Capítulo 24

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SORAYA

Era óbvio que eu tinha ficado bem magoada, fazer o que? As pessoas nos magoam e eu precisava de fato aceitar, se já o tivesse feito não estaria sofrendo tanto. Eu estava triste e com raiva, me sentindo incompreendida, sem amor, no fundo só queria estar grudada a Simone naquele momento, mas ela escolheu assim. Ela escolheu o caminho que levou ao fim de tudo, pelo menos por enquanto e talvez eu nem quisesse mais voltar, nem agora e nem nunca mais, ela não me merecia.

Deitei-me na cama fria por causa do ar condicionado ligado e encolhi-me destruída. Sentia um frio imenso na barriga, meu coração acelerava a cada segundo que passava e meu peito apertava. Queria chorar e pôr pra fora toda a dor que eu estava sentindo, mas isso só me traria a confirmação do que Simone já havia falado antes então sufoquei as lágrimas. Péssima ideia! Meu coração acelerou tanto que parecia estar prestes a sair pela boca. Senti meus dedos das mãos congelarem e o aperto no peito aumentou como consequência. Apaguei, sozinha! Acordei horas depois sem saber direito o que tinha acontecido, mas com 75% de certeza que eu havia desmaiado. Levantei com cuidado e fui tomar um banho e dormir, no outro dia teria muito trabalho pela frente e eu não poderia me dar ao luxo de ficar faltando tanto assim.

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SIMONE

Eu estava extremamente feliz, não poderia dizer que nada de bom tinha acontecido hoje, pois apesar  dos acontecimentos com Soraya, eu tinha revelado algo que estava preso na minha garganta a tempos e o mais importante, soube que tinha o apoio de minha mãe. Eu Tinha me assumido. Eu gostaria que soraya estivesse aqui hoje para comemorarmos juntas, mas infelizmente não foi possível. Me deitei para dormir, mas o sono durou menos de uma hora e meia, um resquício de culpa se apoderou de mim, peguei o celular e disquei o número de Soraya, fiquei o encarando. Não tive coragem de ligar, então me deitei abraçada ao travesseiro que Soraya dormia anteriormente, o cheiro dela ainda era bem forte nele, e lembrei de nós duas deitadas naquela mesma cama, de conchinha, seus cabelos esparramados por todo meu rosto e ela reclamando a falta de cafuné. Adormeci pensando nela.

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Dias haviam se passado, eu estava prestes a voltar hoje mesmo para o Senado após alguns dias trabalhando apenas em casa. Tinha aproveitado um pouco do tempo em casa para refletir sobre os últimos acontecimentos com Soraya, ela fazia tanta falta. Desastrada, vivia com um fogo, adorava ficar grudada e mandava várias mensagens fofas toda hora. Talvez eu não estivesse mesmo preparada para ser o amor da vida dela. Eu não me merecia ela, mas faria de tudo para merecê-la.

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Cheguei ao Senado e a primeira coisa que eu fiz foi ir ansiosa vê-la. Ela estava cada dia mais bonita e deslumbrante e sempre sorrindo. Me aproximei do corredor de seu gabinete onde ela estava conversando com algumas pessoas e vi o brilho dela se apagando. Ela entrou no gabinete e eu a segui tentando uma conversa.

— Soraya? — chamei despretensiosamente.

— O que você quer? — perguntou indiferente.

— Conversar.

— Mas eu não quero. — falou enquanto ajeitava algumas coisas na mesa.

— Soraya, por favor! Eu tenho tanta coisa boa pra te contar, tanta coisa que iria ser maravilhoso para nós duas.

— Não existe mais "nós duas" só existe você agora. Aposto que nem mesmo sofreu nesses dias.

— Soraya, não fala o que você não sabe. Nem todo mundo sofre do mesmo jeito e nem nos vimos nesse tempo. Nao pode afirmar nada. — suspira— E a gente pode voltar e eu dou o melhor pra você e prometo que não vai precisar mais esconder nada.

Amores Ocultos - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora