Capítulo 6

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"Loucuras e absurdos, caprichos e inconsistências me divertem, eu admito, e rio deles sempre que posso."

— Orgulho e Preconceito.

17 de abril 1843

Penny voltava da casa de seu tio Benedict com Maggie. Tinha ido ver Vio, que também estava ali para a temporada social. Sua prima tinha virado uma espécie de sensação dos salões londrinos. O que não era extremamente chocante, já que Vio era tudo o que uma dama deveria ser, mas sua primeira temporada não foi um sucesso. E aquilo, de certa forma, dava esperanças para Penny. Ela podia ser um fracasso total agora, mas talvez na sua próxima temporada as coisas se ajeitassem. Ela e Maggie cortaram caminho pelo St. James Park. Penelope queria caminhar um pouco, admirar o paisagismo do local. E como sempre acontecia quando ela estava entretida com algo, se distraiu, apressando o passo. Quando se deu por si, estava sozinha, nenhum sinal de sua dama por perto.

— Opa, acho que eu a deixei para trás — sussurrou para si mesma.

Decidiu esperar por ali para que Maggie a alcançasse. Chegou mais perto do lago e observou os patos deslizarem sobre a água verde espelhada. Desejou ter trazido pão para jogar para eles. Olhando ao redor, viu uma figura masculina e morena sentada em um dos bancos próximo à ela — Penny congelou.

Era Lorenzo Thorne.

Penélope poderia ir embora antes que ele a visse, evitando assim sua presença desagradável. Mas a verdade era que não o via desde a tarde no Hotel Griffith, e estava morrendo de curiosidade sobre o que ele estava fazendo ali. Parecia tão solitário.

Ela morde o lábio indecisa. E como sempre, tomou a pior decisão. Se aproximou devagar, pisando com cuidado a fim de evitar qualquer barulho. Se pôs atrás de um arbusto atrás do banco dele, e o espionou.

Lorenzo tinha saído para cavalgar cedo e no momento tinha aproveitado a calmaria do parque para descansar. Tinha inclusive tirado o casaco e deixado dobrado ao seu lado, no banco. Ouviu alguns barulhos de passos em meio a grama e ao levantar os olhos, viu que a srta Crane estava andando sozinha até o lago. Como não estava com paciência para conversar com a garota, fingiu que estava distraído e que não tinha a notado.

Percebeu o exato momento em que a garota tinha percebido a presença dele e então ficou observando o que ela faria. Só não esperava que a maluca fosse ficar o espionando. Depois de alguns minutos desconfortável, sentindo o olhar dela cravado em sua nuca, Lorenzo decidiu acabar com aquela palhaçada.

E sem ao menos se virar para ela, ele começou a dizer em voz alta.

— Srta Crane, temo que irá morrer entediada se ficar mais um minuto aí me espionando. Não tenho nada a esconder e só queria um momento de paz, que a senhorita já conseguiu estragar.

Penelope eleva a cabeça por detrás do arbusto. Droga! Fora pega.

— Eu não... — a voz dela falha, estava vermelha da cabeça aos pés — Eu não estava o espionando. — Ela junta toda sua dignidade e sai do esconderijo. — Eu estava... Observando os patos. Nem percebi o senhor aí — a desculpa era péssima, e Penelope sabia.

Ela alisa as saias, mantendo a cabeça baixa. Não estava lá com muita coragem de encará-lo. — E o que está fazendo aqui? — pergunta ela, mexendo nas sobras plissadas do tecido.

Lorenzo solta uma risadinha debochada.

— Pois deveria observar os patos na beira do lago e não atrás das árvores, srta Crane.

Ele deixa de lado o jornal que estava segurando e a observa dos pés à cabeça.

— Eu ia ler o jornal do dia, mas temo que não vou mais conseguir fazer isso.

𝘼 𝙋𝙧𝙤𝙢𝙚𝙨𝙨𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩ã𝙤Where stories live. Discover now