6

457 64 22
                                    

ALERTA DE GATILHO: DEPRESSÃO, TENTATIVA DE SUICÍDIO

Em algum momento, meu cabelo colou no meu rosto molhado, minhas mãos estavam doloridas e até sangravam em alguns pontos, eu já não sabia identificar o que era suor ou lágrimas.

Meus joelhos fraquejaram e bateram no chão, soluçei tentando engolir o maldito choro.

– Porra eu não aguento mais – Sussurrei pra mim mesma, passei uma das mãos no rosto – Talvez se eu só desistisse seria melhor, não é como se fosse fazer falta.

Eu estava em uma profunda depressão a tempos, eu não me mutilava, não comia demais, ou de menos, não usava drogas pra esquecer.

Eu só guardava tudo e sorria para as fotos.

Mas Baji estava certo quando disse que eu estava me afogando.

Eu estava submersa no meu próprio sofrimento, e já não tinha mais ar nos pulmões, eu me afogaria.

Levantei toda torta, com as pernas tremendo e os braços cansados.

Depois eu arrumaria essas coisas, sai dali com aquele pensamento na mente, me rondando, dizendo que tudo seria mais fácil, eu não sofreria mais.

Caminhei e caminhei, até que encontrei um canal, o sol estava se pondo no horizonte, eu havia passado muito tempo lá.

Havia uma área verde ali, mas não tinha ninguém ao redor, parei bem a margem e respirei tão fundo quanto podia.

– Socorro – Falei com um fio de voz, saiu tão involuntariamente, em direção ao vento, que talvez essa palavra fosse carregada e chegasse a outros lugares, uma mera memória de quem eu fui, e de como me fui, pois quando aquela palavra saiu, toda minha força que restava foi com ela, e eu desabei em direção a água.

Senti o gelado, e meu último pensamento foi, que agora eu me afogaria não só nos meus pensamentos.

*****

Acordei em um lugar desconhecido, uma cama macia, com cobertores azuis e fofos.

Estava com uma calça preta larga, e uma camiseta da mesma cor, eu conhecia aquele cheiro de algum lugar.

Me sentei com o corpo dolorido, meu cabelo estava úmido e minha cabeça latejava.

Ouvi a porta abrir e olhei, uma garota loira entrou com uma bandeja, quando me viu arregalou os olhos.

– Oh você está acordada! – Ela largou a bandeja na minha frente – Tome, tem remédio pra dor, e um lanche que eu fiz, só um suco e dorayaki.

– Onde é que eu estou? – Perguntei com a mão na cabeça.

– Achei que se lembrasse, você caiu por acidente no canal, meu irmão estava por perto e te ajudou, ele ia te levar ao médico mas nossa casa era mais perto, e eu estudo enfermagem – Ela deu uma risadinha com o rosto corado – Vou chamar ele, coma.

Ela se levantou e saiu, mas que merda, nem morrer em paz não dava mais.

Olhei para a bandeja e peguei o dorayaki, dei uma mordida pequena, estava muito bom.

– Emma cozinha muito bem – Levantei o rosto ao ouvir a voz e quase inflei de raiva – Relaxa, vim em paz.

– O que quer? – Perguntei, Mikey sentou na ponta da cama.

Harley Gang - Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora