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NOTAS: Ando trabalhando muito, então não me julguem pela demora, estou escrevendo porém em passos de formiga, eu nunca abandonei as histórias, MAS UMA GAROTA PRECISA COMER, NÃO É MESMO? Enfim, beijos, me sigam no ttk: @/carmysinner.

O ginásio iluminado pelo sol nas enormes janelas retangulares e foscas, uma luz pálida em raios cristalinos oscilava nas sombras das árvores do campo no lado de fora. O clima está ótimo, perfeito eu diria, ainda que isso não altere meu mau humor neste semestre. Há três tatames azuis enormes sobre o piso de madeira lustrada da quadra, onde geralmente se joga basquete ball ou futebol, dependendo das atividades físicas que estejam sendo desenvolvidas. Mas com o campeonato interescolar de judô chegando, os treinos com bola foram substituídos para que a equipe de judô do Marc Aurel Tulln treinasse, e eles estavam obstinados em trazer mais uma taça para casa.

Isso é algo que reconheço, nossa escola tem um primor pelo ensino que nos eleva em todas as instâncias da vida. Física, intelectual e mentalmente, uma instituição renomada e com um ensino riquíssimo. A única coisa perturbadora neste lugar é o judô, esse esporte mequetrefe pelo qual König era apaixonado.

Ele lutava como um verdadeiro golem. Diziam todos outros lutadores de judô que Rex tinha a execução mais próxima de um uchimata perfeito. Ele arremessava seus oponentes como se fossem bonecos de pano, como se não fossem coisa alguma. Baques surdos doloridos, gritos esbaforidos, tapas secos no tatame desistindo da luta, nenhuma dessas coisas partia de König, dele vinham apenas parabenizações aos colegas e boa vontade. Ele era bobo, ninguém na equipe sequer o consideravam um amigo, e suas mãos amigáveis oferecendo ajuda para que se levantassem do chão eram na verdade lidas como uma ofensa pelos oponentes humilhados, exaustos e contundidos.

Eu não me importava que ele fizesse esse papel para esses babacas, jamais repreenderia König por ser bondoso. Mas era absolutamente torturante esperá-lo ali na platéia. Sempre surgiam provocações ou até mesmo conversas que eu acabava por ouvir acidentalmente.

Como agora, por exemplo.

— Ele é esquisitinho, mas até isso vira charme em um garoto como ele — a paspalha atrás de mim balbucia em tom de fofoca para a sua comparsa, aos risos.

— Ouvi dizer que o irmão dele usa drogas. Eles são tão diferentes, me disseram que o outro já foi preso uma vez em Berlim — responde a outra, que provavelmente é uma fofoqueira um pouco mais dedicada ao seu mérito. Ela acertou, faz alguns meses que Krueger foi preso em Berlim por balançar o pênis em público durante manifestações.

A garota tenta abafar a própria gargalhada.

— São dois esquisitos, um esquisito feio e drogado e um esquisitinho gostoso. Tenho certeza que a família deles veio do leste.

Prendo a respiração de tanta raiva. Aquelas cadelas me pagariam um dia... Mas não hoje. Me poupo de esgotar-me naquele assunto pífio, ignorando a conversinha que tecem e focando agora nas figuras lutando arduamente no tatame a minha frente. Nem preciso dizer que König em um único movimento aplica uma rasteira no garoto e o faz beijar a lona de forma vergonhosa. O treinador, que é constantemente vítima de racismo por ter traços asiáticos, interfere e encerra a luta.

König oferece a mão para o moleque, que aceita a ajuda mas logo que se equilibra, a abandona sai andando, sem sequer cumprimentá-lo. Rex fica paradinho no tatame, estático e sem compreender, observando o colega de time se distanciar todo aborrecido. Ele parece pensar sobre aquilo, mas não cria muito caso com o comportamento estranho do canalha que o destratou, ele é bem superior à isso.

Quase como se prevesse meus pensamentos, Rex se vira em minha direção, me dando um pequeno sorriso de conformidade.

E então vem até mim.

edelweiss | a könig storie.Onde histórias criam vida. Descubra agora