CAPÍTULO 8

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VICENTE

Ao que parece, ainda não foi meu fim, mas, apenas uma amostra dele. Vinte e quatro horas após o infarto, o médico diz que estou livre de arritmia, mas, que ainda preciso de mais dois dias de repouso completo e sobre constante observação. Meus pensamentos não estão nesse quarto frio, e muito menos na minha recuperação, eles estão todos na Mari e no meu filho. Parece que nasci com a sentença de decepcionar as pessoas que amo, e como se já não tivesse sido relapso por todo o nosso relacionamento, meu corpo mostra sua fraqueza, quando eu deveria estar ao lado da minha bombom, apoiando e vendo ela trazer nosso filho ao mundo.

Eu entro contato com Heitor, meu antigo chefe e peço para que o médico envie todos os meus últimos exames, juntando com os laudos da depressão e descontrole emocional, peço meu afastamento de todas as minhas funções por definitivo. O cardiologista que me atendeu e está acompanhando meu caso, disse que provavelmente não ficarei com nenhuma sequela aparente, porém, estou exausto e não quero mais meu trabalho como delegado.

Quero ficar onde a Mari e nosso filho estiver, e se for na capital ou naquela vila, estarei do mesmo jeito ao seu lado. Mariane é jovem, e tem toda uma vida pela frente, muito mais jovem que eu, e talvez seja o momento de ela seguir sua vida, se é que não já o fez. O pensamento dela construindo uma vida com outro, faz meu peito doer, como se estivesse tendo um novo infarto, e isso me faz recuar nós pensamentos, querendo ainda viver para poder ver meu filho.

"— Já rastreamos o dinheiro que Soraia usava para pagar os criminosos. — Heitor avisa, e prendo minha atenção na sua imagem na tela, enquanto conversamos sobre o andamento do processo. "— Era ninguém menos que seu querido sogro." — Eu travo qualquer palavra que poderia vir, porque não esperava isso do Adalto.

— Que velho desgraçado. — Grunhi irritado, e tendo me recompor para não me exalta. — Como estão as coisas com os malditos? — Questiono, desejando que tudo isso seja finalizado.

"— Soraia e os três envolvidos já estão detidos. Apesar do descontrole da sua ex-esposa, os médicos retiraram toda a medicação que ela estava usando, e não acham que ela tenha algum problema psicológico." — Avisa e não me sinto surpreso com a notícia.

— Ela é uma psicopata, ou qualquer coisa doente do inferno. Mas, tem a cabeça muito boa, porque brincou todo esse tempo com quem quis, como se fosse fantoches em suas mãos. — Considero, ainda cheio de raiva e angústia por ter nos feitos tanto sofrer e tirar tudo que amava. — Espero que esteja realmente cuidando de tudo, para que eles não tenham mais chances de nos alcançar. — Advirto para minhas exigências.

"— Estamos cuidando de tudo, e apesar de você ter se afastado muito dos amigos nos últimos anos, todos estão empenhados em concluir seu caso." — Eu solto um riso desdenhoso, olhando para o homem mais velho na tela.

— E onde eles estavam antes que eu realmente fizesse a maldita investigação funcionar?! — Ironizo, fazendo ele baixar um pouco a bola. — Só estão com medo de que eu foda com suas carreiras. Espero que tudo seja resolvido em breve, ou vou colocar cada maldita impressa sensacionalista nas costas de vocês, e quero ver em qual esgoto ficará suas amadas carreiras. — Ameaço, ressentimento ainda batendo duro no meu estômago.

"— estamos fazendo o nosso trabalho. Não tínhamos culpas se sua mulher era uma maluca manipuladora, que conseguia fazer todos seguir seus caprichos, inclusive você." — Comparou, e solto mais um riso de desdém e descrença.

— A diferença, é que eu era influenciado por parentesco, e vocês? — A face dele fica ainda mais dura, porém, não me importo. — Não foi um subordinado meu, que além de se envolver com uma criminosa, atuou para encobrir um crime como o assassinato da minha filha, e a tentativa contra a minha namorada.

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