Capítulo 26

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Lizzy acordou pela manhã, muito cedo, sem mesmo ser acordada por alguma criada. Desde que estava naquele século, era comum que ela levantasse cedo. Ela não conseguia compreender o motivo para isso, mas devia ser por causa da mudança de rotina. Antes de fazer a viagem no tempo, ela tinha sérios problemas em dormir cedo e levantar no horário para sair para trabalhar. Afinal de contas, ela tinha uma rotina pesada de trabalho, além de tecnologias a sua disposição, como a TV para assistir filmes, um notebook do lado da cama para escrever e um celular para acessar as redes sociais. Então, isso a distraia demasiadamente. Contudo, sua rotina havia se alterado drasticamente. Sem nada para fazer depois das seis horas da tarde, ela não tinha opção a não ser dormir cedo. Poderia ler, mas com o uso da vela, mesmo que o comodo fosse iluminado, deixava sua vista cansada. O jeito era dormir e esperar o dia seguinte. E acordou disposta e feliz.

Se lembrava da carta de Jane e o quanto ela demonstrou estar contente de que iria se casar com o homem da sua vida. Lizzy queria responder a ela o quanto antes. Primeiro, Lizzy vestiu sua roupa, não conseguindo colocar o espartilho. Teria que esperar a criada para fazer isso, mas ao menos estava vestida decentemente. Depois, pegou na sua valise as cartas que recebeu, de Jane Austen e Jane Bennet. Iria responder as duas. A primeira carta, para a Srta. Bennet, ela demonstrou seu entusiasmo pelo casamento e que com certeza estaria lá em breve. Iria dentro de duas semanas, informando que o motivo para não ir antes era por estar hospedada na casa dos Darcy, em Pemberley. Pensou em convidar Jane para vir no baile da semana seguinte, mas hesitou, com a ponta da pinta tocando em seu queixo. Olhou para a janela, que estava com as cortinas abertas e via o céu cinzento do lado de fora, mas sem previsão de chuva. Sabia que deveria conversar com Darcy primeiro, sobre o convite. Então, deu continuidade a carta. Iria finaliza-la com a pergunta, caso ele deixasse que ela convidasse Jane para o baile.

Enquanto escrevia sua carta a Srta. Austen, Lizzy percebeu uma movimentação do lado de fora, pela sua visão periférica. Ela levantou os olhos e pode ver O coronel Fitzwilliam e Darcy passarem pelo gramado. O quarto dela era no segundo andar, mas era possível vê-la do lado de fora, devido as cortinas abertas. O coronel, percebendo Lizzy sentada em frente a escrivaninha acenou para ela. Lizzy fez o mesmo, com um sorriso colorindo seu rosto. Gostava dele. Então, Darcy, que estava de costas, se virou para trás e apenas fixou o olhar. Ela não sabia se ele estava a vendo, pela distância. Mas, ele deu aceno com a cabeça, tocando sua cartola com a mão direita. Lizzy acenou para ela, entusiasmada. Os dois cavalheiros se afastaram da janela e continuaram sua caminhada e Lizzy voltou a sua carta. Estava um pouco distraída pela visão de Darcy pela manhã. Estava eufórica para falar com ele, então, interrompeu a escrita. Queria ir atrás dele.

Levantou-se da cadeira de um átimo e foi até a porta, apressada. Iria puxar a maçaneta, quando a porta se abriu, revelendo a criada que estava ajudando-a a se vestir todos os dias. Era a Srta. Hannah Thompson.

- Ah - a criada deu um gritinho, surpreso e sorriu, sem graça ao ver Lizzy - Me perdoe, Srta. Bennet. A senhorita levantou cedo - ela observou.

- Sim, de fato estava cansada de permanecer na cama, Hannah - Lizzy confessou - Você me ajudaria a colocar o espartilho? De forma que fosse rápida? Preciso sair em breve.

- Sim, senhorita.

A criada ajudou Lizzy a se vestir melhor e arrumar os cabelos dela em um coque elegante. Lizzy estava nervosa, pensando que não iria alcançar Darcy a tempo. Mas, poderia com certeza conversar com ele depois. Contudo, em sua afobação, apenas saiu correndo disparado, para encontrar Darcy. Ela desceu as escadarias de marmore, quase derrapando no chão quadriculado, preto e branco, no saguão e passou pelas portas duplas da mansão, sem ver o olhar aturdido do mordomo, que abriu as portas assim que percebeu que Lizzy desceu como uma bala que foi disparada.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora