Capítulo 25

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Eu desconfio que minha irmã esteja lendo esta fanfic. Gigi, por favor, pare!

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Esta é uma obra de ficção, feita por fã e sem qualquer relação com a realidade.

— Alguém descobriu — Simone concluiu afoita e precipitadamente, buscando se Soraya, que deu dois passos para trás. — Estão te chantageando? É o Paulo?

— Não, ninguém está me chantageando e ninguém descobriu.

— Então?

— Desejar ter tudo tem lá suas consequências. Eu deveria saber que querer a carreira política, o casamento e você, tudo ao mesmo tempo, nunca daria certo. Não à toa eu perdi tudo, inclusive você, que talvez eu nunca tenha tido.

Soraya, diferente do seu modo habitual, falava pausada e articuladamente, sem nunca sair do tom, como se tivesse repassado várias vezes aquele texto.

Simone, diante daquela letargia fabricada, sentia como se Soraya estivesse sob o efeito colateral de algum remédio.

— Eu estou aqui! — disse, segurando Soraya pelos ombros e querendo chacoalhá-la para trazê-la de volta à realidade. — Sempre estive com você.

Soraya se soltou das mãos para as quais sempre recorria. Abraçando o próprio corpo, determinou de modo mais claro:

— Você não pode querer controlar tudo, Simone.

Numa reação já esperada por Soraya, Simone avançou em sua direção, invadindo completamente seu espaço pessoal, e exigiu, ainda que de modo brando, que ela esclarecesse aquela situação por completo.

— Não aceito isso. Você não pode decidir isso sozinha. Aliás, você vai me explicar o porquê dessa decisão tão repentina e sem diálogo? Unilateral, inclusive, como o Paulo fez com você.

Não era repentina. Havia pensado a respeito durante todos os dias após a partida do marido. Esperava que com o passar das horas, dos dias, das semanas, seu ressentimento sumisse num passe de mágica ou ao menos se atenuasse, mas o que ocorreu foi justamente o contrário.

Como um dependente em abstinência, sentia desesperadamente a falta de Simone, mas sentia também que algo muito precioso havia sido quebrado naquela duradoura relação: a confiança, e Soraya temia que esta não se reestruturasse.

Afundando-se no trabalho para não rememorar a desilusão sofrida, cada segundo de ócio, para sua angústia, a levava imediatamente ao dia em que descobrira que Simone a havia rejeitado como parceira política.

Ainda não a havia perdoado por aquilo que julgava ser uma traição. Tentava, mas não conseguia.

— Eu não quero discutir isso com você, Simone — esquivou-se, limpando furiosamente as lágrimas quase secas e adotando uma postura rígida. — Eu quero tentar conservar ao menos a nossa amizade.

Simone riu antes de falar qualquer coisa; um riso sem vontade, desacreditado.

— É impossível que nossa relação volte a ser como antes... Uma conhece o temperamento da outra muito bem: se terminarmos, tudo termina, inclusive nossa amizade. Vamos ser quase estranhas uma à outra. Além disso, eu quero entender, Soraya, o que diabos está acontecendo aqui. Quero ao menos uma razão plausível para isso. Até você ir embora da festa, estava tudo bem... então eu não compreendo o que está acontecendo. Seja adulta! Dialogue! Não há motivos para escondermos algo uma da outra. Nunca fizemos isso.

A ausência de verdade no final da fala de Simone causou em Soraya um riso, diferente do da amante, nervoso, que quase fez doer sua barriga. Simone a olhava sem reação, quase inerte diante da cena.

Pela Nossa Nação - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora