Capítulo 30

226 21 4
                                    

Há certas coisas na vida que não podem ser evitadas. A morte de um parente amado, a própria morte e uma inevitável briga. Não quando as duas partes são tão irracionais.

Quando Lizzy entrou na biblioteca, ela não imaginava que iria encontra-la ocupada já, por nada mais, nada menos que sua futura cunhada e o coronel Fiztwilliam. Era algo que ela imaginou ser improvável afinal Georgiana demonstrou ter decidido desistir dele. E Richard não demonstrou qualquer interesse nela. Mas, pelo visto, Lizzy estava enganada. Realmente, ela não sabia julgar os outros e não sabia o que as pessoas guardavam em seu intimo. Estava feliz pela situação dos dois, contudo, como era algo impróprio se encontrar as escondidas no século XVIII, Richard e Georgiana iriam sofrer pelas consequências do seu ato impensado.

Darcy ao trovejar ao entrar na biblioteca iluminada por apenas um candelabro, sobre um aparador, avançou sobre o primo, que já estava de pé. Georgiana estava afastada dele, se abraçando, como se tivesse cometido um erro vergonhoso e digno de um castigo severo. Seu olhar rondava do irmão, para seu primo e para Lizzy, que não sabia se a amparava ou afastava Darcy de Richard.

Foi inevitável parar o golpe que Darcy desferiu no maxilar do primo. E foi inevitável que Richard caísse sobre a poltrona, que estava sentado há alguns instantes, antes de ser flagrado aos beijos com Georgiana.

- Seu bastardo! - Darcy vociferou - Como se atreve a encostar na minha irmã? Não percebe que tem o dobro da idade dela? E ainda a envergonha dessa maneira?

Ele mirou um olhar irado de Richard para Georgiana. Seu maxilar estava trincado e Lizzy nunca o viu tão violento quanto naquele momento. Talvez, apenas com Alexander. Ela deu graças por ele não estar ali.

- Darcy, por favor, vamos tentar resolver essa situação sem uma briga - Lizzy tentou intervir.

- Elizabeth, eu não pedi sua opinião! - Darcy se virou para ela, com um semblante furioso.

Ela gostaria de ser uma pessoa racional naquele momento e não levar pelo lado pessoal a forma como ele a tratou, com tanta rispidez. Mas, era impossível. Seu ego ficou inflamado pela forma como foi tratada ela queria uma reparação pela forma como foi tratada. Contudo, Darcy deu as costas para ela, voltando-se para seu primo.

Lizzy resolveu engolir seu orgulho, por enquanto e fechar a porta da biblioteca, antes que alguém aparecesse. Fechou as portas duplas e se aproximou novamente do seu noivo e de Richard, que encolhia os ombros, ouvindo o sermão de Darcy. Lizzy não queria estar na pele dele.

Ela se aproximou de Georgiana que tremia da cabeça aos pés e a puxou para si. A jovem dama se aproximou de Lizzy, sem o menor intento de fugir. Lizzy a guiou para ficar atrás de algumas estantes, mas era impossível não ouvir a voz severa de Darcy. Ele falava, mas não permitia Richard contestar ou se defender.

- Eu não posso acreditar que deixei você cuidar da minha irmã. Há quanto tempo isso vem acontecendo, Richard?

- Eu juro que isso nunca tinha acontecido. Eu...

- Não, eu não desejo ouvir suas desculpas - Darcy interrompeu, de forma abrupta - Eu sinceramente não acreditaria em nenhuma palavra que viesse de você. Afinal, sabe que uma dama não deve estar em uma biblioteca, com um cavalheiro, correndo risco de serem descobertos e terem a reputação manchada!

- Darcy...eu...

- Não, eu não quero ouvi-lo. Sua voz inflama ainda mais minha ira - Darcy o cortou, de forma grosseira - Eu temo de que terei de desafia-lo para um duelo. Não vou permitir essa falta de vergonha sobre meu teto.

- Não! - Georgiana gritou. Estava abraçada a Lizzy, mas se desvencilhou dos braços dela e saiu de trás da estante. Lizzy a acompanhou, procurando o olhar do noivo, mas ele evitava olha-la. Seu olhar era dirigido a Georgiana e qualquer um que tivesse bom senso, iria baixar a cabeça diante do olhar frio e imponente dele. Mas, esse não era o caso de Lizzy e Georgiana parecia ter recuperado sua coragem. Richard, no entando, apenas balançava a cabeça, comprimindo os lábios e tinha um semblante derrotado. Estava quase encolhido sobre a poltrona, cerrando os punhos sobre os joelhos - Você não pode fazer tal coisa! Não atire esse desafio ao seu próprio primo!

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora