Capítulo 30

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Esta é uma obra de ficção, feita por fã e sem qualquer relação com a realidade.

Antes mesmo de chegar ao Senado, Simone recebera a informação de que o presidente havia colocado uma PEC em votação no fim da tarde, antes de deixar o plenário. Àquela altura, os demais senadores já se dispersavam, mas seus ânimos seguiam exaltados e criticavam a pressa na votação da proposta. Na ausência de uma resposta de Thronicke à mensagem que enviara cerca de uma hora antes, Tebet supôs que ela fosse um dos políticos com os nervos à flor da pele.

Anos atrás, ao deixar o Senado, teve receio de que partissem para cima de Soraya sem dó, cientes de que não estaria lá para protegê-la, como sempre fazia quando alguém aumentava o tom de voz para ela ou questionava seus méritos para estar naquela posição. Mas agora, quase no fim do mandato de senadora dela, Tebet podia dormir tranquila, ao menos com relação a isso, sabendo que Soraya não mais apaziguava sua onça interior quando alguém, normalmente os homens, levantava o dedo para ela.

Tebet poderia até ter sido uma guia, como a própria Soraya havia dito certa vez, mas agora a senadora galgava sozinha e orgulhosa seu espaço dentro da política, sobretudo dada a ruptura com o padrinho. Naquele ponto, independente do quão pessoal fosse a relação delas, Simone nutria uma estima profunda pela política Soraya Thronicke.

Notando que talvez a resposta à sua mensagem demorasse para chegar, decidiu por bem deixar o carro no estacionamento do Senado mesmo e ir ao gabinete da Soraya. Porém, no relativo curto percurso do estacionamento ao Congresso e então ao gabinete de Thronicke, a Ministra que era a queridinha da imprensa e dos antigos colegas foi paparicada aos montes. E cinco minutos viraram vinte.

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Soraya ouviu uma batida na porta e autorizou a entrada enquanto revirava sua sala de cabeça para baixo, abrindo gavetas, armários, olhando embaixo das mesas e sofás.

— Procurando por isso? — perguntou Leila, enquanto mostrava o celular e a agenda, e sorriu ao ver a expressão de alívio no rosto de Thronicke, que se aproximou erguendo as mãos aos Céus, pegando os objetos e em seguida beijando a outra senadora na bochecha.

As últimas semanas foram estranhas, Soraya devia admitir, pois na contramão de tudo o que viveu até ali, de repente, tinha se aproximado de Leila. Não eram amigas – não, isso jamais, amizades reais não cabiam entre políticos, mas tinham se aproximado e, segundo a senadora do DF, era porque agora Thronicke tinha virado gente.

— Você salvou a minha vida — agradeceu, querendo beijar também o aparelho e a agenda, mas se conteve. — Eu estava quase entrando em desespero. Ai, meu celular! Estou sendo tão negligente com ele.

— Viciada! — alfinetou, cruzando os braços e fazendo um bico característico. — Estavam na sua cadeira. Sorte sua que quem achou fui eu.

Soraya ia falar sobre como aquelas poucas horas em plenário foram estressantes, fazendo-a inclusive prescindir do aparelho, mas bastou olhar novamente para Leila para se lembrar de algo que há muito havia notado, embora nunca tivesse comentado:

— Sério, você e a Simone precisam parar de comprar roupa nos mesmos lugares. É irritante.

Leila baixou a cabeça, olhando para o vestido preto com detalhes em branco e vermelho que usava, depois deu de ombros.

— Eu não tenho culpa se a gente tem o mesmo bom gosto.

Soraya franziu a testa e achou melhor não comentar, mas a última coisa que Simone tinha era bom gosto na escolha de roupas e sapatos. Ainda bem que, desde um pouco antes da primeira candatura, como ela chamava, tinha contratado um profissional que a orientou quanto ao vestuário e paleta de cores. Se não fosse por ele, Tebet estaria ainda agora usando camisa polo e tênis em eventos do governo.

Pela Nossa Nação - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora