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– Pai! – Levantei em um pulo e o abracei, ele me envolveu, seus braços tremiam e meus olhos ameaçavam derrubar lágrimas – Me desculpe!

– Eu que peço isso filha, se eu soubesse... Eu ainda não sei nem da metade eu acho, aquela mulher não me disse muito – Ouvia sua voz embargada.

– Tudo bem, já passou, agora preciso de ajuda do senhor com outra coisa – Me distanciei – Eu preciso acabar com ela.

– O que quer dizer?

– Pai, você sabe o que ela fazia comigo?

– Eu... Ela te maltratava, não é? Pelo que ela me disse, você fugiu por que ela não cuidava de você, te tratava como empregada...

– Ela disse isso? – Agora minha voz tinha uma tonalidade raivosa, maldita cobra nojenta, meu pai assentiu – Mentirosa, antes fosse só isso.

– Por favor, filha, me conte o que aconteceu...

– Você tem certeza que quer ouvir?

– Filha, eu não vejo luz em seus olhos, por favor, me diga o que aconteceu pra que eu possa te ajudar.

Me sentei novamente no banco, minha cabeça pendia, como falar para o próprio pai que você era abusada por magnatas que ele possivelmente conhece?

Ele se sentou ao meu lado e eu levantei o rosto.

– Você conhece o Carson, né? – Olhei e ele assentiu – Sabe que ele mexe com coisas ilegais... Mas não sei se você sabe que ele tem casas de prostituição.

– E o que isso tem a ver?

– Pai, existe uma máfia agora, as mães e pais mandam seus filhos pro Carson, pra serem... Treinados – Engoli em seco tentando explicar, mas as palavras pareciam deixar minha boca anestesiada – Quando voltam pras famílias, são vendidos por contratos.

– Como... Assim..? – Meu pai agora tinha uma mão em meu ombro, apertei os olhos e uma lágrima desceu.

– Mamãe me vendeu por dezenas de contratos – Despenquei a chorar e levei as mãos ao rosto – Pai, eles abusavam de mim, o tempo todo...

Ele me abraçou e eu chorei em seu peito.

– Me desculpe, eu podia ter lutado mais...

– Não filha... – Ele passava a mão no meu cabelo – Você fez o que pode, eu que devia ter feito mais...

– Você não podia ter feito nada – Funguei – Mamãe teria matado você, ela ameaçou matar você e o Kei, por isso eu sempre aceitei tudo.

– Ah minha filha – Ele me afastou e segurou meu rosto – Me arrependo de tanto... Mas principalmente... – Ele afastou as mãos de mim e então sua expressão mudou – Me arrependo de não ter sido eu a cuidar dos malditos contratos, se você estivesse comigo, não teria fugido – Ele sorri como se estivesse tudo bem.

– Pai..? – Tentei me afastar, mas senti meu rosto queimar com um tapa, e logo eu estava no chão, quando olhei, meu pai estava de pé e eu tentava me afastar.

– Se aquela idiota tivesse cuidado de você direito, não teríamos perdido ótimos contratos! Mas que bom que encontrei você filha, a sua moto foi uma pista e tanto!

– Você... – Minha visão estava embaçada pelas lágrimas, minha respiração queimava... Ele não era meu herói?

– Sim sim, sempre fui eu, agora você sabe, vamos embora logo, preciso dar um jeito em você e ver se ainda conseguimos alguma boa venda pra você mesmo com esse cabelo ridículo!

Harley Gang - Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora