Capítulo 17

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Uma semana se passou depois que Lizzy tentou ajudar Bingley e Jane. Ela recebeu visitas de Georgiana, e uma de Darcy, que veio conversar com ela rapidamente, apenas perguntando se ela estava bem. Lizzy começava a acreditar que ficaria presa no século XVIII para todo sempre e isso a assustava, mas ao mesmo tempo, precisar se despedir dos Gardiner, das crianças e dos Darcy não pareciam que seria algo fácil. Criou um laço com eles. Um vínculo que nunca seria esquecido, se ela conseguisse voltar para casa.

Ela ainda se perguntava onde estava Alexander e se ele estava bem. Perguntava-se sobre sua irmã e seus amigos. Será que eles ainda estavam a procurando? Será que Jane, sua irmã, estava triste e desconsolada? Ela esperava que não. Mas, às vezes a angustia por estar longe de casa a fazia escrever. Ela tinha conseguido papel e tinteiro com o senhor Gardiner e passou a escrever, para aliviar a saudades. E estava fazendo isso, em uma tarde de domingo. Sua folga merecida. Ela estava de baixo da copa de uma árvore, em um dia claro de verão, agradável, com um toque cálido de uma brisa que tocava seu rosto e seus cabelos soltos. Ali, naquele quintal, estava protegida do mundo e apenas mergulhada em suas próprias palavras.

Ouviu as risadas das crianças, que jogavam críquete. Jonathan, Mary, e mais duas crianças da vizinhança se divertiam com o taco e a bola, às vezes, acertando muito longe dos aros fixados no chão. Às vezes, Lizzy precisava separar os irmãos, que começavam a brigar, devido à competitividade do jogo. E mesmo sendo a folga dela, ela não conseguia ficar parada e não fazer nada. Era quase como se fosse da família.

Depois de conseguir acalmar as crianças, ela finalmente sentou encostada no tronco da árvore. Fechou os olhos, ainda ouvindo as crianças, atenta aos barulhos, do taco batendo contra bola, os gritos de comemoração, até que escutou passos próximos a ela.

— Senhorita Elizabeth – era a voz aveludada de um homem. Era envolvente. Como ele pronunciara seu nome fez o seu corpo inteiro se arrepiar.

Ela abriu os olhos, vendo Darcy, diante dela. Com um casaco azul marinho, colete branco, um lenço amarrado pelo pescoço, calça bege e botas de montaria negra. Ele estava perfeitamente vestido. E muito bonito.

— Senhor Darcy – ela disse, sorrindo – Que bom ver o senhor. Eu não imaginava que viria hoje. Se soubesse, teria lhe recebido na sala.

Ele sorriu. E seu sorriso a deixou sem folego. Por que aquele homem tinha que ser tão bonito? Por todos os santos.

— Não era necessário. Eu não queria incomoda-la em sua tarde de folga. Apenas entrei e a senhora Gardiner me disse que a senhorita estava aqui. E parece muito bem sob sua sombra – Ele olhou para árvore alta, com os braços cruzados atrás das costas – Está muito calor hoje, não está?

— Sim, muito – ela concordou, escondendo um pouco os pés por baixo do vestido, afinal, estava descalça. Não queria que ele visse seus pés – Eu daria tudo para tomar um sorvete – ela disse, em suspiro, fechando os olhos, lembrando-se de como era fácil conseguir um. Infelizmente, ela teria que ir mais perto de Mayfair para conseguir. E a casa dos Gardiner era afastada daquele bairro. Estavam em um bairro de classe média que não tinha comércio tão próximo.

— Eu poderia leva-la, senhorita – ele se dispôs.

— Ora, não precisa fazer isso – Lizzy recusou – O senhor não precisa se incomodar comigo.

— Eu insisto – ele disse afável – Afinal, vim fazer uma visita de cortesia, pela nossa amizade. E também lhe convidar para o teatro. Será na semana que vem. Georgiana insistiu que deveríamos convida-la pessoalmente. Mas, o que é interessante, ela não veio comigo. Alegou estar com dor de cabeça.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora