha cama, ainda vazias.

- Sabe acho que mudei de ideia. - falo, chamando sua atenção.

- Vai me ajudar com isso sem ficar de enrolação?

- Não, acho que mudei de ideia em você ser a minha assessora e amiga.

Ela apenas me ignora e continua na sua função, logo levanta dois vestidos e põe a sua frente.

- Qual você prefere o verde ou o rosa? - ela pergunta erguendo eles na minha direção.

- Não me escutou? Eu disse que não te quero como minha assessora mais.

- Acho que o rosa é melhor, realça bastante os seus olhos e as suas curvas.

Ou de uma hora para outra eu comecei a falar turco e não me toquei ou ela está mesmo me ignorando deliberadamente.

- GISELE!

- Está estressada amiga? Para que ficar gritando? Isso é falta de sexo em.

- Você está me ignorando de propósito, sua sem vergonha.

- Sempre que você começa a falar besteira demais o melhor que eu posso fazer é te ignorar.

- Mas estou falando sério dessa vez. - falo batendo o pé no chão.

- Assim como me "demitiu" semana passada porque te forcei a comer verduras? Ou então na outra semana que me expulsou da sua casa por obrigá-la a tomar banho e arrumar a casa, o que não durou nem dez minutos para me ligar chorando e pedindo para voltar e te ajudar. Então vou apenas te ignorar e continuar a fazer suas malas.

Quando foi que minha amiga começou a ter argumentos tão bons assim? Apenas reviro os olhos para ela e sento na cama a ajudando com as roupas, o seu sorriso convencido não demora muito a aparecer.

- Ahh me lembrei de uma coisa, te trouxe um presente volto já. - ela fala com um sorriso maior do que o gato de Cheshire e sai saltitando do quarto como uma adolescente.

Nem sabia do que se tratava, mas já imaginava que não era coisa boa, sempre que Gisele me aparecia com seus presentes eu acabava me dando mal.

- Toma, abre - sinto uma sacola ser jogada no meu colo me dando um pequeno susto.

Olho a logo do pacote e já sei que vou me arrepender, a silhueta de uma mulher gordinha estampava a sacola e em vermelho se destacava o nome da loja que só poderia ser de uma loja de lingeries ou de um sex shop, qualquer que fosse a loja já estava com medo de ver o conteúdo.

Fecho os olhos e viro a sacola de uma vez em cima da cama, abro os olhos devagar e me espanto com o que vejo, conjuntos de lingeries de várias cores, tecidos e formas tomavam conta da minha cama, ainda assim o que mais me chocou foi os "acessórios" que estavam entre eles.

- Que coisas são essas sua maluca? Está me mandando para onde? E acha que vou encontrar com quem lá, Christian Grey?

- Às vezes você parece uma metralhadora de perguntas, sabia? E não exagere são só algumas coisinhas para você se divertir, vai que você acha um árabe bem gostoso por lá que possa tirar essas teias de aranha que existem ai embaixo.

Jogo um travesseiro nela que acerta em cheio no seu rosto, minha risada sai alta quando vejo sua cara de indignada, ela joga o travesseiro de volta e começa a rir também feito uma hiena maluca.

Já recuperada dessa mini crise de risadas a vejo colocar todos os apetrechos em uma bolsa de pano e colocar por entre as minhas roupas na mala, só espero que isso passe no aeroporto e que minha mala não precise ser revistada, mataria Gisele se tivesse que explicar para algum guarda sobre essas coisas.

- Quanto tempo eu vou ficar por lá? - pergunto, quando vejo ela abrir meu guarda-roupa e pegar minha mala de mão.

- Serão por apenas três semanas e depois da sua primeira semana lá iremos nos encontrar, mas quero que aproveite ao máximo tudo que aquele país pode te oferecer e que escreva sempre que a inspiração vier.

Aquilo estava mais para uma ordem do que para um conselho e eu não seria doida de dizer não para ela.

- Sim senhora! - exclamo, levantando e batendo continência para ela. - Agora se me der licença irei beber água.

Ela apenas balança a mão como se não tivesse importância e me dispensasse, pego o travesseiro outra vez e jogo nela, a pegando de surpresa e fazendo ela cair de bunda no chão, saio correndo do quarto para não lhe dar a chance de me dar outra travesseirada.

Vou até a cozinha e encho um copo bem grande com água gelada e bebo quase tudo em apenas um gole, uma mania antiga que minha mãe particularmente odiava, dizia que água muito gelada congelava a gordura e era isso que me impedia de emagrecer. Bem da verdade tudo o que eu fazia a irritava, tudo era motivo para briga e o meu peso era o seu maior pesadelo.

Como uma modelo de fama mundial podia ter tido uma filha tão fora dos padrões? Essa era a pergunta que eu via em todas as revistas de moda e estampado no rosto da minha mãe, o desgosto. Nunca suportou que sua única filha estivesse acima do peso, sempre me fazendo lembrar que eu não me encaixava me obrigando a encarar dietas malucas, acampamentos para perder peso. Tudo que ela podia fazer, ela fez.

E tudo piorou quando eu tinha quatorze anos, meu pai, a única pessoa que me entendia e me defendia, que levava cupcakes escondidos no meu quarto quando ela me deixava sem jantar, meu porto seguro morreu em um acidente de carro, me deixando sozinha a mercê da crueldade daquela que deveria me defender.

Por isso aos dezesseis anos fiz questão de pedir a minha emancipação, o que ela me deu sem nenhum esforço, acho que queria se livrar daquela que considerava ser seu estorvo. Conheci Gisele em um dos acampamentos que fui obrigada a fazer, seus pais eram iguais ou até piores que minha mãe, nos tornamos amigas quase que instantaneamente, sempre mantivemos contato mesmo com a distância e quando contei de minha emancipação seu apoio foi incondicional.

Fomos morar juntas logo após isso, ela começando a faculdade e eu terminando a escola, o dinheiro que meu pai me deixou foi mais do que suficiente para terminar de pagar os meus estudos e custear meus dois primeiros livros, o que me abriu portas para várias editoras. Moramos juntas por cinco anos, com ela administrando minha carreira desde o começo. Gisele é o meu porto seguro, minha irmã e sei que só quer o meu melhor, sempre. Por isso teria que ir nessa viagem com um lindo sorriso no rosto só para não magoá-la.

Abro o meu freezer e vejo os vários potes de sorvete que tomam conta dele, a internet tem mesmo suas utilidades, escolho um de menta com pedaços de chocolate e pego uma colher limpa em cima da pia. Entre uma colherada e outra caminho de volta para o meu quarto, ao passar pela sala vejo o envelope e os inúmeros papéis que Gisele me deu mais cedo.

Pego eles e vou vendo com mais calma enquanto caminho para o meu quarto, passo pelos papéis de hospedagem já que não entendia muito dessas coisas, vejo a passagem e olhos os detalhes do voo, quase derrubo o sorvete da minha mão quando vejo a data marcada na passagem. Acelero os passos e bato a mão na porta fazendo Gisele se assustar e bater a cabeça no guarda-roupa.

- Au! O que foi isso, sua doida?

- Como assim o meu vôo já é essa noite? - pergunto mostrando para ela a passagem em minha mão.

- Surpresa! - ela fala com um sorriso no rosto, eu vou matar essa mulher, hoje ainda.



Oie pessoinhas

Ainda não tenho dia certo pra postar, mas pelo menos um cap por semana vcs vão ter 🙈💖
Vou começar a escrever o próximo agora, querem na visão de quem, Ruby ou do nosso Sheik Ahmad?? Vou deixar vcs escolherem rs

Nas Amarras Do SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora