Capítulo 8

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Esta é uma obra de ficção, feita por fã e sem qualquer relação com a realidade.

Soraya, em choque, se calou e olhou para o chão, como se olhasse para o nada. E assim permaneceu por tempo demais, assustando Simone.

— Soraya... — chamou-a ao se aproximar, tocando-a em seus ombros. — Soraya! Olhe para mim.

Então, com o peito a mil, Soraya obedeceu, emendando em seguida um pedido doloroso:

— Eu agradeceria se você deixasse minha residência. Você bebeu e...

— Soraya, sejamos adultas. Não vamos colocar a culpa na bebida. Além disso, bebemos menos de dois copos e estamos ambas na posse de nossa total consciência.

As falas de Simone davam uma concretude grande demais ao sentimento que, embora nutrisse há muito tempo, nunca soubesse nomear.

Gostava de Simone, sempre gostou. Gostava de suas aulas iluminadores. Gostava quando ficavam só as duas na biblioteca, discutindo arte, política e economia. Gostava do carinho e atenção que ela lhe reservava. Gostava do olhar de aprovação que ela sempre lhe lançava.

Com o rosto erguido enquanto mirava fixamente nos olhos de Simone, Soraya tentou pensar em algo que não gostasse nela. Mas poderia ficar horas ali, concluiu, e mesmo assim não conseguiria pensar em nada negativo a seu respeito.

"Isso é gostar? De um jeito romântico? Não pode ser..."

— Quando eu flertava com você — começou nervosa e pausadamente, sem saber aonde iria chegar. —, era brincadeira. Você sabe, não é? Não era algo sério. Eu sinto, sim, algo por você, mas não é isso que você está falando... Olha a nossa idade, Simone! Não temos mais idade para brincar de... de... sei lá como se chama isso. — Cruzou os braços, num claro sinal de autodefesa, e deu dois passos para trás. — E eu não sou lésbica!

Com todo o cuidado e paciência do mundo, Simone deu três passos para frente, invadindo o espaço de Soraya, e segurou seus braços, fazendo-a descruzá-los.

— Não estou dizendo que você é. Ou que eu sou — disse, olhando com atenção para a própria mão, que colocava uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha de Soraya. — Somos duas mulheres que se gostam. E se gostam há tempo demais. E é isso.

Notando Soraya respirando pesadamente, como se tudo em sua mente estivesse se esclarecendo, Simone a conduziu de novo para o sofá.

— E para mim tem sido muito difícil entender e aceitar que é isso o que eu sinto por você — continuou Simone. — Um gostar maior do que a pura e simples amizade. Mas é isso! E sei, sempre soube, que seus flertes eram uma brincadeira, mas as coisas mudaram de figura e agora eu me sinto atraída por você e você por mim. Essa é uma realidade incontestável da qual não podemos mais fugir. E eu não quero mais fugir — concluiu Simone, esperando uma resposta de Soraya.

Pela Nossa Nação - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora