Capítulo 5

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O ar-condicionado não dá conta do calor que faz naquela manhã. A movimentação que sente embaixo do lençol que cobre sua cintura arranca um riso sonolento de Jeff e, ao esticar um dos braços para alcançar o responsável, é recebido com um tapa.

Outro riso é interrompido por um gemido quando sente os lábios carnudos ao redor de si. Ela afasta bem suas pernas sem dificuldade alguma e continua seu trabalho. Novamente Jeff tenta usar uma das mãos para segurar a cabeça que se move na altura de seu quadril, e dessa vez é interrompido com um aperto firme no pulso.

A intensidade com que é chupado faz com que não demore muito a alcançar o ápice, sensível logo pela manhã. Um resmungo em uma tentativa ignorada de avisar e o orgasmo vem também na forma de um gemido rouco no fundo da garganta.

O corpo relaxa instantaneamente sobre o colchão, e apenas observa com um sorriso amolecido nos lábios Barcode sair de baixo do lençol e engatinhar até si. Os lábios inchados e vermelhos encontram os seus em um beijo molhado.

Jeff arregala os olhos para encontrar o aparelho ar-condicionado bem a sua frente. Ainda fica imóvel por uns segundos quando a lembrança do sonho o atinge sem aviso, e chega a olhar para baixo para checar se foi isso mesmo. Xinga baixo ao perceber que nem tudo foi só sonho. O andar desengonçado e incômodo até o banheiro é rápido. Um banho gelado e está tudo parcialmente resolvido, já que a água leva embora o calor do corpo, mas não do peito.

Só depois de já estar pronto para sair do quarto é que percebe que acordou antes do despertador tocar. Decide então que ele mesmo fará o café da manhã dessa vez, pensando que talvez seja uma forma de acalmar os ânimos.

Não é muito bom em cozinhar, mas costuma se virar bem. Consegue preparar uma quantidade razoável de comida e quando Jesse aparece, já está tudo pronto e servido.

— Acordou mais cedo. — Ele comenta em um tom meio vago, mas Jeff sabe que está mesmo é especulando.

— Perdi o sono. — Mente e se senta para começar a comer. — Vem, toma café comigo. Aproveita que estou com algum tempo.

Jesse se senta e logo começam a tomar cada um seu café da manhã. O ambiente permanece em um silêncio estranho durante toda a refeição. O clima está claramente pesado entre os dois, e Jeff sente isso o sufocar junto ao emaranhado que tem no estômago. É capaz de superar qualquer coisa, menos não estar bem com seu irmão.

— Me desculpe pelo jeito como falei com Hia ontem.

E como se lesse seus pensamentos, é ele quem começa.

Jeff o olha e meneia a cabeça, estica a mão e segura a sua sobre a mesa.

— Tudo bem. Eu agradeço a sua preocupação e cuidado.

— Eu não devia ter falado daquela forma, Hia ainda não está completamente recuperado e eu... — Ele nega com a cabeça, parecendo desapontado consigo mesmo.

— Ei, vem cá. — Em um movimento simples, Jeff arrasta sua cadeira para perto da dele e o abraça.

Sabe que a ideia é acalmar o irmão, mas no momento em que o abraça sente tudo o que está entalado na garganta subir de uma vez. E Jesse, como sempre, parece entender na hora o que está acontecendo, pois o abraça mais apertado.

— Me desculpa, eu não sei... — Um choro silencioso se faz no ombro do irmão e parece tornar real tudo aquilo que vem escondendo de si mesmo.

Jesse continua o segurando com força, como quem o incentiva a deixar tudo sair. E assim o faz. Do silêncio ao soluço doloroso, Jeff entende que o que sente é culpa. Culpa pelo que nunca aconteceu, culpa por seus pensamentos e sentimentos, culpa pelo que nem sabe se vai acontecer um dia. A ideia de ser responsável e perder o controle da situação o apavora e faz justamente com que perca o controle.

[PT] For you are mine at last - JeffBarcodeOnde histórias criam vida. Descubra agora