"A reflexão deve ser reservada para momentos solitários; assim que fico sozinha eu volto a refletir; e não passo um dia sem meus passeios solitários, durante os quais posso me permitir toda a delícia das recordações desagradáveis."
— Orgulho e Preconceito.
Julho de 1843
Uma semana. Há exatamente uma semana tudo ao redor de Lorenzo havia desabado. Com o escândalo envolvendo Cromwell e Luna, não havia muito mais a fazer com sua família a não ser ficar em casa. Luna estava inconsolável, não só por ter sido envolvida em um escândalo, como também por ter passado por uma humilhação e desilusão amorosa.
Obviamente a sociedade não havia perdoado Luna, mesmo ela sendo inocente. Inúmeras cartas retirando os convites, que haviam sido feitos antes, foram recebidas, notícias maliciosas nos jornais apareciam a cada dois dias e até uma charge havia sido publicada.
Lorenzo e Eliza se revezavam em jogar fora os jornais que recebiam, para evitar que Luna visse, mas nem sempre era possível.
Carmem de nada ajudava, sempre chorando e culpando todos a seu redor pela desgraça que havia acontecido e Lorenzo já estava começando a ficar irritado com ela por sua falta de empatia com a própria filha, sempre comentando da perda que tinha sido aquele bom partido que era James.
Até mesmo ele havia sido afetado com o escândalo, tendo recebido algumas cartas rescindindo contratos e um dos clubes que frequentava havia mandado uma carta "desaconselhando o mesmo de aparecer no estabelecimento por um tempo indeterminado". Aquela tinha sido a carta mais ridícula de todas na opinião dele.
Lorenzo sentia-se culpado por tudo que havia acontecido. Não tinha notado as falhas de caráter de James e tinha colocado Luna em uma péssima situação. Tinha falhado com Carmem, por não ter conseguido arrumar um bom casamento para sua filha. Tinha falhado com sua mãe, que tinha acabado se envolvendo no escândalo. E para ele, a falha que mais doía em seu peito envolvia Penélope e Javier.
Não tinha conseguido manter a irmã de seu melhor amigo em segurança. E não tinha conseguido pedir em casamento a mulher que ele amava.
Não sabia quando tinha começado a sentir isso pela srta Crane, mas não tinha dúvidas de que o que sentia por ela era amor.
Não sabia muito bem o que fazer naquela situação. Sempre foi um homem muito decidido no trabalho, mas naquele momento não estava lidando com negócios e com a imprevisibilidade do mar. Estava lidando com o sofrimento de três mulheres que tinham sido arrastadas para a lama frente a todas as pessoas mais importantes da Inglaterra.
Já tinha algumas coisas em mente do que poderia fazer, mas sempre acabava descartando as ideias e então voltava à estaca zero.
Eliza morde o lábio ao ver a expressão frustrada do filho debruçado sobre a escrivaninha escura analisando uma papelada.
Aqueles dias tinham sido difíceis para todos, mas ela, como mãe, ficava ainda mais infeliz ao ver que o seu filho estava descontente.
Sabia que ele se culpava, mesmo que não proferisse uma palavra. Estava sempre tomando a frente de tudo para que nenhuma das mulheres da casa lidarem com as consequências daquele escândalo.
E Eliza se sentia ainda pior por estar indo falar com ele. Mas era necessário que algumas mudanças fossem feitas.
— Querido — ela chama com carinho.
Se senta na poltrona de frente para a mesa dele.
— Parece tão cansado — ela observa — Você dormiu algo nesses últimos dias?
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𝘼 𝙋𝙧𝙤𝙢𝙚𝙨𝙨𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩ã𝙤
FanfictionPenelope Crane nasceu do amor de Eloise Bridgerton e Sir Phillip Crane. Espirituosa, bela e inteligente, ela tinha tudo para ser uma das incomparáveis da temporada, mas seu temperamento esquentado e sua língua afiada a tornaram não só mais uma debu...