CAPÍTULO 05

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      É engraçado como a gente percebe coisas aleatórias nos momentos mais estranhos possíveis. Eu estou prestes a cair durinho da Silva no chão, e curiosamente a primeira coisa que percebo é como Matteo tem os dentes da frente um pouco separados, como se fosse um sósia da Melanie Martinez. Nunca havia prestado atenção nisso, não que tenha alguma importância.

     — A CULPA É SUA!! — Rosno novamente, apontando para a sua cara.

     — F-FALOU O ALBINO MANÍACO QUE TAVA QUICANDO NO MEU PAU COMO SE SUA VIDA D-DEPENDESSE DISSO!!

     — FOI VOCÊ QUE GRAVOU O VÍDEO!! — Ataco-o novamente, mas dessa vez ele consegue se esquivar.

     — Eu apaguei!! Juro que apaguei pouco tempo depois!! — Ele tenta se explicar, agarrando as minhas mãos, mais isso não me impede de dar um chute no seu joelho.

      — O QUE DIABO VOCÊ QUERIA COM AQUELE VÍDEO?! PROVAR PRA SI MESMO QUE TINHA ME COMIDO?!

     — C-COMO SE FICAR COM VOCÊ FOSSE A COISA MAIS DIFÍCIL QUE EXISTE!! É MAIS FÁCIL DO QUE BEBER ÁGUA!!

     — VOCÊ TAMBÉM TEM UMA FAMA NADA BOA SEU MERDINHA!! — Rosno no volta, tentando fingir que ele não me atingiu em cheio com essas palavras. A gente continua trocando farpas e porrada, até ambos desabarmos no chão, que está fendendo a desinfetante.

      — N-não posso deixar essa merda vazar. Meu irmão... Não posso fazer isso com ele. — Murmuro, sem forças, voltando a sentir os meus olhos arderem.

     — Seu irmão?

     — Somos gêmeos, e ele é idêntico a-a mim. Então imagina como seria, ver a cara dele ali pra todo mundo ver. — Explico, apoiando o rosto nos joelhos e fechando os olhos. Não posso fazer Dean passar por isso. Sei que ele iria me apoiar em tudo, mas eu também sei que ele seria quem iria sofrer mais com essa merda.

     Simplesmente não posso deixar isso vazar. Vou fazer tudo pra impedir isso de acontecer.

     — Também não posso deixar isso se espalhar, Sean. O que meus pais pensariam de mim? Todo mundo aqui da universidade? — Matteo puxa as pernas longas contra o corpo esguio, coçando a cabeça e fazendo os cachos escuros balançarem.

     — O que vamos fazer?

     — Precisamos fazer alguma coisa pra impedir essa merda de vazar. — Ele murmura, então assinto levemente com a cabeça, embora não tenha tanta certeza de como vamos fazer isso.

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      Passo o resto da tarde completamente avoado, andando por aí e tentando obter respostas aquele maldito número desconhecido. Pensei em bloquear, mas isso só pioraria as coisas.

      Depois de sairmos da dispensa, Matteo me obrigou a passar meu número pra ele, e eu só fiz isso porquê estava tão atordoado que sequer me importei com isso. A gente se separou sem dizer uma palavra, mas a promessa silenciosa de que tentaríamos dar um jeito nessa merda pairava no ar entre a gente.

       Como eu fui me meter nisso?! Porque eu tive que transar com aquele idiota?! Ele nem faz o meu tipo!!!

      Resolvo tentar parar de pensar nisso, mas é completamente impossível. Enquanto ando em direção a saída do Campus, tenho um sobressaltado cada vez que o meu celular vibra no bolso, achando que é alguma mensagem daquele filho da puta nojento. Quando eu descobri quem é esse maldito... Não vai sobrar sequer os ossos pra contar história.

       Ainda avoado, eu sento num banquinho da praça e saco o celular do bolso como se ele fosse uma bomba prestes a explodir, e na verdade é quase isso. Esse caralho vai explodir uma hora ou outra e acabar comigo.

       Começo a silenciar todo mundo e desativar as notificações de todos os aplicativos, porque ouvir esse toque e sentir a vibração toda hora é quase uma tortura. Silencio também o Instagram e o meu Twitter, e de todos os contatos, deixo apenas o de Dean e o da minha mãe.

       E por falar em Dean, ele mandou uma mensagem agora pouco dizendo que vai dormir na casa do seu negão gato (bom, ele não disse exatamente com essas palavras, mas está subtendido no contexto da frase), mas que ele deixou um monte de comida na geladeira para mim.

       Eu já falei que amo o meu irmão? Se não, vou falar agora: eu amo esse bocó.

      E a comida também. Definitivamente.

      Digito a resposta rapidamente, agradecendo-o e provocando em relação à onde ele vai dormir hoje. Ou melhor: onde vai passar a noite, porque não tenho certeza se aquele cara vai deixa-lo dormir direito, já que apagar o fogo do meu irmão recém- desvirginizado parece ser a sua meta agora.

      Sequer noto quando alguém se aproxima pela esquerda, e somando isso à quão atormentado eu estou, tomo um susto da porra e quase deixo o celular cair.

      — Parece que viu um fantasma, Sean. — Levi, um veterano da minha sala diz. Ele não parece ser tão mais velho do que eu, e tem traços meio indígenas, com um cabelo extremamente liso, que cai sobre a sua testa como uma cascata.

     — Hahaha, engraçadinho. — Reviro os olhos e observo-o se aproximar.

      — Quer carona? Já estava indo pra casa. — Ele enfia as mãos nos bolsos da calça e abre um pequeno sorriso. A gente não é tão próximo assim, mas nos damos bem de certa forma. E antes que tirem conclusões precipitadas, não, eu não transei com ele e nem nada do tipo (não que tivesse alguma objeção contra isso, até porque o cara é gato pra caralho).

     — Na verdade... Eu vou aceitar sim. — Levanto do banco e pego a minha mochila, não vendo motivos para não aceitar. Assim vou chegar mais rápido em casa, para tentar me distrair um pouco e ir comer no apartamento do Dean.

       Levi e eu começamos a andar em direção ao estacionamento norte do campus, então ele me leva até um Jeep bonito e bem cuidado.

      — Você mora no condomínio dos calouros aqui perto, certo? — Ele pergunta, abrindo a porta para mim.

      — Sim. — Entro no carro, que tem um leve cheiro de... Não sei explicar direito, mas é bom. Dean conseguiria saber do que se trata em cinco segundos, mesmo que não fosse o cheiro de algum tipo de comida.

      Levi entra o carro também, antes de começar a pilotar pela rua. A gente não conversa muito, mas o silêncio não é desconfortável, e nenhum de nós parece estar incomodado com isso.

      Não demora mais do que uns cinco minutos pro jeep parar em frente ao meu prédio.

     — Bom... Obrigado. — Agradeço-o, sentindo os seus olhos em mim. Eu deveria dar um beijinho de agradecimento ou algo assim?

     — Disponha. — Ele assente levemente com a cabeça, e assim que saio do carro, Levi começa a dirigir pelas ruas, sumindo de vista rapidamente. Dou de ombros pela súbita gentileza, antes de dar meia volta e começar a andar para dentro do prédio, morrendo de fome.

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MEU NERD SECRETO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora