Capítulo 28

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Esta é uma obra de ficção, feita por fã e sem qualquer relação com a realidade.

— Como eu vou saber se você não colocou um chip ou um aplicativo aqui para me vigiar? — perguntou mais para si mesma enquanto olhava para o aparelho recém-entregue.

Camila sorriu enquanto revirava os olhos, mas, no fundo, queria gargalhar. Como esse pessoal da direita é maluco com essas teorias conspiratórias!

— Olha, eu não sei nem ligar um computador sem a ajuda da minha filha, então você pode ficar despreocupada — garantiu. — Mas, por precaução, a senhora senadora pode levar o aparelho em um técnico.

— Pode me chamar só de Soraya.

— Claro. Soraya, então.

Era impossível não reparar em Camila, percebeu Soraya ao olhar atentamente para ela. E foi pensando nesse impossível que julgou que talvez a conhecesse, ou que ao menos já tivessem se visto antes.

Camila era uma mulher bonita, a senadora constatou o óbvio. Pareciam ter a mesma idade, era alta, morena, com um corte chanel, e um sorriso que formava covinhas.

Soraya sorriu discretamente, achando curioso notar a beleza de outra mulher que não Simone. Isso jamais acontecera antes, ao menos não se lembrava.

Balançou a cabeça brevemente para os lados, como se assim espantasse a percepção de que outras mulheres além de Tebet poderiam ser atraentes.

— E, sim — prosseguiu. —, não tenha dúvidas de que vou levar o celular para análise. Mas, vem cá, a gente se conhece de algum lugar? Você não me é estranha.

— Você pode ter me visto no Senado mesmo — disse dando de ombros; era óbvio que uma pessoa como Soraya não reparava em outra coisa senão no próprio umbigo. — Eu trabalho no gabinete do senador Serra.

Foi uma coincidência inesperada para Thronicke, que não deixou de julgar inusitada a presença da mulher no Mato Grosso do Sul.

— E o que te traz a Campo Grande? — questionou de maneira branda, disfarçando a própria bisbilhotice.

— Estou sempre por aqui por conta da minha filha, que mora com a minha ex.

Sua ex? — Camila podia ver as engrenagens da cabeça de Soraya soltando fumaça. — Então, Você é...

— Lésbica — concluiu, por temer que a direitista fosse falar alguma atrocidade. — Sim, sou.

Soraya ficou desconcertada, mas não por conta da sexualidade de Camila, e sim por tê-la achado bonita e segundos depois aquela informação ter sido jogada em seu colo. E agora, olhando-a um pouco mais atentamente, notava como ela tinha todos os trejeitos.

— Bom, não confio em tucano — desconversou. —, então agora mais do que nunca vou precisar pedir que analisem meu celular.

Camila achou graça em como Soraya saiu pela tangente, mas antes mesmo que pudesse dizer algo, foram interrompidas por alguém que colocava dois copos de suco sobre a mesa.

No automático, Soraya olhou para cima, afinal não haviam pedido nada ainda, dando de cara com Ana sorridente.

A senadora não a notou quando chegou ao estabelecimento, mas, pelo visto, vinha sendo observada há tempos.

— Cortesia da casa. — Sorria para ambas, mas, concentrando-se na matogrossense, pediu: — Poderia me acompanhar por um instante?

Sem jeito com a intromissão, a senadora pediu licença para Camila e seguiu Ana até o escritório, que ficava no segundo andar, logo após o mezzanino.

Pela Nossa Nação - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora