CAPÍTULO 6

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V I C E N T E

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V I C E N T E

Uma cidadezinha do litoral, pequena e com uma beleza simples, com casinhas brancas de alvenaria e madeira, algumas com telhado de palha, próximo ao mar. Vilamar, fica a bons quilômetros de Recife, e ainda é madrugada quando chego ao endereço da Mari. É uma casinha branca com portas e batedores azuis, e com uma mureta baixa em frente de um pequeno jardim de girassol e trepadeiras rosas por toda a extensão da mureta. Combina tanto com ela, que se fosse para reconhecer entre todas as casas da rua, apostaria nela sem nenhuma sombra de dúvida.

Eu fico ali, apenas olhando e olhando, quando vejo a cabeleireira negra mais à frente na rua, conversando com dois homens. Ainda é manhã, e sol ainda está querendo aparecer ao longo da praia, e quero entender o que ela faz ali somente acompanhada dos homens. 

Talvez não seja Mari, porque está mulher tem curvas mais evidentes, mas, mesmo assim ainda sinto que é ela. Eu não sei o que fazer, mas, poderia entrar em pânico quando vejo que ela não parece bem, enquanto os homens tentam acalmar. Eu dirijo meu carro até mais próximo, ganhando a atenção dos três, e mais uma vez meu mundo para com a visão que tenho.

Grávida. — Sussurro abrindo a porta do carro, e ela arregala os olhos assustados, suas mãos protetoramente abaixo da barriga. — Mari. — Engulo em seco, sem conseguir tirar meu olhar da sua face assustada e sua barriga protuberante.

— Vicente. — Seus olhos estão cheios de lágrimas, quando parece ser acertada por uma onda de dor, que faz curvar. — Céus! — ofegou e dou passos em sua direção.

— Vou pegar o carro, minha pretinha. — Um dos homens avisa, deixando-a para trás com o outro e correndo em direção a casa, e me vejo parar bruscamente, sem saber o que fazer.

— Espere um pouco nenê, você não pode vir aqui. — O outro pareceu ignorar minha presença, erguendo a Mari e envolvendo em seus braços confortando-a, enquanto ela solta grunhidos de dores e tenta me olhar. 

— O que está fazendo aqui, Vicente? — seu olhar para mim veio seguido de pânico, e o homem me olha parecendo despertar algo. — Responda, homem. O que diabos está fazendo aqui?! — Seus olhos se fecharam por um instante, parecendo ter uma nova onda de dor, e quero toma-la para meus braços.

— Eu precisava vê-la. — Minha voz não passa de um sussurro, ainda impactado pela visão a minha frente, sua barriga e seu evidente trabalho de parto. — Só precisava vê-la.

— Agora já viu, então, por favor, Vicente, vá embora. — pediu com desespero. — Por favor, deixe que viva minha vida em paz, com meu filho. — Implorou, seus olhos cheios e lábios trêmulos. 

Dou passos de recuos até ter minhas costas encostada no carro, como se seus pedidos fossem socos diretos no meu peito. Eu fico parado, vendo os homens a colocarem no carro, cheios de cuidados e proteção, e partem enquanto seu olhar ficou em mim até sumir das minhas vistas. Sete meses longe dela, e agora entendo o que ela disse no nosso último encontro. Mari precisava de mim porque estava esperando um filho meu, porém, neguei seu pedido e escolhi mais uma vez a Soraia, e a dor mais uma vez se instala no meu peito. 

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