Vocês querem saber como o König se parece sem a máscara e nessa história? Pois pesquisem no instagram: @thomastapy, e se divirtam vendo como o nosso garoto se parece na vida real. Beijos.
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A noite funérea se impunha sobre Viena com todo seu esplendor, soberana e obscura, digna das lágrimas de um deus. Uma leve neblina se insinuava nas esquinas, enevoando as ruas de calçamento, deixando que se eleve das profundezas um pequeno ar de mistério arcaico. Um cinismo elegante que paira nos contornos charmosos das casas clássicas, a sensação de estar regredindo no tempo, de pertencer a outro tempo que não este. Eu, sendo qualquer outra dama que não Veronika, e König, sendo qualquer outro cavalheiro que não um Furtwängler. Viena tinha esse poder em suas veias de concreto, a magia de transportar os apaixonados de volta para os anos de sua glória austro-germânica. Levava-nos de volta para sua era de imperadores e reis, de gênios e lendas. São eles os verdadeiros detentores da cidade, que defloram as vias públicas, alegres e imponentes em vultos escandalosos infestando e possuindo Viena como uma verdadeira festança post mortem.
Os fantasmas austríacos são livres para ir e vir, bebem nos bares ao lado dos boêmios contemporâneos, gargalham pelas calçadas, gritam pelos teatros. Eles acenam para você, através de uma janelinha embaçada de uma taverna no subúrbio. Essa era Viena, um cadáver majestoso do velho mundo, conservada no bálsamo dos grandes polos de nossa civilização, casta, suja, bela, efervescente. Choramingo para mim mesma, emocionada. Não há nuvens, apenas paz de espírito e céu límpido, onde a Estrela Polar pulsa longínqua e solitária.
O trotar ritmado dos cavalos pretos da carruagem ecoava pelas ruas de paralelepípedos, sacudindo desconfortavelmente a cabina na qual estávamos encolhidos. A capota nos encobria, e a portinhola com janela nos permitia uma visão limitada da fumaça ornando com a luz amarelada, numa aura mística. A fantasia que me uso me aperta a cintura e o peito por conta do espartilho, mas o algodão e a seda são agradáveis ao tato.
König aperta minha mão entre seus dedos.
- No que está pensando?
- Nada. Estou me apaixonando por Viena mais uma vez.
- Você tem uma alma velha.
- Você diz isso faz tantos anos que eu cansei de discordar. Talvez eu tenha uma alma muito velha mesmo.
- O que faremos nessa festa?
Olho para König, observando o homem imenso encolhido no banquinho delicado do coche. As pernas imensas e grossas meio abertas para que coubesse sem que sua cabeça batesse no teto de veludo. O smoking preto lhe servira muito bem, e as abotoaduras de meu avô caíram muito bem, um detalhe gracioso, dourado e cheio de entalhes de lírios, decorando as mãos grandes e repletas de veias das mãos dele. Mãos rígidas, de linhas duras e articulações bonitas, delicadas em seus ângulos retos. Belas mãos. Belíssimas mãos, ele tem. Encontro então seus olhos de menino moço, que me espreitam como quem faz perguntas tímidas por detrás dos cílios castanhos espessos.
- Você quer saber sobre a Rússia, então falaremos sobre a Rússia. Acho que posso levar você até as pessoas certas, mas cabe a você conseguir as informações de que precisa - digo, respirando dificilmente naquele corset que aperta minha barriga e seios. Sei que ele aprecia esse gesto, mesmo que suas pupilas não tremeluzam seu foco em meu rosto, sua boca pende por um milisegundo e me denuncia suas taras que jamais lhe abandonam.
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edelweiss | a könig storie.
FanfictionKönig não podia escapar. O passado sulfúreo que emana dos muros e que flutua nas ruas de Viena o perseguiria para sempre. A luz amarela dos postes antigos que resplandecem nas calçadas molhadas, e evocavam a necessidade precípua que todo austríaco c...