Notas: Meu objetivo principal é focar nos mínimos detalhes. Visto que o König é um personagem sem narrativa e pouquíssimo explorado pela Activision. Espero que gostem, e desculpe qualquer erro. Beijinhos de luz.
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Áustria - Inverno de 2003.
A nevasca intensa que caira na noite anterior e a obstrução das ruas principais de Viena não pareciam ser uma boa justificativa para faltar às aulas e às classes de piano, pelo menos, não para a matriarca da família Furtwängler. König observava a neve acumulada na de sua porta de casa com as bochechas rosadas de frio e os dedinhos na beirada da janela, odiando a idéia de sair do calor gentil do aquecedor. O cabelo castanho escuro ainda bastante desalinhado, do mesmo jeito de quando acordou.
Ele saiu dos lençóis quentinhos bem cedo e vestiu seu casaco mais grosso. Os três pares de meias em seus pés faziam a bota parecer apertada, mas ele não se importava.
Ele aguardava pacientemente sua mãe, Gretel Furtwängler, uma jovem senhora, alta, de cabelos ruivos e temperamento nervoso, preparar sua lancheira com o sanduíche de patê que comeria no intervalo das aulas. König lança um olhar chateado para ela, mas não resmunga por ter que ir às aulas de piano enquanto outros meninos assistem televisão. Ele sabe que não deve desobedecê-la, senão acabaria sendo como Krueger. Não estressar a mamãe era sempre uma das principais preocupações do garoto, mamãe não tinha tempo para quase nada, nem para ele e nem mesmo pentear seus longos cabelos bonitos, os quais ele adorava cheirar quando voltava para o almoço e a encontrava cochilando no sofá.
Ela era jovem e cansada, e um pouco triste também. Sua expressão gasta lhe fazia parecer mais velha do que realmente era e isso lhe deixava desanimada, a vida era difícil e Gretel cuidava de tudo sozinha, logo acabava por descontar seu estresse em qualquer coisa ao seu redor, inclusive seus filhos. Papai trabalhava o dia inteiro, então só se viam a noite bem antes de dormir. Ele era um homem frio e distante, que parecia só se interessar por assuntos chatos que não eram do entendimento de König, como preços do mercado e inflação. Hansel Furtwängler trabalhava numa fábrica metalúrgica e não gostava que sua esposa tivesse emprego, era um homem grande e robusto, que batia bastante em Krueger e bebia uísque nos fins de semana.
Bater em Krueger na verdade era uma tradição de Gretel e Hansel. König tentou por alguns anos defender seu irmão mais velho dos cascudos e tapas, mas com o passar do tempo percebeu que não importava o quanto se esforçasse, Krueger sempre o odiaria. Ele era alto, e se parecia com uma versão mais agressiva e maliciosa de König. Tinha o rosto mais alongado e o nariz levemente encurvado para baixo, parecia ser muito mais velho, e odiava lavar o cabelo. Krueger tinha apenas doze anos, mas guardava em si um rancor de gente grande, e nunca em hipótese alguma se permitia ser bondoso ou companheiro com König. Ele nem sequer o via como irmão.
König esfrega os olhinhos sonolentos enquanto assiste seus vizinhos limpando suas calçadas com pás de neve.
Gretel tranca as travas da lancheira de ferro, e então esfrega suas mãos no avental de pano que sobrepõe suas roupas velhas de frio. Cruza a pequena casa e vai até a mochila nas costas do filho, abre os zíperes e guarda a merenda junto com os cadernos e lápis. A moça então se exaspera ao olhar direito para o garoto.
- König você está uma bagunça - sibila impaciente, e tenta sem sucesso organizar os cabelos dele com as mãos dividindo as mechas para o lado, de um jeito que o pequeno König odiava.
Mas ela desiste antes mesmo de começar. Olha rapidamente o relógio em seu pulso, e então se distrai, vira para gritar em direção à escada da casa.
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edelweiss | a könig storie.
FanfictionKönig não podia escapar. O passado sulfúreo que emana dos muros e que flutua nas ruas de Viena o perseguiria para sempre. A luz amarela dos postes antigos que resplandecem nas calçadas molhadas, e evocavam a necessidade precípua que todo austríaco c...