Capítulo 34

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Ele olhou para o pequeno objeto em sua mão. Um simples pedaço de metal, com pedras cravejadas. Safira, em tom azul, a cor preferida dela. Seu coração doeu profundamente ao ver aquele anel de noivado. O anel que dera a ela, o qual ela não usava no dia em que simplesmente sumiu no ar, como uma fada. Se ele tivesse contado a todos, ninguém iria dar crédito a ele. Como poderiam? Nem ele conseguia compreender o que de fato aconteceu com Elizabeth.

Suspirou, cansado. Os pertences dela estavam com ele, como se fossem algo muito precioso para se descartar. Pode ver o estranho casaco, que não tinha botões e que fechava com uma espécie de metal, com dentes. O que era muito peculiar. Nunca viu um casaco como aquele. E a calça de tecido mole era o que o deixava mais curioso e um pouco ruborizado. Nunca imaginou que veria uma mulher usando calças. E eram semelhantes as suas, mas não do mesmo tecido. Quando viu pela primeira vez Elizabeth, com aquelas calças, ele teve pensamentos impuros. O que gerou remorso em si, afinal, ele nunca, jamais iria pensar em uma dama de forma tão imprópria. Era um cavalheiro e lutava para ser um. Mas, perto dela, percebia que teria de ter um controle muito maior sobre si mesmo. E pensar nisso o fez sorrir. Ela era a única pessoa no mundo que o tirava do sério e o fazia sorrir de verdade. Perceber isso lhe deu um mal-estar e a garganta se fechou. Ele controlou as lágrimas. Era hora seguir em frente. Mas, como faria isso sem ela?

- Darcy, está na hora - Srta. Caroline abriu a porta sem bater, o que o irritou profundamente. Ela não deveria entrar assim em seu quarto.

- Já estou indo - ele disse.

Ela sorriu, de forma calorosa, como vinha fazendo há muito tempo. Contudo, Darcy não deu atenção a isso. Continuou rolando o anel de Elizabeth na mão e guardou no bolso. Pensou que ela ficaria feliz pelo desfecho que viria a seguir. E que ela de fato, teria gostado muito do casamento que aconteceria dali alguns dias. Mas, se pudesse fazer algo a respeito do desaparecimento de Elizabeth, ele teria escolhido ir com ela, para onde ela tivesse ido.

*

Lizzy olhou atentamente para a tela do computador. Seus olhos estavam pesados. Faltava tão pouco. Ela precisava apenas terminar o epílogo, então, entregar o manuscrito a Michael. O mais engraçado era que ele continuava a flertar com ela, o que lhe causava aborrecimento, mas sempre que o via, percebia as semelhanças entre ele e Darcy, o que a deixava confusa. Era normal sentir atração por uma pessoa que não se gostava, apenas por que ele era parecido com o homem que ela amava? Ela se sentia mal por isso. Nunca perguntou isso a Jane ou Meredith. Parecia estar traindo Darcy daquela maneira, apenas admirando a beleza de Michael. Mas, como poderia se culpar, se ele era tão parecido com seu tataravô, ou algo assim?

Ela finalmente terminou o epílogo, então, revisou e enviou para Michael. A partir dali, ela não saberia o que aconteceria, apenas sabia que o livro seria publicado. Os frutos não seriam colhidos por ela. E isso não importava. Ela pediu especificamente que todos os lucros fossem depositados em uma poupança para Jane. Já havia se despedido da irmã, da amiga e de Josh. Agora era partir para sua jornada.

Ela colocou seu vestido, o mesmo que ela estava trajando quando voltou no tempo. A sua maior dificuldade era colocar o espartilho. Desistiu logo em seguida, devido ao nervosismo que sentia para encontrar Darcy. Olhou-se no espelho, vendo como o vestido descia de forma fluida, cobrindo os seus pés e arrastando pelo chão. O tom amarelado lhe caia muito bem. Ela pegou um casaco jeans dentro do armário e colocou-o por cima. Sempre que fazia essa rotina, ela tinha Boris consigo, pulando de um lado a outro. Mas, infelizmente, ele não estaria ali para testemunhar sua partida, o que apertava seu coração. Ela queria leva-lo, mas Alexander fora específico em explicar que Boris não era do século XVIII e ele precisaria ficar. Então, ela o deixou com Meredith. Era o melhor a se fazer.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora