Capítulo 13

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Esta é uma obra de ficção, feita por fã e sem qualquer relação com a realidade.

O tom dele buscava ser mais amistoso que repreensivo, mas, ainda assim, Soraya ficou tensa.

Imaginando como ela estaria, Simone, mais para tranquilizá-la que qualquer outra coisa, colocou uma mão em sua coxa e tomou a frente naquela conversa ao responder:

— Fui deixar minha mãe em casa, ela mora aqui na região, e acabei me encontrando com a Soraya no caminho. Quis trazê-la para casa, mas paramos aqui para trocar um dedinho de prosa.

— Claro — disse ele, forçando o sorriso e abrindo a porta do carona. — E já que vocês já conversaram, eu assumo daqui. Vamos, Soraya.

Da conversa, Soraya ouviu apenas o chamado do marido, pois havia travado desde que Simone colocara a mão em sua coxa.

No automático, se deixou ser conduzida por Paulo, mas, já fora do automóvel, olhou para Simone e sorriu discretamente.

— Boa sorte hoje, Simone.

— Para nós duas, minha querida — respondeu, antes que Paulo fechasse a porta do carro.

Após eles se afastarem um pouco, Simone ligou o carro e dirigiu de volta à sua casa, onde pegaria sua mala para viajar.

No curto trajeto de volta, foi inevitável não pensar que por pouco não foram pegas.

Tinha ficado tensa, natural, mas também tinha gostado da sensação de fazer algo ilícito, do quase flagrante, da promessa de um próximo encontro furtivo.

Soraya, que percorreu o caminho de volta para casa em silêncio, assim como seu marido, tinha pensado a mesma coisa. E também gostado daquela sensação.

Estava sempre ao lado do marido, ainda era sua mulher, mas queria ser também a de Simone.

Ao chegar em casa, ela tinha no rosto o sorriso discreto de alguém que aprontou, não foi pego e repetiria a dose.

— O que era aquilo? — perguntou seu marido, assim que a porta da residência foi fechada. — Está querendo foder com seu partido igual fez com o Jair? — Soraya pensou um pouco. "Não exatamente com o partido". Mas quando ele acrescentou: — É algum conchavo seu com aquela velha? —, Soraya virou onça.

— Não vai falar assim da Simone perto de mim — disse com o dedo em riste. — Eu tenho muito carinho por ela e você sabe disso. Se quer me atacar, ataca, mas deixa a Simone fora disso.

— Está incomodada porque eu chamei a Simone de velha? — questionou, rindo. — Vai vir agora com discurso esquerdista falando sobre sororidade?

— Temos três anos de diferença, Paulo. Se ela é velha, eu também sou. E, bom, você está casado com uma velha, então!

— Ah, não fode, Soraya! Você está mais conservada e é mais gostosa também.

— Não seja desagradável! Não sei o que está acontecendo com você, mas está muito diferente e eu nem entendo por que.

— Talvez entenderia se parasse de querer bancar a política e ficasse em casa.

— Já falamos sobre isso! Eu não vou abandonar a vida pública. Não tenho vocação para dona de casa. E agora, se me der licença, ainda tenho uma agenda para cumprir.

Estava alcançando o corredor quando o ouviu perguntar:

— E se seu partido souber, hein, que vocês duas andam por aí de conversinha?

Ela riu. E pensar que tinha se deixado abalar por aquele homenzinho tolo.

— Ai, Paulo. Por favor, né! Existem fotos e vídeos, atuais e antigos, de nós duas juntas que rodam a internet toda. Não somos amigas, mas somos colegas de profissão que se gostam muito e isso não é um segredo para ninguém. Você, o meu partido, o dela e o Brasil inteiro: todos sabem. Então, o que exatamente você acha que nós escondemos?

E saiu sem esperar uma resposta. O resto do dia, diferente do que ela tinha imaginado, foi bom. Se arrumou, ficou impecável, e cumpriu os compromissos firmados com o partido para aquele último dia de eleição como se fosse o primeiro.

Sempre soube que não ganharia. A questão não era a vitória, era a projeção nacional, e isso ela conseguiu. No fim das contas, foi um percurso de sucesso.

No início da noite, mesmo sabendo que talvez não fosse pontuar nem 1%, foi junto com o marido, assessores e membros do partido para frente da televisão.

Quando o coronel apareceu em terceiro, ela nem se abalou: sabia que Simone o passaria tranquilamente. Ele tinha ido com tanta sede ao pote que agora era carta fora do baralho.

E quando foi certeza que Simone não perderia o terceiro lugar para ninguém, Soraya não pensou duas vezes antes de enviar uma mensagem para ela, mesmo sabendo que não receberia uma resposta imediata: "Se o mundo fosse justo você estaria no segundo turno. Afinal, você é muito boa no que faz. Parabéns, candidata!"

No entanto, a resposta veio poucos minutos depois:"A candidata está sendo gentil. E gostaria de agradecer a gentileza fazendo um convite para um jantar. Terça-feira às 20h. Na minha casa."

Pela Nossa Nação - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora