Capítulo 28

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"Para que vivemos senão para brincar com os nossos vizinhos e rir deles por nossa vez?"

— Orgulho e Preconceito.

Outubro de 1843

Lorenzo acabou se alongando em Romney Hall, e por maldade do irmão mais velho de Penelope, o capitão foi convocado a conhecer a estufa de Sir Phillip .

O patriarca da família soltou um bufo descontente ao ver o espanhol entrar em seu espaço, e só porque podia, resolveu testar a boa vontade do rapaz.

Se ele estava tentando fazer parte daquela família, era bom que se esforçasse.

Entregou a ele um balde cheio de esterco, e o instruiu:

— Deve amassar os pedaços maiores e deixá-los esfarelados para que coloquemos nos jardins. As flores são sensíveis, então não podemos utilizá-los assim.

O capitão franze as sobrancelhas, e Phillip morde as bochechas escondendo um sorriso.

— E não temos luvas —diz Oliver sem esconder um sorriso de puro prazer — Mão na massa, capitão.

Lorenzo cerra os olhos em direção ao irmão de Penelope. Tinha acabado de ver o patife escondendo as luvas sobressalentes no bolso da calça.

Sabia o que o patife estava fazendo e não iria se assustar com isso. Obviamente não estava nenhum pouco animado em colocar a mão ali, mas se era essa a forma de ser aceito pela família dela, que assim fosse.

Ah, mas como gostaria de enfiar a cara daquele rapaz naquele balde... Com isso em mente, afundou a mão no esterco e começou a amassar os pedaços, xingando baixo em espanhol.

Georgiana saiu de casa rumo a estufa para ajudar seu pai e Oliver. Tinha ficado aborrecida quando seu irmão mais velho tinha chamado Lorenzo para ir com ele para lá e pedido para ela ficar em casa com as mulheres.

Assim que se aproximou da estufa, descobriu o motivo pelo qual tinha ficado de fora.

Sem se conter, ela entra na estufa, observa Lorenzo amassando o esterco com as mãos e então ela morde os lábios, segurando uma risada.

Ela olha para seu pai e Oliver, que pareciam constrangidos por ela ter visto aquilo e então ela volta a olhar para Lorenzo, com desdém.

— Não sabia que o pessoal da Espanha lidava assim com o esterco.

— Não é — diz Lorenzo, incomodado.

— Ah, achei que fosse. Oliver, me dê a minha luva que está no seu bolso, quero continuar meus trabalhos.

Ela estica a mão para o irmão, que entrega a luva e ela sai para o outro lado da estufa, para continuar seus experimentos.

— Vocês sabem que Penelope vai acabar com a raça de vocês né? Quero só ver mais tarde... — ela solta uma risadinha e se concentra no que estava fazendo.

Lorenzo eleva uma sobrancelha para Oliver, em desafio. Não iria fazer nada contra o futuro cunhado, mas só de saber que Penelope provavelmente iria infernizar o patife, ele já estava mais do que satisfeito.

Phillip solta um grunhido. Sabia que mais tarde teria que ouvir algumas reclamações não só da filha, como também da esposa.

Ele passa por Lorenzo e diz que o rapaz deveria por mais força na tarefa.

— Tem que deixar a massa vazar por entre seus dedos — ele comanda em tom ríspido.

Se iria para forca, que fosse por uma boa razão.

Oliver se engasga com a própria risada. Tossindo uma última vez no rosto do capitão, fazendo a terra mal cheirosa se espalhar.

— Modos, Oliver — Phillip repreende com divertimento — Não queremos o noivo de Penelope cheirando a número dois de Florence.

𝘼 𝙋𝙧𝙤𝙢𝙚𝙨𝙨𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩ã𝙤Where stories live. Discover now