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Bem amigas, vocês me perguntam: Carmen vc revisa o capítulo? NÃO, definitivamente não. E outra, vocês tem lido pouco essa história que é a melhor que eu já escrevi, fico meio magoada por vocês gostarem mais de uma besteirinha tipo Hirviente, mas tudo bem né. Enfim, beijos.

PS: esse é um daqueles capítulos que vocês lêem em completo silêncio. Já prevejo o total de 0 comentários.

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Os trens envelhecidos da estação principal de Viena, aquela que nos ligava ao restante da Europa. Carrego a mala sucinta que Veronika fizera para si, ao mesmo tempo que carrego as enormes três malas nas quais arrasto minha vida e minha persona. O corpo de König, o soldado König, que descansa desmontado dentro das enormes bolsas que carrego as mãos e nas costas. Vel ainda não sabe disso, ela acha que estou levando instrumentos de inteligência militar.

Decidir viajar assim era algo precipitado, mas tendo o contexto, sei que é preciso. O baile me direcionou perfeitamente para onde investigar, e tenho aqui uma tradutora quase perfeita para me auxiliar e até cooperar num disfarce. Nós fomos até a casa de Vel, trocamos de roupa rapidamente e em menos de trinta minutos estávamos na estação. Ghost arranjara o documento falsificado para mim, já que Veronika não precisaria, então convém muito mais que ela compre as passagens.

Para isso lhe dou os florins e ela vai até guichê com o rapazinho magrelo e solitário atrás do vidro, eles conversam por algum tempo, ela apresenta sua documentação e a minha também. Ele não exige muito mais do que isso para nos entregar as passagens. É noite, está frio, o largo pátio obscuro nos revela que não há outros viajantes de Viena para a Rússia tão tarde da noite. Evito, por mero procedimento, as câmeras de segurança que despontam nas quinas de aço da estrutura da estação. Caminho com minha garota até os bancos desconfortáveis, onde nos sentamos e ficamos em silêncio ouvindo o som dos gritos e das corujas que descansam nos galhos do bosquinho do outro lado dos trilhos.

O silêncio é tanto que começamos a conversar.

- Vamos passar quanto tempo?

- Não sei, Blume.

- Eu tenho obrigações, sabia?

- Aproveite que ainda estamos em Viena, pode voltar pra casa se quiser.

- E deixar você sozinho na Rússia?

- Eu prefiro estar com você, mas não posso lhe forçar à isso.

- Esquece, König. Eu vou, passo quanto tempo for preciso.

- Obrigado.

- Você sabia que essa sua objetividade não é por acaso?

- Fui treinado, Veronika. Lamento que não goste do meu lado mais técnico.

- Não. Eu digo a objetividade fria que você tem desde criança, e não essa que o exército te deu.

- Você pode falar mais sobre, eu estou ouvindo e quero entender.

Digo me virando na direção dela com real interesse, mas sou interrompido pelo som distante e longínquo de metal pesado trabalhando violentamente. Os trilhos estremecem sutilmente antes de começar a chacoalhar alto suficiente.

O trem solitário da noite sem estrelas vem vindo, isolado, quase preguiçoso em seu trilhar. Eu me ponho de pé e pronto para um embarque rápido, Veronika permanece sentada, encarando a locomotiva com aqueles olhos cinematográficos de quem vê a vida por símbolos. O trem, a viagem, a madrugada, sei muito bem que tudo isso lhe causa fascínio boêmio porque ela ama cenas dramáticas como esta, parte meio francesa de seu caráter. Me surpreende que ainda não tenha acendido um cigarro extremamente estético para a sua atuação.

edelweiss | a könig storie.Onde histórias criam vida. Descubra agora