Capítulo 12

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Esta é uma obra de ficção, feita por fã e sem qualquer relação com a realidade.

Quando seu celular tocou, Soraya não pôde deixar de se animar, ainda que pouco, afinal o dia, desde a noite anterior, não estava nada bom.

- Yaya, como está? - O peito de Soraya bateu rápido

- Oi, Simone. Bem! Tudo está correndo bem - mentiu, sem peso na consciência, uma vez que não queria importunar Simone com problemas pessoais. - E você? Já votou?

- Estou ótima. E sim. Aliás, vi o vídeo que fizeram de você na seção... Está de parabéns, candidata!

Soraya gargalhou. Com vontade. Sem imaginar que o faria. Uma gargalhada espontânea que, naquele dia horrível, somente Simone conseguia tirar dela.

- Meu Deus, eu queria tanto escutar sua voz - confessou, secando uma lágrima após ter controlado o riso.

- Está realmente tudo bem? - perguntou com carinho. - Parece abatida.

- Sim - garantiu sem muita firmeza. - Só estou cansada.

- Cansada a ponto de não podermos nem nos ver?

- Quando? - disse imediatamente, não conseguindo disfarçar a ansiedade.

- Agora? Meu carro está estacionado na esquina da sua rua.

- Está falando sério? Espera! Me dá cinco minutos - pediu, levantando-se da cama e indo conferir a cara no espelho.

- Acho bom mesmo que você seja rápida, porque meu voo para São Paulo sai agora à tarde.

- Tá bom, tá bom - disse ao desligar, saindo de casa a passos largos, mas antes chamando pelo marido e, sem obter resposta, concluindo que ele não estava.

Disfarçando seu nervosismo pelo reencontro, foi andando pela rua tranquila e ao avistar o carro preto de vidro escuro, não teve dúvidas ao entrar nele rapidamente.

Uma vez acomodada, demorou alguns segundos até ter coragem de olhar para o lado e finalmente ver a pessoa que tanto ansiava.

- Que loucura!

- Eu sei - concordou Simone, puxando Soraya para um beijo saudoso e desejoso.

As mãos de Soraya foram naturalmente para a cintura de Simone.

As de Simone, uma para as costas e a outra para o seio de Soraya, que gemeu ao contato tão íntimo.

Quando já sem ar, as bocas se afastaram; e Simone não pensou duas vezes antes de distribuir beijos molhados ao longo do pescoço e colo da outra. Quando estava para chegar com a boca aos botões da camisa de Soraya, foi interrompida pela fala entrecortada da amante.

- Calma, Simone!

Mas Simone voltou a beijá-la no pescoço e passou a apertar sua bunda, obrigando Soraya a ser mais firme.

Segurou o rosto da antiga professora entre as mãos e, embora gostasse cada vez mais daqueles toques ousados que nunca imaginou receber dela, a fez olhar em seus olhos:

- Simone, seu carro está estacionado na rua da minha casa! Somos figuras públicas!

- O vidro do carro é fumê - disse Simone, enrugando a testa.

- E daí, minha filha, você está doida? Não podemos ser tão imprudentes e...

Simone riu e se ajeitou no banco do motorista.

- Calma, Soraya! - disse, imitando a companheira. - Não sou irresponsável, não vamos fazer... nada a mais agora. Só estava com saudades suas. Queria te ver antes de ir para São Paulo. E quando a eleição acabar, teremos mais tempo juntas - garantiu Simone, tocando a face de Soraya.

- Obrigada. E eu também queria te ver... Quanto à eleição, pelo menos, ao que tudo indica, ela vai ser definida ainda no primeiro tudo. Isso, para ser sincera, é um alívio porque o trabalho, consequentemente, vai terminar antes para nós duas. Sem contar que apoiar qualquer um daqueles sujeitos está fora de questão para mim.

- Hum... - disse Simone, afastando-se, ficando com as costas quase grudadas à porta. - Curioso...

- O que é curioso?

- Vai se acovardar? - Simone estava incrédula e não conseguia fingir que não. Não imaginava que, depois de tudo que passaram nos últimos anos, Soraya ainda seria conivente com Jair.

- Não é questão de se acovardar, Simone, apenas não quero apoiar nenhum deles.

- Vimos o que o Jair fez e o que é capaz de fazer, estávamos juntas na CPI da COVID. Já o Luiz, embora os ideais dele não estejam alinhados aos nossos, ao menos sabe o que é governar e o que é diplomacia. Jair não tem princípio algum.

- Mas eu não apoiaria o Jair.

- Mas também não apoiaria o Luiz.

Ficaram em silêncio.

Olharam para frente, desejando, de repente, estar em qualquer outro lugar.

Foi Soraya quem baixou a guarda e disse:

- Não quero brigar. Não com você. Essa campanha foi tão estressante e tudo isso me feito...

Mas foi interrompida por batidas na janela do carro.

Olhou para a direita. Era seu marido.

Sorrindo. Um sorriso cínico

Elas se olharam apreensivas.

Buscando disfarçar, Simone se inclinou sobre Soraya e baixou o vidro.

- Olá, Paulo!

- Simone. Soraya - cumprimentou-as, um tanto desconfiado do porquê estavam ali. Conheciam-se de longa data, eram colegas de profissão e concorriam juntas à presidência, mas daí a terem encontros praticamente às escondidas? - O que fazem aqui?

Pela Nossa Nação - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora