Capítulo 9

702 62 41
                                    

Simone não retribuiu e se afastou do beijo lentamente, me olhava totalmente confusa sem saber muito o que fazer. Olhou por alguns minutos e depois segurou meu rosto entre as mãos ainda pensativa.

.
.

SIMONE

Tinha uns dias que Soraya me deixava confusa. Os olhares perfurantes em mim desde o primeiro dia que a recebi em casa, olhares esses que me deixavam surpresa e com certeza, muito pensativa a respeito. Nunca pensei que ela estaria sentindo realmente algo por mim e agora veio esse beijo do nada. Eu tinha percebido como ela estava se comportando diferente no café da manhã, mas como eu iria saber que eu estava no meio do rolo dela? Quando senti os seus labios tocarem os meus, eu simplesmente não sabia como fazer ou o que fazer então só me afastei a encarando esperando por uma explicação. Ouvi com bastante atenção o que ela tinha a dizer enquanto pensava em uma resposta e em tudo o que tinha acabado de acontecer.

.
.

— Simone, me desculpa, por favor. Eu não sabia onde estava com a cabeça quando fiz isso. — disse parecendo estar arrependida.

— Isso não é uma explicação, Soraya. Quero uma explicação concreta, algo que realmente faça sentido pra isso que você acabou de fazer. — digo passando as costas da mão na boca como se estivesse limpando.

— Simone, eu... te amo, é isso. Por favor, não leve a mal o que aconteceu, eu perdi o controle, não consegui mais segurar.

— Soraya, loirinha, está confundindo as coisas. — falo colocando uma mecha do cabelo de Soraya atrás de sua orelha. — Você se sentiu tão sozinha e desprezada que o mínimo de afeto e cuidado se transformou em algo grande pra você. Eu não te amo desse jeito. Eu sinto muito.

— Mas não foi de agora, e você retribuía o tempo todo na faculdade e durante essa semana toda.

— Foi cuidado, Soraya! Você era minha amiga na faculdade e minha aluna. Eu como professora me sentia nessa obrigação de cuidar de você também, de te apoiar de todas as formas possíveis. Sou sua amiga agora, mas apenas isso. Não force outra coisa. Se fosse com você, se você visse uma amiga sofrendo você não ajudaria pelo simples fato dela não ser seu interesse amoroso? — ergui uma sobrancelha.

— Eu... eu... eu ajudaria. — Soraya suspirou abaixando a cabeça logo em seguida.

— Foi o que fiz. Não entenda errado, por favor. Tire isso da sua cabecinha ou você vai sofrer mais do que já está sofrendo, Soraya.

— Uma chance, Simone. Por favor, me dê uma chance. Deixa eu provar pra você que você também me ama do jeito que eu te amo.

— Desculpa loirinha, mas você não vai conseguir provar nada porque eu não te amo, não dessa forma que você pensa.

— Me ama de que jeito então?

— Amor fraternal.

— Eu não acredito nisso, Simone. Qualquer um veria. O jeito que você me olha, como você fala comigo, os seus sorrisos...

— Não adianta insistir, Soraya porque eu não te daria chance nenhuma. Você só sofreria ainda mais nisso. Pra que perder tempo comigo se tem outras pessoas melhores que eu que te querem também? Pessoas que te amam de verdade? Acorda, Soraya! Eu só estava sendo gentil com você.

— Uma chance, Simone... só uma. — pede se aproximando de mim, mas eu recuo novamente.

— Loirinha, não vale a pena se humilhar por alguém que não se interessa em você. Não faça isso! Você é bonita, inteligente, amorosa, merece alguém melhor. — digo segurando ambos os ombros de Soraya, na qual ela se solta de forma brusca.

— Vai se foder, Simone! É disso que você precisa! — gritou. 

Vejo os olhos de Soraya se encherem de lágrimas, ela faz uma pausa por alguns minutos e depois me encara séria com um olhar de onça feroz.

— E não precisa me procurar depois. Não precisa vir se desculpar após se tocar do que acabou de fazer. Não precisa dizer que sente muito e que não queria me magoar. E NÃO VENHA FALAR QUE SOMOS AMIGAS TAMBÉM PORQUE NÃO SOMOS MAIS. EU TE ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS — Soraya grita a última parte o mais alto que pode enquanto caminha até o quarto para pegar suas coisas e depois, sai apressadamente ainda eufórica e muito irritada sem ao menos se despedir.

.
.

Ver Soraya daquele jeito me dava nos nervos. Desde a faculdade sempre foi mimada demais, tinha tudo o que queria na hora que queria, e só fazia as coisas quando bem entendia. Ela pensava que isso poderia dar certo no amor também, mas desde quando um amor forçado é amor?! Deixei que ela fosse, era melhor assim para nós duas e pensando bem, até que foi muito bom tudo ter acontecido assim e ela sair de casa desse jeito porque aí, quem sabe, ela esqueceria dessa fanfic que ela criou entre nós duas?! Eu estava uma pilha de nervos, precisava de um banho quente para relaxar então foi exatamente o que eu fui fazer. Demorei quase 1 hora e meia no banho, quando saí me deparo com Maria Luísa deitada de lado em minha cama apoiada sobre o cotovelo me observando com uma sobrancelha levantada.

— Maria? Está fazendo o que aqui?

— Estava na piscina, ouvi gritos e depois vi a loira de salão sair correndo daqui. 'Cê' espancou ela ou o que? O que foi aquilo? — pergunta curiosa.

— Não é da sua conta Maria Luísa. — digo tentando desviar o foco da conversa.

— Ah é? Pois saiba que é da minha conta sim. Aliás, a ideia foi minha. Tô me sentindo muito culpada agora. Pra que maltratar a Soraya daquele jeito? — se senta na cama e cruza os braços.

— Você sabe?

— E tinha como não saber? Ela te comia com os olhos. Eu disse para ela que seria melhor ela te contar logo ou eu faria.

— Agora tudo faz sentido. — suspiro. — Maria, tem que parar de se meter na minha vida. Eu não estava preparada para aquilo e o pior...? Não posso nem me desculpar.  E Maria... eu nem gosto dela desse jeito.

— Ah não?! Não foi o que eu vi quando você ficava encarando ela o tempo todo. A tensão de vocês era grande ali. Quem suportava? Essa negação toda aí é o que? Medo de julgamento? Do que os outros vão pensar de você e como vão te julgar porque você é uma política de direita? Essas coisas são ultrapassadas, preconceituosas. Sabe, dá um jeito! Me pediu pra cuidar dela e é o que estou fazendo. Se você soubesse o quão incrível ela é... — fala e sai batendo a porta.

Não vou dizer que eu não havia ficado surpresa com a atitude de Maria Luísa, mas foi algo completamente desagradável pra mim. Não esperava que ela tinha seguido tudo tão a risca.

Na época de faculdade, Soraya sempre havia me atraído de uma forma diferente das minha outras alunas, mas nunca pensei em nada a mais de que fosse por sua personalidade forte e extremamente teimosa, mas agora Maria tinha feito eu repensar sobre tudo. Ainda não sabia o que iria fazer a respeito do acontecimento de hoje, mas sabia que precisaria fazer algo.

___________________________________

Boa tarde!!!!
Como vocês estão? Segue mais um capítulo para vocês, esperamos que gostem muitíssimo!!

O que acharam do capítulo? Comentem aqui e se sintam a vontade para dar sugestões!!

Um abraço!

Amores Ocultos - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora