CLIMA ESTRANHO

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Seth

Resolvi fazer uma surpresa para minha fêmea, sabendo o quanto ela deve ter em consideração a rainha de Atlys, já que se "sacrificou" por ela. Então, resolvi convidar a pequena elfa para vir a Alfa-Kynl nos visitar. Até imaginei que o convite seria rejeitado, sendo que são uma raça de seres cautelosos, nas palavras de Néftis; eu diria medrosos. Mas não foi o que aconteceu, tão logo enviei a mensagem, também recebi a resposta positiva. Obviamente, tomei todas as precauções para que meu paradeiro não fosse revelado, por isso, mandei uma embarcação para buscá-la, junto com sua comitiva.

De fato a surpreendi, só que eu também fui surpreendido com a hostilidade emanando da pequena fêmea em nossa frente, direcionado à minha companheira. Se ela conseguia disfarçar bem e enganar a todos, sou a exceção. Essa postura suave e refinada de um nobre é só um disfarce da nobreza para esconder o quão obscuros costumam ser.
Como essa bastarda ousa insinuar que minha fêmea deva se curvar a ela, quando deveria ser o contrário?! Já não sei se foi uma boa ideia trazê-la aqui. Tenho o pressentimento de que há algo errado com essa rainha.

Shu, nossos convidados devem ser vigiados de perto! — dou a ordem telepática, sem que Néftis pressinta — Sejam todos bem-vindos à minha casa! Fiquem à vontade! — aponto a mesa com o banquete servido, já sentindo um amargor por ter que recepcioná-los.

Os servos puxam as cadeiras para nós e assim que minha fêmea vai se sentar, puxo-a para o meu colo, o que provoca seu protesto e olhares maliciosos de alguns visitantes. Não é como se não tivesse feito isso antes, mas nunca na frente de convidados, o que deve ter causado sua estranheza. Faço isso propositalmente, para que todos aqui saibam que Néftis é a soberana desse planeta e do meu coração. Não deixarei que esses nobres voltem a pisar nela. Eles estão exalando excesso de confiança, diferente da última vez que o vi, onde não passavam de animais assustados.

— Seth, temos convidados…— ela me repreende e posso ver suas face corando. Admito que isso me deixa muito excitado, ainda mais depois de ter só um pouquinho de seu gosto há um momento atrás.

— Shhh…eu irei te alimentar… — interrompi, já levando um pedaço de Liriacthia para sua boca, impedindo que ela continuasse a contestar. Essa fruta pode ser usada como barganha para melhorar seu humor, não à toa fiz Shu procurá-la até nos confins do planeta — Muito bem, coma! Você e nosso filhote precisam se fortalecer. — incentivo assim que ela se rende ao sabor em sua boca.

— Eu sinto muito que a transformação tenha te deixado ainda mais frágil! Eu não devia ter feito você assumir meu lugar, era minha responsabilidade. — Jendayi fala olhando para minha fêmea. Sua fala doce não me engana.

— Por que está dizendo isso?! — Néftis a questiona, num tom calmo que nega seu enrijecimento diante dessa fala.

— Porque precisa ser alimentada… só fêmeas que estão inválidas precisam disso… — percebo os risos maliciosos de seus semelhantes e fico a um passo de matar todos eles, porém Néftis aperta meu braço, sob o manto, ao captar meu intento assassino.

— Ah, então é isso?! — interrompo suas bobagens, muito contrariado por não poder quebrar seu pescoço — Eu sou culpado por deixá-la assim mais cedo! — provoco-os, deliberadamente.

— SETH…?! — ela altera a voz, após um breve engasgo e não sei como é possível, mas seu rosto está ainda mais vermelho, sem falar do calor emanando do seu corpo.

No mesmo instante, todos ficam em silêncio de morte e o sorriso da rainha se desfaz. Se eles pensam que vão constranger minha fêmea na minha frente, estão cortejando a morte e não sabem. Se perdoei a traição desse povo, foi justamente por ela. Que direito esses vermes acham que têm de cobrar qualquer coisa dela?!

NÉFTIS E O CEIFADOR DE MUNDOS: Contos Alienígenas Onde histórias criam vida. Descubra agora