Capítulo 27

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"Se os seus são ainda os mesmos que manifestou em abril passado, diga-o imediatamente. Minha afeição permanece inalterada; basta porém uma única palavra sua para fazer com que me cale para sempre."

— Orgulho e Preconceito.

Outubro de 1843

Era meio de outubro e o clima já estava começando a esfriar em Romney Hall. Mas isso não impediu Penelope de fazer sua costumeira cavalgada pela manhã.

Porém, aquele dia havia levantado mais cedo que usual. A verdade é que mal dormira a noite inteira, o que costumava acontecer com frequência desde que retornou de Londres.

Ela veste um par de calças que pegara de Oliver, assim como a camisa e um casaco longo. A com a propriedade ainda despertava aos poucos quando ela sai cavalgando em meio aos campos banhados de orvalho.

O ar condensado saía pelos lábios entreabertos de Penelope enquanto ela cortava contra o vento entre as árvores. Ela se segurava firme nas rédeas, provavelmente mais tarde teria bolhas nas mãos, mas a sensação de galopar livremente era tão boa que ela não se importava. Os primeiros raios de sol já apareciam no horizonte. A folhagem acobreadas das árvores passavam por ela como um borrão, mas ainda assim, Penelope podia sentir seus cheiros diferentes e frescos.

Costumava dizer que gostava de passar tempo ao ar livre, mas ultimamente aquela atividade só servia para suas escapadas quando precisava de um tempo sozinha. Percebendo o cansaço da égua, Penelope diminui o ritmo para um leve trotar, ainda teriam um caminho mais ou menos longo de volta a casa.

Depois da conversa com Luna, Lorenzo sentiu que havia tirado um peso enorme das costas e por fim decidiu fazer o que queria, que era pedir a mão de Penelope em casamento.

Zarpou imediatamente para a Inglaterra e agora estava atracado no porto de Dorset. Tinha chegado no final da tarde e como estava ansioso, como nunca esteve na vida, alugou uma carruagem e partiu de imediato para Gloucestershire.

Chegou na vila próxima onde Penelope morava de madrugada e depois de se lavar e trocar de roupa na estalagem onde se hospedou, não conseguiu parar quieto um segundo sequer, esperando apenas o nascer do sol para poder ir atrás de Penelope.

Ficou observando o céu mudar de cor e quando viu os primeiros raios de sol, saiu decidido em direção à propriedade dos Cranes.

Assim que chegou perto da estrada que dava para a entrada da propriedade, Lorenzo titubeou. Estava muito cedo para perturbar a família dela, por mais que ele quisesse vê-la logo.

Olhou no relógio que tinha no bolso e soltou um xingamento. Pelo visto, teria que esperar horas ali na estrada, até que fosse um horário decente.

Tinha desmontado de seu cavalo e estava andando de um lado para o outro, nervoso, até que escutou o relincho de um cavalo ao longe e uma pessoa vindo em direção a ele.

A pessoa estava com calças compridas e montando à cavaleiro, mas Lorenzo notou ao longe os cabelos esvoaçando ao redor dela enquanto cavalgava em direção a ele e sentiu seu coração palpitar ao perceber que só poderia ser Penelope.

Penelope respira o ar puro enchendo os pulmões e fecha os olhos, apesar do frio, o clima não estava ruim. Dorothea relincha e Penelope se inclina para acalmá-la.

— Me desculpe, Dolly, mas dessa vez não trouxe-lhe uma maçã.

Ela ainda trotava, estava no pasto próximo a entrada da propriedade.

Um movimento discreto lhe chama a atenção pelo canto do olho. Ela puxa as rédeas parando a égua. Um homem caminhava em sua direção. Alto e moreno. Penelope conhecia aquele andar, conhecia aqueles trejeitos. Não seria possível... Ou seria?

𝘼 𝙋𝙧𝙤𝙢𝙚𝙨𝙨𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩ã𝙤Where stories live. Discover now