Capítulo 28

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Um baile demandava muita atenção do responsável pela organização de um grande evento como aquele. Principalmente, contratar os músicos, comprar o arranjo certo de flores para enfeitar o salão, a escolha da mobília que estaria no local, ou se não havia nada, apenas um espaço aberto para dançar, e a questão do buffet. Deveria se servir apenas quitutes ou um jantar? Georgiana optou por servir quitutes na festa, pela quantidade de convidados que viriam. Pelo menos, duzentas pessoas estavam confirmadas. A propriedade era extensa, mas ela não poderia comportar aquelas pessoas em uma sala de jantar. Poderia talvez, colocar mesas ao redor do salão e deixar que os convidados se acomodassem e fossem servidos, mas não havia tempo para isso.

- O que devo fazer? - Ela murmurou, passando a ponta da pena nos lábios, olhando para o salão a sua frente e vendo sua lista de afazeres.

Dali mais ou menos uma semana e meia, o baile iria acontecer. Era um grande evento que precisava acontecer de forma perfeita. Ou sua família seria motivo de risos. Ela não queria que Darcy ficasse decepcionado com ela por causa disso, também.

- Suspirando, Georgie? - Ela se sobressaltou ao ouvir a voz aveludada do primo.

- Richard - ela se virou, com um sorriso. Ele a fitou de forma diferente. Na verdade, fazia dias que ela notava isso. Uma mudança nele. Ela estava esperançosa. Seria possível que...?

- O que se passa na sua mente, querida prima? - Ele perguntou, interrompendo o fluxo dos seus pensamentos.

- Apenas estava pensando no que devo fazer para o baile - ela respondeu, suspirando. Afinal, estava sendo uma tarefa difícil.

O salão já estava com algumas mesas ao fundo, para um possível buffet. Nada muito elaborado. Apenas quitutes e canapês. Circulando no salão, ela pensou em servir champanhe, da melhor safra que tinha na adega da casa. Darcy era apreciador de bons vinhos e champanhes, então ela poderia confiar no gosto dele.

- Não fique tão ansiosa, Georgie – Richard o aconselhou, com um sorriso ameno - Você vai se sair bem, eu tenho certeza.

E por um momento, os olhos dele reluziram. Havia dor contida em seu olhar, ou era impressão dela?

- Primo, está tudo bem? - Ela perguntou, preocupada. Eles poderiam não se ver muito, mas se comunicavam por cartas e eram muito íntimos. Melhores amigos, se assim poderia se dizer. E ela conhecia bem Richard, quase como a si mesma. Ele era a pessoa mais importante da sua vida, depois de Darcy.

- Eu...estou - ele deixou o ar escapar, desviando o olhar - Eu apenas...

Ele se calou, como se reconsiderasse o que falar. E Georgiana se viu ansiosa para saber o que se passava na mente dele. O que ele não estava compartilhado?

- Eu vou dar uma volta, Georgie - ele disse, com um sorriso amarelo e um olhar inquieto. Ela percebeu o quanto ele estava bonito com sua casaca de red coat. Ele costumava usa-la, mesmo fora de serviço. E isso a fazia olha-lo com outros olhos. Aumentava seu interesse por ele e despertava pensamentos que uma boa dama não deveria possuir. Mas ela não conseguia se conter. Quem poderia culpa-la, afinal? Era jovem, sonhadora e romântica.

- Posso ir junto? - Ela se adiantou, querendo estar perto de Richard. Fazia dias que desejava um tempo a sós com ele. Mas, longe de olhos vistos.

- Não acredito que seja uma boa ideia - ele respondeu, com a voz tensa - Eu preciso ficar sozinho agora.

- Mas, por que? Você sempre me convidava para sair, quando vinha a Pemberley. Andávamos a cavalo, quase todos os dias. E agora...agora você está distante, como se não desejasse minha presença.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora