VICENTE
Olho para a Mari hesitante, porque já é noite e não quero procurar um lugar para dormir, e acho que nem mesmo motel deve ter nessa cidade. Ela jantou, e agora está amamentando meu filho, que está com a mãozinha possessiva sobre o seio dela, enquanto suga esfomeado.
— Mari? — Chamo baixinho, com medo de incomodar no seu momento.
Estou sentado no chão, sobre um tapete de tiras, assistindo tudo sem conseguir parar de admirar. Eu nunca tinha visto um momento como esse, assim de tão perto, e isso causa uma sensação incrível dentro de mim, e penso que Mari sinta o mesmo, ou mais intenso. Quando Sofia nasceu, foi por um parto prematuro e os dias que passou no hospital, foi o suficiente para que Soraia parasse de produzir leite, porque não induzia q retirada e acabou ficando escasso e logo cessando. Lembro que a pediatra ofereceu um tratamento para tentar induzir a produção, porém, ela recusou porque queria estar com o corpo novamente em forma o mais rápido, possível para voltar aos trabalhos como modelo. No fundo eu sempre soube que Soraia não teve a Sofia porque desejava ser mãe — ao contrário de mim, que sempre desejei ser pai —, ela engravidou apenas para me agradar e finalmente se casamos como desde que nós conhecemos, ela estava desejando.
— Sim. — Sorriu, seus belos olhos brilhantes e parecendo satisfeitos por ter o filho em seus braços.
— Posso dormir aqui? — Olho envergonhado. — Sei que não deveria pedir isso, mas, eu nem sei para onde ir a esse horário, e queria muito ficar com o Bernardo. — Me apresso e ela continua sorrindo, e coloca a mão levemente no meu cabelo.
— Vicente, não somos estranhos. Você é bem-vindo na minha casa. — Relaxo soltando o ar, e ela sorri. — Tem uma rede no meu armário, você pode armar aqui na sala, ou no quarto do Bernardo. — Assinto agradecido, continuando no meu lugar apenas observando.
A vida é um fio tão fino e fácil de quebrar, que me sinto vulnerável enquanto aprecio a cena, como se fosse a última vez. É algo bonito, e poderia pintar isso e admirar várias vezes, mesmo quando meu filho já estiver um jovem, com desafios e pensamentos mútuos, vou recordar dessa imagem perfeita.
— Mari! Tô entrando. — O rapaz que estava no hospital, e que ajudou levar a Mari no dia do parto, praticamente brota na sala. — Hun, você está com visita. — Eu puxo a fralda que está sobre o Bernardo, cubro o seio da Mari rapidamente.
— Oi! — Mari sorriu amorosa para ele, e meu coração sofreu um reboliço estranho. — Não vi você quando veio de manhã.
— Hoje eu não tinha faculdade, então ajudei meu irmão na padaria. — O rapaz deu de ombros.
— Obrigado pelo café da manhã. Estava delicioso. — Ela sorriu mais uma vez, ela sorriu o tempo todo que ele está aqui. — Onde está o Jeferson? — perguntou pelo outro, e minha boca sofre um novo amargor.
— Ele saiu um pouco. Estava aborrecido, e acho que já sei o motivo. — Me olhou de esgueira, e sorri com satisfação, por aborrecer o senhor apaixonado. — Mari, trouxe uma sopa pra você, e fatias amanteigada. — Avisou mostrando uma panelinha sobre a mesa, e um saquinho.
— Eu já fiz o jantar dela. — Aviso tentando disfarçar os ciúmes, por ver que ele está fazendo o papel que deveria ser o meu.
— E ficou ótimo o que fez Vicente, porém, muito obrigado Willian, você sabe, eu amo uma sopinha de manhã. Eu gosto de sopas todas as horas. — Riu divertida, desfazendo qualquer clima ruim. — Acho que tenho alguns problemas com sopas. — Definiu rindo.
Essa é a Mariane, e seu poder de fazer todos se apaixonar ao seu redor. Não estamos mais juntos, e queria respeitar e isso para sermos bons amigos e bons pais, porém, é impossível olhá-la e não sentir esse ciúme intenso, o desejo de colocá-la no meu colo, e ter seus sorrisos somente para mim e meu filho.
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QUERIDA AMANTE |+18|
RomansaConteúdo adulto! MARIANE Esposa. Era um tapa na cara, quando ele ou alguém se referia a Soraia como sua esposa. Mas, é isso que ela é, e eu a amante sem amor próprio, que se sujeita a aceitar um homem comprometido e que por mais que demonstrasse d...