Capítulo 24

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"Existem muito poucos que têm coração o suficiente para estar realmente apaixonados sem encorajamento."

— Orgulho e Preconceito.

Agosto de 1834

Algumas semanas depois, Penny e Georgie foram visitar Violet em Wiltshire. A expressão nada animada da moça refletia na da mais velha das Crane, e Georgiana se sentindo deslocada, foi até a biblioteca ler um pouco.

— Acho que espantamos ela — resmunga Penélope, que estava esparramada na cama de Violet.

A prima tinha o rosto enterrado em uma revista feminina, mas Penny via o olhar dela vagar pelo quarto, parecendo mais interessada na cor das paredes do que nas páginas.

Violet vira em direção a Penélope.

— O quê?

Penny assopra uma mecha do cabelo, que volta, caindo sobre seu rosto.

— Estou dizendo que estamos insuportáveis — ela vira o rosto, fitando Violet — Eu tenho os meus motivos, mas e você? Por que está ranzinza?

Violet respira fundo e sente os olhos arderem com as lágrimas.

— A mãe de Nathan apareceu aqui, me pedindo para eu me afastar dele. Eu acabei fazendo isso e ele ficou furioso e foi embora. Ele disse que precisava de um tempo para entender o que eu fiz e desde então não voltou... Oh Penny, estava tudo tão perfeito, eu fui uma idiota.

Ela olha para a prima, envergonhada em ter que falar daquilo.

— E você? Como que está? Eu estava sem graça de falar sobre isso com você antes, pois estava tão feliz com Nathan e... Me desculpe, Penny. Eu não sabia como tocar no assunto com você.

Ela olha feio para a prima.

— Não acredito que você não colocou a megera para correr e ainda fez o que ela pediu — Penny se senta — Vio, todos que viam vocês sabiam que se gostavam. Só eram cegos demais para perceberem logo de cara... Não sei o que a harpia disse, mas você deveria se ajeitar com ele.

— Agora eu percebi que fui uma tola em fazer o que ela disse, mas é tarde demais... — ela respira fundo e olha para a janela, pensando no que ele estaria fazendo naquele momento — mas vou esperar mais um pouco, ele disse que iria voltar, então estarei aqui esperando por ele e nunca mais irei acreditar nessas megeras.

Penny balança a cabeça.

— E não se preocupe comigo. Eu não estou exatamente na minha fase mais agradável e falante, logo, a companhia do seu duque iria ser mais interessante de qualquer forma.

Ela suspira.

— Eu mandei cartas à Luna, ela é muito discreta em relação à família e não dá muitos detalhes. Apenas que estão bem e sentem falta de Londres. Eliza me manda lembranças, mas ela nunca menciona Lorenzo — ela pondera — Na verdade só uma vez. Luna disse, em uma das primeiras cartas, que ele viajou, e iria passar um par de meses fora. E depois disso nunca mais. Não tive coragem de perguntar diretamente se estão noivos ou se...— ela abaixa a voz — se casaram.

Violet volta a olhar para Penny.

— Isso é tão absurdo que eu nem consigo acreditar. Não tem como ele se casar com ela, não é certo. Ele disse que te ama...

Ela segura a mão da prima.

— É tão angustiante não saber o que está acontecendo. Nem consigo imaginar o que você deve estar passando, com essa incerteza se ele está casado ou não com a sua amiga, que todos sabem que era como uma irmã para ele.

Penny pondera um instante e balança a cabeça. Depois de um tempo diz:

— Eu acredito que ele volte, Vio. O duque te seguia com olhos de cachorro, e nós sabemos que cachorros não vão para muito longe de seus donos.

Violet abre a boca, chocada e atira uma almofada em Penny, que ri.

Era a primeira vez em dias que ela dava uma gargalhada, e até ficou surpresa com o som.

Depois de se recuperar, olha para a prima.

— Eu queria muito que Antônia estivesse errada... Mas a cada dia que passa, acredito que possa ser verdade. Ele disse que tinha algo importante a fazer que não me envolvia. Não é muito complicado juntar as peças.

Ela suspira novamente e volta a se deitar.

— O fato é: pode parecer cedo ou até precipitado, mas não vou voltar para Londres. Não quero uma segunda temporada, pelo menos não tão cedo.

— Espero de coração que ela esteja errada, você sempre disse que as Brougham eram um pouco lentas, vai ver ela entendeu errado...

Violet falou aquilo, mas no fundo também estava com medo de ser verdade, ainda mais depois que Penny tinha contado o que o Sr Thorne tinha dito no último encontro deles.

— E sobre Londres, eu também me recuso a participar da próxima temporada. Podemos sofrer pelos nossos corações partidos aqui no campo enquanto comemos muitos doces.

Penny dá uma risada cansada.

— Não podemos apenas ficar com a parte do campo, sem todo esse sofrimento? Estou cansada disso.

Penny se senta, balançando as pernas.

— E eu ainda acho que é tolice sua ficar sofrendo. O seu coração ainda tem remendo, prima. Agora vá lá e ajeite isso.

Violet esconde o rosto atrás do livro, e solta um resmungo.

Penny se põe de pé e estica os braços.

— Estou oficialmente desistindo de morfar em casa, vou dar uma volta. Vamos?

Autoria: Íris L. e Isadora F.

𝘼 𝙋𝙧𝙤𝙢𝙚𝙨𝙨𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩ã𝙤Where stories live. Discover now