CAPÍTULO 12

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MARIANE

Vicente teve que ir a capital resolver os últimos detalhes do processo criminal contra a Soraia e sua quadrilha assassina. Tivemos sorte que o superior do Vicente se sentiu pressionado e culpado o suficiente, para se dedicar bastante ao caso, colocando todos, do menos envolvido ao máximo, sobre forte esquema de segurança e tanto quanto a nossa proteção, me deixando apesar de hesitante, um pouco mais calma. Com o pedido de dispensa e aposentadoria do Vicente, incluindo seu laudo de depressão grave e distúrbio de humor, causado pelo crime e as consequências dele, as autoridades resolveram ser ainda mais efetiva, por medo de todo o caso vir a público com esses detalhes, porque seria muitas carreiras em risco.

Desde que conversei com o Vicente para fazer seu acompanhamento com o psicólogo, que por sorte tem na minha cidade, fiquei feliz por ele está realmente frequentando direitinho e apesar de algumas vezes parecer voltar triste e vulnerável, logo seu humor melhora quando fica um pouco com o Bernardo e consequentemente comigo. Confesso que é um pouco estranho e inquietante, ver ele sempre silencioso e as vezes parecendo perdido, porém, eu acredito e tenho fé que ele mudará com seu tratamento e em breve voltará a ser alguém mais feliz e satisfeito como um dia ele já foi. Sei que a perda da Sofia, é irreparável, porém, como todas as nossas perdas, um dia será apenas uma falta seguida de saudades, e não mais uma dor profunda e o sentimento de perda. Sempre acreditei na vida além do que temos no plano terreno, e sinto que um dia estaremos no mesmo plano novamente, podendo sentir o amor e o afeto que cada um merece de quem amamos.

Meu filho já está bem espertinho, com seus 28 dias de nascido, e agora já dorme um pouco menos, e come com menos frequência, porém, em maior quantidade. Sou uma mãe muito coruja e não nego isso nem por um instante, porque eu acho meu bebê a criança mais linda e quando dar seu sorrisinho charmoso e banguela, me tem se derretendo toda como chocolate no sol. Com meu coração quentinho, me preparo para informar minha decisão aos meus amigos, mesmo hesitante por não está acompanhada do Vicente, como era meu desejo.

— Meninos. — Encaro os dois a minha frente, ansiosa com o que preciso falar. — Vocês são meus melhores amigos. Eu tenho apenas que agradecer cada segundo que estiveram ao meu lado, me apoiando e me ajudando nos momentos mais tensos da minha gravidez, e por todo o decorrer dela. — Mordo o lábio nervosa, pegando duas caixinhas enfeitadas e segurando uma em cada mão.

— Por que parece que está tentando terminar conosco? — Willian sorri nervoso, e acabo sorrindo da mesma forma que ele.

— Jamais. — Suspiro com profundidade, olhando as caixinhas com carinho. — Quero convidar os dois para serem padrinhos do Bernardo. Sei que já se consideram assim, mas, agora é oficial, mesmo. — Coloco uma caixinha na mão de um e do outro.

— E o que você acha que o Vicente achará disso? — Eu aperto meus dedos ansiosa. — Amamos o Bernardo, e não quero que ele tenha a sensação das pessoas próximas não se gostarem o suficiente, para conviver e ter um relacionamento saudável. — Jeferson me olha com expectativa, e fico um pouco mais desanimada com a situação.

— Não vou mentir, dizer que ele gostou, porém, Vicente nem mesmo é religioso e não entende a importância de um apadrinhamento afetivo como nós, católicos. Padrinho, são aqueles que meu filho saberá que poderá correr até eles quando precisar, e terão apoio e proteção como se fossem seus próprios pais, e eu confio isso a vocês, porque quando mais precisei, foi vocês que me estenderam a mão, e me ajudaram como ninguém mais fez, e sei que farão o mesmo pelo Bernardo. — Digo tudo com sinceridade e carinho. — O Vicente disse que seria uma escolha minha, e que minha decisão era a única que importava. — Sorri, tentando esconder minha decepção pela forma fria que o Vicente se referiu ao batizado do nosso filho.

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