Capítulo 8

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A entrada do prédio ainda está vazia quando Jeff para em uma vaga bem na frente. Depois de desligar o carro e tirar o cinto, checa se a comida no banco do passageiro continua intacta antes de colocá-la no banco de trás e, faltando poucos minutos, desce do carro e encosta do lado de fora para esperar Barcode.

Com o celular em mãos, checa o horário novamente e envia uma mensagem para avisar que já está por ali. Em seguida dá uma olhada nas próprias redes sociais somente para conferir a repercussão do evento do dia anterior, ficando satisfeito com o que encontra.

Ao ouvir a movimentação e o burburinho aumentar, ergue os olhos para o portão por onde o outro deve sair. E não tarda a encontrá-lo, com o sorriso de sempre no rosto, rodeado dos amigos. Ele o avista de longe e acena. Jeff retribui e se vira para entrar novamente no carro. Já instalado, observa a movimentação entre ele e os outros garotos.

Se despedem como amigos que são, da idade que têm, mas um em especial chama sua atenção. Ele caminha com Barcode até mais perto de onde o rapaz precisa atravessar a rua e ele mesmo checa a passagem dos carros. Jeff estreita os olhos de onde está ao notar o cuidado do garoto com ele e, antes que finalmente venha até si, percebe um toque sutil do outro em suas costas.

O mais novo dá a volta e entra no carro rapidamente, mas a atenção de Jeff fica presa no garoto de antes. O que o deixa curioso é o modo como ele olhava Barcode e ainda olha na direção em que ele foi. Então percebe que só reconheceria aquele olhar a quilômetros de distância porque se vê nele.

— Ei, P'Jeff. — Ele chama sua atenção e o olha com um sorriso.

— Tudo bem? Como foi seu dia? — Responde enquanto pega sua mochila e coloca no banco de trás, colocando em seu colo a sacola com a comida — Trouxe algo para comer, espero que goste.

Nem precisa de resposta quando ouve um gemido de satisfação ao ele praticamente enfiar a cara dentro da sacola.

Com um riso leve Jeff se prepara e logo sai com o carro, acompanhando pelo retrovisor a imagem do garoto de antes ficar pequena até sumir de sua vista.

— Quem é aquele que veio com você até a rua?

— Hm? — Ele o olha rapidamente, Jeff pode ver pelo canto dos olhos, depois volta a beliscar uma das coisas na sacola — Nuea. Ele é novo.

— Novo?

— Uhum, chegou faz umas semanas. — Ele explica de boca cheia. — Por quê?

— Por nada. — Começa, mas acaba falando quando param em um semáforo e pode olhá-lo. — Achei cuidadoso ele te levar quase até o carro.

Por um momento acha que Barcode não vai responder, mas enquanto presta atenção na rua mais uma vez, o outro começa a rir.

— P'Jeff está com ciúmes!

— Claro que não. — Ri, completamente certo de que está soando tranquilo.

— Tá sim, com muito ciúmes, morrendo de ciúmes. — Ele bate no braço de Jeff que acaba rindo mais e nega com a cabeça.

— Eu tô dirigindo!

Barcode não diz mais nada — embora ainda ria por um tempo —, muito mais interessado em comer do que continuar o assunto.

O estúdio da revista fica há uns bons minutos de distância, o suficiente para que Barcode consiga comer tranquilamente tudo o que levou para ele. Ou quase tudo, já que em alguns momentos Jeff aceita de bom grado que ele dê algumas coisas em sua boca.

Quando chegam a equipe já está à espera e vão direto fazer cabelo e maquiagem. Sempre que pode, o observa e sorri sozinho se perguntando se o que está acontecendo é verdade. Depois de tanto tentar controlar os próprios pensamentos, aos poucos se sente menos culpado por se permitir gostar de outra pessoa e que essa pessoa seja Barcode.

[PT] For you are mine at last - JeffBarcodeOnde histórias criam vida. Descubra agora