– Que favor você pediu pra deixarem isso no seu rosto? – Mitsuya falou e me doeu ouvir a voz dele, por que eu disse que queria parecer legal pra ele, mas só consigo parecer aquilo que minha mãe fez de mim, uma prostituta.
– Isso foi só pra me levarem até o Izana, acredite, eles já fizeram pior.
– Você já os conhecia antes – Draken lembrou – O que eles pediram da última vez? O que você pediu?
Fiquei olhando pra ele, até que fechei a porta do banheiro e me encostei nela, escorregando até o chão e ficando sentada, suspirei.
– Minha mãe me mandou pro Carson várias vezes, por que sempre que eu tinha que cumprir um contrato, diferente das outras meninas eu não ficava quieta, na hora eu sempre brigava, me debatia... Teve uma vez que eu quase matei um dos clientes dele, e ele me vendeu pra ficar uma semana com esse cara, um magnata do petróleo – Apertei as pernas contra o peito e abracei – Só que esse cara tinha uma reunião aqui em Tokyo e me trouxe junto, quando ele ia me levar pra um motel, eu comecei a me debater, eu entrei em pânico e tentei fugir, eu sabia que ele ia tentar me destruir, eu corri e parei em um beco, eles estavam lá.
– Os Haitanis?
Assenti.
– Eu implorei pra eles, pedi que matassem aquele homem.
– Mas você não estava na Harley? Achei que já tivessem matado esse tipo de gente – Yamaghisi falou baixinho.
– Eu nunca matei ninguém com as minhas próprias mãos, temos uns divisão específica pra isso, a divisão do caos, as pessoas entram nessa divisão por livre e espontânea vontade de matar, seja por qual motivo for, mas a maioria era por vingança – Expliquei – Eles disseram que iam matar ele, mas que ia ter um preço, eu disse que pagaria, afinal dinheiro não era problema... Mas no final não era dinheiro que eles queriam.
Soltei um riso de escárnio.
– Eles me levaram pra sair depois dali, eu estava tão nervosa, e eu bebi por que quis, por que queria esquecer, então Ran veio e disse qual seria o pagamento – Engoli em seco, vi os olhares que eles me lançaram – Não façam essas caras, eu tinha bebido mas sabia o que estava fazendo, eu falei que tudo bem, querendo ou não eles tinham me salvado de um velho nojento, e eles são bonitos não posso dizer que não – Ri da minha própria desgraça – Aí, sabem, aconteceu, mas eu descobri que o mais novo gostava de... "marcar" as coisas que ele gosta, e eu estava com tanta raiva da minha mãe pelo que ela fazia comigo, eu pensei "Se eu estragar meu corpo, talvez eu não precise mais fazer parte dos contratos", então eu pedi pra ele me marcar.
– O que ele fez? – Baji me olhava, não conseguia decifrar sua expressão.
Estiquei a perna direta e abaixei um pouco a lateral da calça que eu usava, uma cicatriz de uma letra H com talvez dois dedos de tamanho estava ali.
– Na hora eu pensei... Eles mataram alguém pra mim, vão estar me ajudando com essa cicatriz também, que mal tem deixar me fazerem uns cortes? – Levantei a barra da calça de novo – No final minha mãe mandou um cara me espancar e disse que tinha sido assalto.
Um silêncio se fez durante alguns segundos.
– Que se dane, esse é o maldito mundo em que vivemos, não é mais o dinheiro que compra tudo, agora as pessoas são a moeda – Me levantei e fui até a mala abrindo e pegando uma outra camisa.
– Mas não devia ser assim, você não devia achar que está tudo bem – Mitsuya colocou a mão do meu braço e por instinto eu me encolhi, ele se afastou.
– Não devia mas é assim que as coisas são, me desculpem meninos, eu não deveria envolver vocês nisso – Coloquei a camiseta rápido e procurei uma máscara.
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Harley Gang - Tokyo Revengers
Hayran KurguA vida de Hanako nunca foi fácil, mas agora está pra piorar. Após alguns meses sem ver seu primo, ela convence sua mãe a deixá-la ir morar com ele e sua tia, mas é aí que as coisas começam a desandar. Hanako odeia pessoas num geral, tudo que mais...