CAPÍTULO 13

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VICENTE

A psicóloga arruma o óculo me olhando, e suspiro inquieto com a atenção. Não gosto de vir, e estou fazendo apenas porque não gosto de ver a Mari triste e futuramente meu filho, mas, as vezes eu sinto que não existe chances para sentisse melhor. Esse desanimo cansativo, que as vezes nem mesmo a chance de estar com meu filho ou conversar com a Mari me atraí, então apenas me encolho na minha própria mente perturbada por tantos pensamentos e medos.

— Então Vicente, como está sua família? — Perguntou sorrindo amigável, e penso sobre os últimos dias.

Sinto meus sentimentos inconsistentes, e isso não me deixa realmente observar e entender o que estão sentindo a minha volta, além de que evito estar próximo a Mari, porque ela sempre me olha com expectativa e afeição mal contida, e isso me deixa hesitante por tudo, porque não é como se apenas fossemos agir como um casal. Sim, ainda amo e desejo muito a companhia dela, tenho paixão ardendo por ela em cada célula do meu ser, porém, ao mesmo tempo me sinto retraído e desencorajado, porque sinto que qualquer um possa ser melhor que eu, por esse fato ignoro qualquer situação que aflore minha paixão por ela e me foco apenas no nosso filho. 

— Estão bem. Meu filho parece cada dia mais espertinho. — Sorri pensando no meu garotinho alegre.

— E a Mari? — Eu penso na Mari, e lembro dos seus olhares um pouco quebrado e parecendo cansada.

— Ela parece triste, frustrada. — Suspiro passando as mãos nos cabelos, culpa me atingindo em cheio. — Minha presença deve oprimir a dela. — Admito, porque não passou despercebido a forma que meu desinteresse pelo batismo do Bernardo, pareceu magoá-la. 

— Por que acha isso? — Pergunta me encarando com curiosidade.

— Quando cheguei, ela parecia mais feliz. — Admito frustrado.

— Acredito que sim. — Confirmou minhas palavras, me fazendo olhá-la. — Como se sente vendo-a triste?

— Me sinto triste e impotente. O sorriso dela, sempre foi algo que muito admirei e amo, e estão tão escassos. — Passo as mãos no rosto, medo, frustração e inferioridade me acertando.

— Já pensou que ela está sentindo-se assim, por que te ver assim como está agora também faz sentisse sem rumo e incapaz de ajudá-lo? — Indicou me fazendo pensar.

— Ela pode estar triste, por que estou triste? — Pergunto hesitante.

— Pense comigo, Vicente. Você disse que a Mariane é uma mulher muito amável e doce, também forte e determinada. — Olhou o próprio caderninho, e sorriu. — Ainda na sua primeira sessão, você disse que, "apenas um sorriso dela, e seu mundo parecia girar e ganhar sentindo", mas, já pensou o que um sorriso seu faz com o mundo dela?

Eu penso nos raros momentos que sorri para a Mari, em um mês morando com ela, e suas reações com isso, e vejo sentindo-se perdido. A dois dias, quando me aproximei dela enquanto fazia o jantar, a forma que olhou e parecia desejar algum toque a mais e a forma distante que ficou após nada ter acontecido. Sei que apesar de tudo, ela ainda nutre sentimentos por mim e isso me assusta mais do que satisfaz, porque não me sinto capaz de fazê-la feliz e não quero atrapalhar sua vida. 

— Eu não tenho nada a oferecer a ela, quando já tem tudo. — Suspiro frustrado com minha vida. — Magoei a Mari tantas vezes, e as vezes quando ela me trata bem, eu me sinto envergonhado e quase definhando, porque eu não me sinto digno.

— Ela lhe culpa ou te despreza pelo passado de vocês, pelas mágoas que causou nela?

— Não. Eu me culpo sozinho. Não me sinto digno de ser exemplo para meu filho, ou algo assim. Tenho medo de quando ele perguntar sobre sua irmã, e eu me sinto culpado por não ter cuidado da minha filha o suficiente, e ele também não vai confiar em mim, porque não trago segurança. — Desabafo, um aperto maltratando minha garganta, enquanto seguro para não vomitar ou chorar, com tamanho mal-estar.

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