DIFÍCIL JORNADA

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Apresento-lhes o Ceifador de Mundos.🔥😈
Votem e comentem, meu povo! Esse é meu incentivo para continuar a escrever pra vocês.
🥰❤️
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Seth

Já faz incontáveis eras desde que abandonei o planeta que deveria ter chamado de lar; eu não podia permanecer num lugar onde sempre fui tratado como escória, por causa da minha origem mestiça, mesmo meu pai sendo o rei, o que me tornava um príncipe da casa real. Minha mãe fora adquirida num leilão, como item raro, colhido num planeta de passagem chamado Terra. Pelo que fiquei sabendo, meu pai não esperava que a pequena humana fosse compatível com sua espécie a ponto de dar cria e se aventurou por suas curvas. Como resultado, nasci e isso causou sua ruína. Seus parentes mais próximos usaram a relação proibida entre espécies como desculpa para tirá-lo do poder, o que culminou em sua morte e na da minha mãe, porque ele não aceitou ser deposto sem lutar.

Naturalmente, o quanto pude ser maltratado até chegar a uma idade jovem, isso foi feito. Se não fui morto, foi unicamente porque não seria tão divertido brincar com um cadáver. Era agradável maltratar uma aberração, mesmo que este fosse o príncipe herdeiro. Mas enquanto meu corpo era sacrificado ciclo após ciclo, minha vontade foi moldada; eu me tornei mais forte. Ao me tratarem como um animal feroz, isso foi exatamente o que me tornei. Na mesma proporção que meu desejo de vingança crescia, meu corpo também cresceu e ficou forte, ainda mais forte e poderoso do que os guerreiros de origem pura. No fim, percebi que ser mestiço tinha lá suas vantagens. Isso despertou a ganância deles, que tentaram chegar até a Terra para tomar mais de seu povo, só não contavam que a estrela que brilhava lá seria sua fraqueza. Ironicamente, a maior parte dos nossos recursos foram exauridos tentando obter suas "riquezas".

No final das contas, retornou um rei derrotado, não por uma civilização, mas por uma estrela, e tendo perdido mais de metade de sua frota nessa incursão. Essa foi a chance que eu precisava para dar o golpe de misericórdia. Reagrupei os guerreiros que foram leais ao meu pai e matei o monarca. Tomei sua melhor embarcação, junto com a relíquia de proteção que pertencera à minha família e parti com os meus, disposto a construir meu próprio império. Sem a relíquia que dava vida a Danúbis, o planeta ficou inóspito, rapidamente se tornando gelado e infrutífero. Destruí-los era muito pouco diante de tudo que fizeram à minha família. Que vivessem na ruína que lhes deixei.

Mais tarde, soube que se tornaram nômades conquistadores, vivendo de conquistar planetas, cuja civilização não tinha poderio militar e tecnológico para revidar. Não era muito diferente do que eu também vinha fazendo. A última conquista deles,  de que tive notícia, foi Linaih, mas então eles se tornaram mais ousados e tentaram ir contra uma das civilizações mais poderosas daquela parte do universo, cujo aliado militar era Alzihah. Pelo visto, o príncipe Hyank tinha um forte desejo de morte, por cortejar o imperador Hámmon como inimigo e pior, tentando tomar sua imperatriz. No final, foram quase exterminados e reconduzidos a Danúbis, estando desde então sob vigília dos dois soberanos que ousaram desafiar.

Durante a breve guerra, Hyank me enviou um pedido de ajuda, que foi prontamente negado. É óbvio que ele estava ciente das minhas conquistas, afinal, informações eram uma via de mão dupla e eu fazia questão que soubessem que meu poder crescera exponencialmente, o que me deu um novo nome: o Ceifador de Mundos.
Meus alicerces foram construídos sobre os cadáveres de muitas civilizações; àqueles que não aceitavam se curvar, ofereci o extermínio. Pode parecer sórdido e cruel, mas eu não podia me dar ao luxo de deixar inimigos vivos que pudessem se reerguer e vir atrás de mim, mesmo que num futuro distante. Eu aprendi, através da minha própria história, que não se deve manter com vida alguém que tenha desejo de vingança. Sou a prova viva de que isso é como cultivar a própria morte. Meus semelhantes agora sabem disso. Eles me forjaram; forjaram seu próprio inimigo.

O passar das eras não fizeram de mim alguém melhor, pelo contrário. Pior foi descobrir que minha genética trazia um alto preço. Não consigo procriar com minha espécie e tenho buscado, desde então, a solução em outras raças. Com isso, já foram centenas ou milhares, perdi a conta, de fêmeas que pereceram por minhas mãos, na tentativa de gerar um descendente. Imagino que na Terra eu possa dar solução para o meu problema, mas, definitivamente, isso me faz lembrar a minha própria fraqueza, portanto esse será o último lugar onde buscarei uma companheira, e só depois de esgotar todas as minhas possibilidades. Em honra a minha mãe, deixarei esse planeta de fora das minhas incursões.

A "escolhida" da vez é a rainha de Atlys, o povo elfo. Minha primeira tentativa foi de forma diplomática, mas diante de sua recusa, tive de ser, um pouco, mais incisivo. Como resultado, consegui o que queria e a estou levando de volta comigo. É estranho pensar que no primeiro contato que tive com ela, não fui acometido das sensações conflituosas que venho tendo desde que nossa união foi celebrada. Talvez, eu não tenha tido tempo para conhecê-la bem e só agora consegui perceber a flutuação assassina em volta do seu humor. Naquele primeiro contato ela parecia um livro fácil de ser lido,  porém, algo mudou. O quê?! Realmente, ainda não consigo identificar.

É certo que já usei meios contestáveis de ter fêmeas para minhas tentativas de gerar uma prole, no entanto, a maioria veio de livre e espontânea vontade. Muitas se enganaram em acreditar que eu não fazia jus à minha reputação, pois se era verdade que nem sempre as matei por querer, o contrário também era verdadeiro. Isso nunca foi motivo de arrependimento ou remorso, eu estava fazendo o que precisava ser feito. Por vezes, as recebi de seus próprios entes, em troca de favores. Ter-me como aliado tinha inúmeras vantagens, então, sacrificar algumas fêmeas de sua própria linhagem, parecia um preço justo a se pagar. Com minha atual reputação, raras vezes encontrei, dentre as civilizações que escolhi conquistar, quem quisesse me desafiar. De certa forma, isso me deixava numa situação confortável. Fazer guerra trazia desgaste para meu povo.

Alfa-Kynl foi o planeta escolhido para estabelecer minha base, assim que me tornei forte o bastante e com acesso a recursos ilimitados. A relíquia dos meus ancestrais, foi o suficiente para transformar a atmosfera inóspita do lugar, induzindo a evolução dos microorganismos ali existentes e os fazendo evoluir para o que tenho hoje.  Depois disso, busquei no mercado negro intergaláctico a tecnologia capaz de ocultar meu novo lar, embora estar entre duas estrelas negras já fosse uma garantia de segurança mais que eficaz, eu queria muito mais. Não deveria haver fraqueza em mim que pudesse ser explorada por um eventual inimigo.

— Bem-vindo de volta, meu rei! — Shu, o chefe dos sacerdotes e meu braço direito,  me saúda assim que desço ao deque de desembarque.

— É bom estar de volta! — respondo olhando brevemente para a fêmea que já vai distante na ponte.

Quão apressada ela está para ficar longe de mim?!

NÉFTIS E O CEIFADOR DE MUNDOS: Contos Alienígenas Onde histórias criam vida. Descubra agora