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O treinador Jesser tem vinte cinco anos, e pelo visto, prefere garotos mais novos e sequer se importa em dar em cima da maioria, mesmo que ainda esteja no trabalho. O cara é um idiota completo, e depois que eu não dei bola desde a primeira vez que trocamos mais do que cinco palavras, ele faz questão de me infernizar sempre que estamos no mesmo ambiente, principalmente se for fora do Campus, onde ele não precisa se preocupar em "estar no trabalho" para me atormentar.
Até agora, tudo que ele tem feito não passam de provocaçõezinhas bobas e cantadas ultrapassadas, mas se for pra escolher entre ele e Dylan (os meus dois últimos suspeitos), com certeza eu apostaria que foi o treinador Jesser, apesar do cara ser um bobalhão e não tenha inteligência o suficiente para fazer uma coisa desse tipo.
Agora, estou decidido a acabar logo com isso, me esgueirando para dentro do vestiário deserto do time de basquete e que possui um cheiro absurdamente forte de suor e meias velhas. Há camisas e cuecas usadas por todos os lados, além de mochilas e tênis.
Eu tenho exatamente vinte minutos para encontrar o celular daquele idiota antes que todos os outros manés cheguem aqui para tomar banho, e não saber por onde começar me deixa bastante preocupado, porque o tempo é curto.
Primeiro checo as mochilas, mas todos os celulares que encontro são de pessoas que eu não faço ideia de quem sejam. Passo longos minutos procurando, sem saber o que fazer no pouco tempo que me resta.
— Puta merda, eu sou um idiota!! — Rosno, completamente chocado com a minha estupidez, enquanto retiro o meu celular do bolso e procuro rapidamente o número do babaca em algum dos grupos da faculdade. Demoro quase dois minutos para encontrar, e quando faço isso, ligo para ele, implorando em silêncio pra que dê certo.
Felizmente, uma música antiga dos Beatles ecoa pelo vestiário, me fazendo correr até os armários da parede e procurar o do qual o som está saindo.
Abro o armário na velocidade da luz e pego o iPhone, que ainda está com a foto do meu contato brilhando na tela. Agarro o aparelho com os dedos tremendo, quase gritando de alegria quando percebo que o idiota não colocou nenhuma senha também.
Desligo a chamada e apago o histórico de ligações, antes de colocar o código de Matteo o mais rápido possível, tentando ignorar a tremedeira para não digitar tudo errado. Preciso me esforçar para não soltar um grito de alívio depois de checar várias vezes e dar o meu trabalho como concluído.
— Isso, porra! — Grito para mim mesmo, desligando o celular do idiota e colocando-o no mesmo lugar, praticamente pulando de alegria por ter conseguido (e o principal: sem precisar beijar ou me agarrar ninguém).
— O que cê tá fazendo aqui? — Uma voz grave quebra o silêncio, me fazendo quase morrer do coração de tanto susto, mas felizmente, já havia fechado o armário.
— E-estava procurando um amigo. — Explico rapidamente, olhando para a entrada do vestiário e encontrando Jesser parado lá, com os braços cruzados enquanto me encara. Não espero a sua resposta, antes de começar a andar rapidamente em direção a saída, mas sou barrado por ele.
— Qual é, Sean. Quando você vai me dar uma chance? — Jesser tenta me pressionar contra a parede, mas eu me esquivo rapidamente, quase batendo de cara com o canto da porta.
— Que tal... Dia trinta de fevereiro? — Reviro os olhos, dando mais um passo em direção a saída, embora continue sustentando o olhar desafiador. Parte de mim espera que ele comece a me chantagear em relação ao vídeo, que me ameace, mas tudo que ele faz é continuar me lançando aquele olhar meio estranho e um tanto raivoso.
Decido dar o fora antes que as coisas piorem para o meu lado, então corro para fora do vestiário como se ele estivesse pegando fogo.
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Matteo está no mesmo lugar da dispensa apartada que estava ontem, com o notebook no colo e exatamente na mesma posição. É um pouco engraçado, e mesmo que tenha sido à apenas um dia, é como se fosse a séculos.
— Não é ele também. Acabei de checar tudo. — Matteo murmura, me fazendo soltar um suspiro cansado e sentar ao seu lado de qualquer jeito, mesmo que a posição seja bem desconfortável.
— Não sei mais o que fazer, Matteo. Eles eram as únicas pessoas da qual eu poderia desconfiar. — Esfrego o rosto e tento me manter dignamente sem chorar. A sombra desse vídeo tem me atormentado todo santo dia, mesmo que as vezes alguns momentos sirvam para me fazer esquecer, embora seja apenas por um curto período de tempo.
— Ainda tem o Dylan, certo? A gente vai dar um jeito nisso. — matteo passa o braço por cima dos meus ombros e acaricia levemente a meu pescoço, tentando me tranquilizar.
— Ele era o bem menos provável da lista... Não consigo pensar em mais ninguém que tenha algo contra mim.
— Mas vamos investigar mesmo assim, certo?
— Sim. — Confirmo com a cabeça, completamente decidido. Meu olhar foca no seu notebook, que ainda parece estar logado com o celular de Jesser, já que uma galeria bastante duvidosa está aparecendo ali, com fotos de diversos caras que aparentam ser um pouco mais velho do que eu. E tem uma foto minha também. — Você consegue apagar isso aí?
— Consigo. — Matteo afirma, antes de digitar rapidamente no notebook e fazer a foto sumir instantaneamente. O som das teclas ecoa pela dispensa apertada, e o som é um tanto reconfortante.
— E-eu... Não fiz nada com ele, aliás. Só procurei o celular dele no vestiário e dei o fora depois. — Explico, sentindo minhas bochechas esquentarem, enquanto uma súbita sensação de vergonha e a vontade de afirmar isso para ele cruza o meu corpo, embora não faça ideia do porquê. Talvez eu esteja com medo dele ficar ressentido? Que não pense que transei com outro depois de ter saído da sua cama horas antes? (Não que tenhamos conversado sobre exclusividade ou alguma coisa do tipo).
Matteo me encara por alguns segundos, antes de abrir um pequeno sorriso e me dar um selinho rápido, que serve apenas para me deixar com vontade de beija-lo com força e subir no seu colo.
— Como você consegue saber se é ou não ele tão rápido assim? Deve ter, tipo... Umas duas mil fotos aí.— Pergunto, tentando mudar o foco da conversa, porque não posso atacar Matteo aqui novamente (isso me trás péssimas memórias...).
— Cada vídeo ou foto tem uma espécie de código, Sean. A maneira como ela é codificada quando transmitida para outro celular. Então eu não preciso procurar manualmente. Bastou copiar o código daquele vídeo e fazer uma rápida pesquisa em cada aparelho. — Ele explica calmamente, como se isso não fosse simplesmente genial e me deixasse de boca aberta.
Estou diante de um novo Einstein, pelo visto.
— Nossa. — Murmuro, sem conseguir formular uma frase grande. Ele continua me encarando por longos segundos, antes de revirar os olhos e me dar outro selinho.
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MEU NERD SECRETO [COMPLETO]
RomanceA vida de Sean não poderia ser mais perfeita. Pelo menos é isso que todos acham quando vêem aquele cara sorridente e extrovertido, que praticamente vive alternando entre uma boate e noitadas malucas com algum ficante por aí. O problema é que não é b...