Capítulo 13

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Jeff nunca pensou que fosse capaz de protagonizar uma cena dessas. Não sabe nem de onde veio essa ideia de piquenique privado, mas agora ali, deitado nas pernas de Barcode enquanto recebe um cafuné, rodeados por comidas e bebidas, a luz baixa e uma música de pano de fundo, com certeza atingiu o ápice da pieguice.

O silêncio é reconfortante. Vez ou outra aceita alguma coisa que o outro lhe oferece na boca, mas já parou de comer de verdade tem algum tempo, ao contrário dele, que ainda belisca um pouco de tudo.

Dali apenas o observa com um sorriso e nunca se sentiu tão à vontade de simplesmente olhar para ele. Não que não tivesse feito muito isso antes, mas é diferente poder.

— Obrigado. — Diz simples depois de algum tempo, os olhos ainda nele.

A atenção do rapaz se volta para si e ele sorri com o cenho franzido.

— Pelo que?

— Por... Estar aqui? — Sugere, erguendo os ombros. — Por ser você, desse jeito assim.

— Hmm, P'Jeff!

Acaba caindo na risada quando ele resmunga sem jeito e o provoca ao cutucar sua cintura. Ele se contorce e Jeff se senta, o agarrando um pouco enquanto continua a cutucá-lo distribuindo também beijinhos por seu rosto e pescoço.

Em meio a risos e resmungos, o segura pela cabeça e o olha de perto por um momento antes de se aproximar o selar os lábios, de um jeito macio e demorado. Mais uma troca de olhares e dessa vez é ele quem diminui a distância e dá início a um beijo um pouco mais quente.

Não que Jeff não queira, mas quando o ar fica pesado e sente os lábios dormentes nos dele, se afasta aos poucos. As mãos de Barcode parecem estar em todo seu corpo e precisa respirar fundo algumas vezes para manter o foco.

— Vamos com calma? — Pede baixo, acariciando o rosto dele.

— Tudo bem. — Ele assente com a cabeça e parece se controlar também

Então desce as mãos pelos braços de Jeff até ambas estejam juntas.

— Eu acho que preciso me desculpar de novo. — Decide trazer novamente a conversa, tendo a atenção dele toda em si. — Eu estava... Eu estou com medo.

— Medo? — Em um tom surpreso, ele aperta ainda mais suas mãos.

Assente com a cabeça.

— É como você disse, eu tenho medo do que os outros vão pensar e falar, mesmo sabendo que a gente não deve nada pra ninguém. — Nesse momento Jeff decide colocar o próprio coração naquela toalha de piquenique. — E eu fico com medo também de ter te influenciado a qualquer coisa por ser mais velho e...

— P'Jeff. — Ele o interrompe, e Jeff assente com a cabeça para que ele continue. — Eu tô aqui porque eu quero. Eu também penso no que vão falar e que ainda acham que sou criança, mas eu tô mesmo aqui porque eu quero e... Bom, e porque eu gosto do P'Jeff.

Com um riso leve, ergue as mãos juntas e deixa um beijo em cada uma das dele, suspirando quando os olhos se encontram de novo.

— Eu também gosto de você, se ainda não ficou claro.

— Mais ou menos. — Ele faz uma cara de desdém e da uma olhada ao redor, mas acaba rindo em seguida.

O observando, se pergunta como é que pode ter ficado de repente tão inseguro sobre algo que estava bem ali na sua frente. E como ao contrário de si, ele sempre parece seguro sobre isso, sem qualquer dúvida de que Jeff também gosta dele. Deve ter alguma relação com o frescor e a impulsividade da juventude.

— Falando sério, por favor, se qualquer dúvida, qualquer mesmo, passar pela sua cabeça, promete que fala comigo? — Pede baixo, olhando bem nos olhos dele.

— Eu prometo, mas P'Jeff precisa relaxar um pouco. — Ele ri e arregala os olhos.

Deixando os ombros caírem ao se render, quase ouve a voz de Jesse o mandando não surtar nem ser emocionado. Acaba rindo de leve e assentindo com a cabeça, selando os lábios mais uma vez.

*_____

— Eu vou dormir aqui?

A pergunta pega Jeff um pouco desprevenido, porque não é algo em que pensou realmente. Barcode fez questão de ajudá-lo a desmontar o piquenique antes de irem para o quarto e nem passou pela cabeça que talvez ele prefira dormir no de hóspedes. Quarto que nem sabe em que condições Jesse deixou, por sinal.

— Você se importa? O quarto de hóspedes talvez esteja...

— Não. — É interrompido. — Eu ia dizer que quero dormir aqui, caso me mandasse pra outro lugar. — Ele diz enquanto se acomoda em um dos lados da cama.

Com um riso leve, nem se espanta mais ao ser surpreendido por sua honestidade, e se deixa observar um pouco como ele fica bem no lado esquerdo de sua cama de casal. Ao apagar a luz e ocupar o espaço vago, não hesita em puxá-lo para perto pela cintura, selando os lábios mais uma vez.

— Já quero me desculpar pelo desconforto. Eu não estou exatamente acostumado a dormir acompanhado.

— Tudo bem, eu nunca nem dormi com ninguém.

Com um riso de leve, ele se acomoda melhor nos braços de Jeff que segura um sorriso grande demais quando afunda o rosto no cabelo dele. Nem em um milhão de anos poderia imaginar estar se deliciando no cheiro de Barcode sem disfarçar ou sentir culpa. E decidiu que até ali também não sabia o que era dormir tão bem.

[PT] For you are mine at last - JeffBarcodeOnde histórias criam vida. Descubra agora