Capítulo 10

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Eu não sei se a música que coloquei aqui vai pegar, provavelmente não, pois já tem com imagens que não foram, mas escolhi a música Surrender de Natalie Taylor.

Beijos.

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Aquele silêncio era ensurdecedor e chegava a incomodar, nós encaramos por longos minutos, até a governanta voltou, pareceu notar o clima tenso que estava pairando sobre nossas cabeças e voltou sua atenção unicamente a Liam.

— Sr. Madison, a suíte está pronta. — anuncia ela.

— Obrigada, srta. Dellavera, faça-me outro favor, chame um táxi para a moça. — ordenou ele, novamente, seu olhar duro e impassível, não desviaram dos meus nem por um minuto.

— Como desejar, Sr. Madison — diz ela, com um sorriso genuíno no rosto.

Impressão minha ou ela gostou do que estava acontecendo? Ao menos eu sei o que está acontecendo? Comecei a rir sem graça e passando uma vergonha sem igual. O que eu vim fazer aqui? Eu deixei o canalha do meu chefe me tocar para nada? Onde eu estava com a cabeça?

Isso fugia de tudo até para meus padrões de sociedade, ainda bem que não fui tão fundo com isso, talvez fosse melhor assim. Mas parte de mim, queria saber o motivo de estar sendo dispensada na cara dura, se há uma hora atrás estávamos em um momento único e quente. Meu coração pesava, os olhos marejavam, mas não ia dar esse gosto a Liam Keith Madison, talvez toda essa luta dele deve ser por ele merecer, mas eu não deveria ter vindo aqui ou ter deixado isso ir longe demais.

O que estava acontecendo comigo? Eu só podia estar maluca, achando que Liam iria olhar para mim, além do profissional. Quase ultrapassamos dos limites rígidos aqui. Me levantei com um sorriso digno e lhe disse apenas para descansar e perguntei:

— Ainda tenho um emprego?

Ele me olhou de uma maneira sombria, que me deu arrepios.

— Sim, srta. Montgomery. — respondeu friamente.

Ele me deu suas costas como resposta e sumiu da minha vista. Respirei fundo em um gesto deprimente e me direcionei a porta, peguei meu telefone guardado em minha bolsa, que havia até esquecido que carregava, abri a porta imensa metálica da casa de Liam e caminhei até a saída, disquei o número de Stacy. Antes que eu pudesse me entregar a minha vergonha pessoal, pedi para que ela me buscasse.

Como pude ser tão burra?

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Eu não sei o que houve de errado comigo ou com ele ou com o momento. Mas ter sido rejeitada dessa forma extraordinariamente ridícula, já me dizia muita coisa. Eu não deveria ter cedido a tentação, não devíamos nem ter começado tudo isso, onde foi que eu errei, deixei ele me tocar pra ser rejeitada como um bicho. Mal via a hora de começar meu novo emprego, faltava apenas quinze dias, eu poderia aguentar até lá. Eu poderia fazer isso?

Eu te avisei, burra, você conseguiu ser fácil de primeira para o maldito do seu chefe, gritou minha deusa interior. Sentada no banco de trás do carro do namorado de Stacy, mergulhei em meus pensamentos profundos, estava tão magoada com que havia sentido ao toque de Liam, aos beijos encenados trocados por nós, sou tão inexperiente nesse assunto. Na faculdade, recusei tantos convites focando somente nos estudos, querendo crescer, procurei o profissional e meu pessoal está todo bagunçado, por um sentimento que desconheço completamente. Meu pai aprovaria essa minha conduta? Minha mãe compreenderia meus sentimentos, agora tão confusos?

Stacy segurava minha mão, pude ver seus olhos penalizados, mesmo tentando me passar força. Quando chegamos ao meu humilde apartamento, cumim já me esforçava para quitar suas despesas, todas as minhas batalhas quase foram para o lixo, tudo por anos para acabar assim? Não ia deixar. Que maneira mais idiota de um contrato e o que aconteceu, não fazia parte. O beijo seria o problema maior entre nós, mas será que fiquei doida?

Stacy preparou uma bela ducha para mim e separou uma camisola de bananas que eu amava, e pediu potes de sorvetes de três sabores diferentes, para degustarmos minha vergonha. Por que eu estava tão chateada? Eu deveria agradecer, afinal o "namoro" já havia se excedido quando saímos do Plaza. Quando o delivery chegou 40 minutos atrasados, eu estava saindo do banho. As lágrimas queriam descer, mas deixando elas descerem eu mostrava minha vulnerabilidade, mas era a Stacy. Quando ela se virou para mim, atenta e preocupada, permiti desabar.

— Calma amiga, venha cá — consternou e veio ao meu encontro.

Ela me conduziu até o sofá, e me abraçou esperando que eu terminasse de chorar até soluçar. A vida é um rio, nunca se sabe pra que lado a correnteza está indo. Eu me sentia como esse rio. Não é que ele fosse uma pessoa querida por mim, mas se rejeitada por ele acho que foi a chave de tudo. Stacy alisou carinhosamente meus cabelos já desgrenhados e molhados.

— Quer falar sobre isso? — pergunta cautelosamente.

— Eu não sei sobre o que dizer, Stacy. — digo, fungando enquanto me recuperava dentro do meu próprio orgulho interno ferido.

Ela riu baixinho.

— Que tal dizer, como tudo isso começou? — replicou.

Respirei fundo e lembrei como era feliz antes do infeliz pedido de ter um dia como sua namorada. Apesar de ser meu chefe e não haver nenhum tipo de relação a mais do que só puro profissionalismo e que eu o odiasse com todas as forças, não podia deixar de me sentir assim. Contei tudo com detalhes para Stacy que ficou boquiaberta com a história. Completei com a cena pós-namoro que tinha sido algo sexy e alucinante para mim.

Ela jogou repetidamente a almofada de algodão na minha cara e me desferindo palavras horríveis, mas que me faziam rir.

— Você ia transar com o horrível do seu chefe? — perguntou enfurecida.

— Estava tudo tão...confuso na hora, mas eu queria me entregar, mas depois ele mudou e...— não consigo terminar a frase quando ela me lança vários tapas leves em meu braço me fazendo rir.

Mas sua expressão furiosa era preocupante nesse momento, se tive medo de Liam, imagine Stacy.

— Você ficou completamente maluca? — gritou. — Ele foi um babaca, imbecil, mas você se prestar a...isso? É demais pra mim! — exclamou furiosa e se levantou até a cozinha e pegou um vinho e duas taças.

Ela encheu as taças e brindamos a minha burrice.

— E agora, Morgan, o que será que vai acontecer? — perguntou.

— Provavelmente estarei despedida até o fim dessa semana. — ralhei.

Ela sorriu forçadamente e puxou meu cabelo.

— E seu pai? — diz ela com raiva. — Como ele vai ficar? Ele vai pagar o que prometeu, depois de tudo, depois de ter ferido sua virtude e dignidade, isso seria o mínimo, certo?

Dei de ombros.

— Vou resolver isso, amanhã. — digo, na esperança de acalma-la.

Ela dá um um longo gole e acaba tendo de encher novamente sua taça. Ela parecia uma das mães de seus alunos, que protegia sua cria a qualquer custo, no caso ela estava parecendo minha própria mãe.

— E irei com você, ele pensa que ele vai machucar você assim, e ficar por isso mesmo? Está muitíssimo enganado, ninguém mexe com um dos meus! — adverte ela. — Ainda bem que não entrou no táxi que ele pediu.

Sorri em agradecimento a minha melhor amiga.

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