Capítulo 3

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"Não é a incivilidade geral a própria essência do amor?"

— Orgulho e Preconceito.

15 de março de 1843

Penelope não tocava pianoforte muito bem, e muito menos cantava. Odiava bordar e não ligava muito para aquarelas. Também não tinha muita paciência para leitura, a não ser que um assunto realmente lhe interessasse. Como uma vez em que um dia leu dois livros inteiros sobre lanternas mágicas e como projetá-las. Tinha ficado encantada com o dispositivo depois que o viu em uma apresentação na feira do vilarejo.

Ela também não era a mais excelente das dançarinas, mas gostava de dançar. E se divertia fazendo isso, e para Penny era o bastante.

Mas havia duas ou três coisas nas quais ela era boa. Por mais que ela não fosse do tipo presunçosa, ela sabia que era ótima em cavalgar — não com aquelas selas laterais, cavalgava com uma perna de cada lado, como um homem —, era habilidosa com jogos, era uma ótima corredora, sem contar que desenhava como ninguém.

E diferente do que é recomendado para qualquer dama, Penny não usava de seu talento para reproduzir flores, animais ou qualquer coisa feminina. Gostava de usar essa habilidade para irritar os irmãos e primos, os retratando com algumas características de animais e objetos.

Costumava desenhar o rosto de Oliver no corpo de uma doninha-anã e espalhar os retratos por Romney Hall com os dizeres: procura-se.

E nesse instante Penélope estava deitada no sofá da sala de visitas de seu tio Colin, com as coxas apoiadas no braço do móvel, enquanto suas pernas pendiam, balançando.

Ela segurava o caderno próximo ao rosto, enquanto esfumava com o dedo médio o contorno dos cabelos negros do desenho. Encarou os olhos levemente puxados do homem na folha de papel e ele parecia olhar de volta. Penny não evitou uma risadinha ao observar o par de chifres que havia desenhado nele. Era o homem que havia conhecido no baile.

Bom, não exatamente conhecido. Ela não tinha ideia de quem ele era ou como se chamava, só sabia que era insuportável. Com o lápis, ela voltou a desenhar traços finos em volta dos olhos dele. Deixando os cílios mais cheios.

Lorenzo estava passeando por Bloomsbury com seu amigo e sócio, o Sr Branham. Tinham combinado de ir a um novo clube que havia aberto e estavam quase chegando ao local quando seu amigo o arrastou à casa de um ex-colega de faculdade, dizendo que precisava falar com o rapaz rapidamente e então seguiriam o caminho deles sem nenhuma outra interrupção.

Ao chegarem ao local, Alistair, seu amigo, contou quem era o rapaz. Se chamava Thomas Bridgerton, filho de um escritor renomado e sobrinho de um Visconde. Lorenzo já havia ouvido falar da família, mas ainda não havia sido apresentado formalmente a nenhum deles.

Assim que chegaram na casa, o mordomo avisou que o Sr Bridgerton estava no escritório e Clifton foi convidado a subir até lá.

Lorenzo, sem querer se intrometer na conversa dos dois, decidiu ficar aguardando embaixo e foi levado pelo mordomo até a entrada da sala de visitas, onde ficaria aguardando.

Ao entrar no recinto, notou que não estava sozinho. Uma das poltronas da sala estava virada de costas para a entrada e pôde ver que um par de pernas com meias delicadas de cetim estavam balançando vigorosamente para fora do apoio lateral da poltrona.

Constrangido por ter interrompido o momento de privacidade da mulher, ele tossiu discretamente, para que sua presença fosse notada e assim alertar a pessoa que tinha mais alguém na sala.

𝘼 𝙋𝙧𝙤𝙢𝙚𝙨𝙨𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩ã𝙤Where stories live. Discover now