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Me levantei pesadamente do sofá e segui Wakasa pelo pequeno corredor.

Havia apenas uma porta de cada lado, ele abriu a porta da direita que deu espaço a um quarto simples, com uma cama de casal, um armário de duas portas, uma escrivaninha com uma cadeira e um sofazinho de dois lugares com uma mesinha de centro com dois livros em cima.

Ele andou até o armário e já de cima puxou um futon que estava dobrado, o estendeu aos pés da cama e pegou um travesseiro e um cobertor.

Eu me dirigia até o futon, até ele me parar e apontar para a cama.

– Não – Eu falei.

– Sim – Ele contestou.

– Wakasa você tá ferido! Não vou deixar você dormir no chão! Além de que... – Ele colocou dois dedos sobre meus lábios enquanto eu falava, me parando, ele tinha agora um olhar entediado, não aquela expressão louca de antes.

– Você também.

Levei alguns segundos pra responder.

– O... que..?

– Você também está ferida – Ele levou a mão até uma mecha de meus cabelos e tirou dos meus olhos – Só precisa colocar isso na sua cabeça, seu sofrimento não é menor do que o dos outros.

– Você... Sabe? – Engoli em seco com medo da resposta, os meninos da Toman ou da Tenjiku, eram casos a parte, eu precisava deles, todos estavam me ajudando em alguma coisa que eu necessitava para o meu plano final de acabar com a minha mãe e a máfia que cercava o mundo dos magnatas.

– Não faço ideia – Ele retirou a mão de perto do meu rosto – Mas posso imaginar.

– Como?

– Você fica retesada toda vez que alguém toca em você, se a pessoa olhar sua linguagem corporal, pode ver isso bem, então imagino que alguém tenha te feito muito mal, e agora você está fugindo.

Eu abri a boca mas não saiu nada, eu nem mesmo sabia que fazia isso, talvez fosse inconsciente, me pergunto quem mais teria notado isso.

– Fica tranquila, descansa que amanhã eu te levo pra onde você quiser ir.

Ele foi se abaixar no futon e eu segurei seu braço bom.

– Você vai ficar na cama – Apontei e ele revirou os olhos, murmurou um ok e foi, suspirei e me joguei no futon.

Eu estava dormindo em poucos segundos, apesar de ter dormido o dia inteiro, mas meu sono não foi tranquilo, pois logo um pesadelo me atingiu.

Eu via minha mãe me encontrando, ela me arrastava pelos cabelos enquanto eu via um grupo de homens enormes espancarem os garotos da Toman.

De longe eu podia ver o sangue vermelho e brilhante escorrer pelo chão e sentir o cheiro metálico que carregava.

Eu gritava a plenos pulmões, sentia meu cabelo descolar do couro enquanto lutava pra chegar até eles.

– É tudo culpa sua! – Minha mãe destilava seu veneno – Eles vão morrer por que você não foi capaz! Você nunca é capaz de nada, e eu vou passar o resto da sua mísera vida, te lembrando disso.

Vi por meio dos meus olhos embaçados de lágrimas, o corpo de um dos meninos cair no chão, era meu primo, seu cabelo estava desgrenhado e salpicado de vermelho.

Vi sua boca se mover e forcei meus olhos a focarem.

– Acorde!

Abri meus olhos e me sentei em um pulo, Wakasa estava na minha frente, suas mãos seguravam meu rosto.

Harley Gang - Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora